domingo, 29 de agosto de 2010

A SINDROME DO ARIANISMO E O CENSO 2010 EM SERGIPE


A Síndrome do Arianismo.

O Brasil busca sempre referenciais americanos (EEUU), para sustentar as teses dos seus projetos e cristaliza o status que se á bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil, que espera sempre por uma ação daquele país para aprovar seus projetos. O mais recente foi as Ações Afirmativas, mas, não aceita o referencial racial em prática ali naquele País, onde o Negro, são os Pretos, Pardos e Mulatos, enfim os tais 10% de sangue negro, aquele que em nossa Colônia, num passado não tão distante, era exigido para o serviço público, serviços religiosos, militar, eleitoral etc. Hoje no Brasil o ser negro se torna uma questão de geografia, pois os brancos de Sergipe, são Negros em São Paulo e no Sul do País. Lá o modelo americano estar em plena prática no cotidiano de grande parte da população, seja engajada politicamente no Movimento Negro ou não. Trata-se de Consciência Política.

Aqui em Sergipe, o Arianismo se amplia para os Pardos e Mulatos, só os Pretos são Negros, os chamados de “ Tribufu, Macacos, Carvão, Urubu, Diabo, etc. Aqueles que nunca tem razão e são discriminados pelos próprios negros genéricos, Os Pretos, macumbeiros, Bichos, os suspeitos, malandros, maconheiros, marginais, mal encarados, os que nas delegacias e tribunais, mesmo tendo razão e reconhecidamente vítimas, já chegam com 50% de suspeitas e assim recebidos e tratados, onde delegados e juízes se dirigem primeiro aos réu por não serem pretos”

Aqui, as tal política de Ação Afirmativa, gerenciada por genéricos e Arianista, é um problema de falso negativo e o olhar de governo e estado, um problema de confusão, onde o hiato social está presente nas ações dos gestores públicos por indução do governador. Uma incógnita do delírio explicito da limpeza étnica dos negros induzidos a brancura, a política branqueadora do poder controlador, cristalizando a idiossincrasia racial e a psicologia do recalque. É Triste Ser Negro em Sergipe se o ser negro no Brasil já é complexo e um exercício de alta periculosidade em Sergipe o caso é aterrador.

O CENSO 2010 do IBGE, trará os indicadores da limpeza étnico racial com o maior insulto a inteligência, do mais liberal e crédulo dos intelectuais ditos ativista dos Direitos Humanos. Vai ser um alivio para os governos ditos socialistas, pois não terão mais as preocupações de arquivar os projetos de políticas publicas para os negros e comemorarão seus maiores crimes contra a humanidade, a cristalização do racismo institucional através da mal fadada kotas, o inicio da limpeza racial através sucateamento da educação .

Diferentemente de Sergipe onde os Negros não querem ser negros e odeiam negros no Maranhão politicamente os negros têm orgulho de ser negros, curtem sua raça e esnoba nos manifestos de suas culturas, assinalando em cada referencia a sua raiz ancestral. Assim é na Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, só para citar por onde andei e aprendi a ter orgulho de ser Negro, agora, ser orgulho de ser sergipano é outra história que ainda nestas seis décadas ainda não materializei por varias questões, talvés de realidade aumentada onde o ambiente é gerado predominantemente no mundo real, sem distorções do realismo virtual de visão ótica por projeção.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SEVERO D'ACELINO E A PRODUÇÃO TEXTUAL AFRO - BRASILEIRA




Severo D'Acelino e a produção textual afro - brasileira

Rosemere Ferreira da Silva

Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos - Universidade Federal da Bahia
Centro de Estudos Afro-Orientais
E-mail: roserosefr2000@yahoo.com.br

RESUMO: O artigo em questão procura discutir, sob o ponto de vista de formação da
literatura afro-brasileira, a produção cultural e textual do intelectual Severo D’Acelino na contemporaneidade. De que maneira, os textos de Severo podem ser lidos e
relacionados às discussões que envolvem a participação de afro -descendentes na
sociedade brasileira? Parte, do perfil biográfico do escritor, foi traçada para que o leitor conheça a sua trajetória de formação intelectual e de intervenções nas atividades culturais em Sergipe. A discussão sobre as atuações do intelectual hoje procura levantar questionamentos, principalmente, sobre: Que papel o intelectual assume na sociedade contemporânea como articulador da cultura? Quais são os dilemas do intelectual na sua política de cultura em relação ao poder hegemônico no Brasil?

Uma leitura crítica da poética de Severo D’Acelino busca relações crítico -literárias com outros escritores da
literatura afro-brasileira. E a publicação do jornal Identidades é destacada, com o objetivo de problematizar as discussões em torno das questões sociais, culturais e políticas que envolvem a afro-descendência no Estado.

PALAVRAS-CHAVE: Severo D´Acelino, Afro-Descendência; Literatura Afro-Brasileira;

A produção cultural do escritor Severo D'Acelino em Sergipe está voltada para a
discussão da afro-descendência como uma das principais formas de questionamento, na
sociedade contemporânea, que envolve a participação direta de afro -descendentes nos
mais diferentes setores sociais do Estado. A poesia escrita por D'Acelino bem como os
artigos publicados e os projetos educacionais coordenados pelo escritor refletem uma
preocupação constante em educar os sergipanos na direção de uma cultura produzida
para marcar a importância da literatura afro-brasileira como um lugar de expressão
significativo que problematiza as hierarquias sociais construídas, as relações de poder
disseminadas socialmente, a formação de identidades, o combate ao preconceito e a
discriminação racial e de gênero e ainda, a valorização da auto -estima como principal
ponto de partida na luta contra a formulação de estereótipos.

O trabalho de Severo D'Acelino começa em fins da década de 60 do século XX,
mais precisamente em 68, no Estado de Sergipe e na Bah ia com o seu envolvimento na
militância do Movimento Negro e em atividades teatrais, o que acabou rendendo -lhe
participações em dois filmes: Chico Rei e Espelho D'Água e no seriado Teresa Batista
Suas atividades culturais sempre estiveram ligadas à Casa de Cultura Afro-Sergipana,
Instituição comprometida com as representações culturais e sociais da afro -descendência
no Estado. Durante quase 40 anos de trabalho em torno das questões sociais, políticas e
educacionais direcionadas à causa do negro, Severo publ icou em 2002, apenas um livro
de poemas, Panáfrica África Iya N'la e editou de 2001 a 2002 o jornal Identidades,
considerado um dos principais veículos de comunicação pensado para incentivar o
intercâmbio de idéias entre a comunidade e o poder público em S ergipe.

O jornal tratava de informar a população sobre um conteúdo, cuja abordagem não
observamos nas edições dos jornais convencionais. A leitura da afro -descendência em
Sergipe, associada ao cenário das discussões nacionais sobre as populações
minoritárias, era mediada pelo trabalho de pesquisadores sergipanos e de outros estados
do país. O Identidades constituía, desta forma, um fórum riquíssimo de debates entre
intelectuais, população e alguns segmentos de poder no Estado. Em 2004, Severo
D'Acelino coordenou o projeto “João Mulungu vai às Escolas", com auxílio da Lei 10.639,
destinado a discutir nas escolas públicas a inserção do afro -descendente na sociedade
sergipana, através do exercício da cidadania de uma comunidade, que busca uma
articulação de cultura negra fundamentada na discussão da questão étnico -racial, como
prioritária no que entendemos como cultura afro -brasileira. Atualmente Severo se dedica a escrever o seu segundo livro de poemas chamado Quelóide.

Pelas pesquisas realizadas em arquivos, através de levantamento de fontes
bibliográficas, entrevistas, leituras, empreitadas em bibliotecas, livrarias e principalmente
discussões em torno da questão da formação de identidades do afro -descendente em
Sergipe, tenho convicção de que só podemos nos referir a uma produção literária,
intelectual e cultural voltada para uma inserção e um diálogo com a formação da literatura
afro-brasileira em Sergipe, a partir do trabalho realizado por Severo D'Acelino.
No estudo realizado da historiografia da literat ura sergipana, escrita por Jackson
da Silva Lima1, há registro de poetas que contribuíram literariamente apenas por usarem
a temática do negro como um elemento de referência. Estes textos foram escritos no
século XIX e a forma de abordagem do negro geralme nte se debruçava sobre o lamento,
o pranto, a lamúria da escravidão, a escravidão como castigo, a saudade dos negros
escravizados de sua terra natal, a exploração da sexualidade da negra escravizada, o
ímpeto pela defesa da abolição, marcados à distância p ela observação de um olhar do
poeta deste século praticamente externo a toda essa problemática.

Os autores sergipanos citados por Jackson da Silva Lima são: Moniz de Souza,
Constantino Gomes, Pedro Calasans, Bittencourt Sampaio, Oliveira Campos, Tobias
Barreto, Silvio Romero, Severino Cardoso, Jason Valadão, Alves Machado, Antônio Diniz
Barreto e Prado Sampaio. Os textos desses poetas ou estão compilados na História da
Literatura Sergipana ou em Os Palmares Zumbi & Outros textos sobre a escravidão . O
primeiro publicado em dois volumes em 1986 e o segundo em 1995. A história da
literatura sergipana não abrange textos contemporâneos. Ou seja, falta a esta história
uma leitura mais significativa sobre o modo de representação do afro -descendente sob o
ponto de vista de formação de uma identidade cultural.

Não posso falar em literatura afro-brasileira em Sergipe sem antes voltar a estes
escritores para mostrar que não houve, ainda que superficialmente, uma continuidade de
escrita historiográfica sobre um contex to de abordagem que envolva o negro/ o afro -
descendente. Observo que existe um espaço vazio entre os textos desses escritores do
século XIX e a literatura afro-brasileira que veio a fortalecer-se no século XX. Não
considero que os textos dos autores citado s satisfaçam um estudo mais representativo da
1 LIMA, 1996.

"presença" do negro na literatura, como muitos críticos denominam. São escritos
concentrados num contexto político, histórico, social e cultural totalmente de
desvantagens à leitura do afro-descendente como parte de uma identidade nacional.
Esses textos são fundamentais para a historiografia literária, mas não atendem
a leitura de representações literárias voltadas para o estudo da literatura como produção
cultural realizada em Sergipe, cuja abordagem esteja des tinada a discutir questões
relativas à preservação da cultura negra no Estado e, ainda a levantar problemas sobre a
participação mais direta do afro-descendente no processo sócio-cultural, político e
econômico, de modo que as diferenças étnico -raciais sejam percebidas como
necessárias ao reconhecimento de uma sociedade multicultural.

Já no século XX, identifiquei na literatura sergipana alguns poetas que
continuaram a escrever sobre a temática do negro, a exemplo: João Silva Franco (o João
Sapateiro) e Santo Souza. A produção literária deles, embora mais crítica e mais de
acordo com os questionamentos sociais trazidos pelas representações contemporâneas
de afro-descendentes, ainda não abarcam uma leitura que discuta as relações étnico -
raciais dentro do processo de formulação da identidade afro-brasileira em Sergipe.
Para falarmos de literatura afro-brasileira, de suas articulações de sentido com a
literatura brasileira, da maneira como alguns conceitos e determinadas leituras foram
ressignificadas neste universo de construções e desconstruções da imagem do afro -
brasileiro na sociedade contemporânea, é necessário nomearmos as produções culturais
e literárias que buscaram na própria polêmica sobre a existência de uma literatura negra
dar visibilidade cultural e política a uma comunidade, até então, supostamente
representada por alguns discursos legitimados socialmente. A forma como esses
discursos eram “autorizados" pelo poder de uma hegemonia cultural branca, fixada em
bases ocidentais, excluía toda e qualquer tentativa de manifestações culturais e literárias
que tendessem a buscar na nossa herança africana elementos da história e da memória
de afro-descendentes ou ainda a trabalhar a própria representação do negro a partir de
um contexto de valorização de suas contribuições à nação brasileira.

Da década de 70 do século XX para cá, com a abertura da democracia no Brasil
e conseqüentemente com os olhos voltados para um contexto político e cultural mais
suscetível a questionamentos, os intelectuais afro -brasileiros buscam no país um espaço
de expressão voltado para uma representação de valorização da cultura negra nas
discussões sobre cultura, expressões artísticas, comunicação e formação de identidades.
A dinâmica das trocas culturais2 baseadas na negociação dos contatos culturais entre
negros, brancos e índios, traduziriam alterações significativas no processo civilizatório
ocidental.

A proposta da intelectualidade negra era de pensar a articulação da cultura
negra, na sua forma de comunicação com a literatur a, a partir da revisão historiográfica
do ser negro no Brasil. Estabelecer uma problematização mais intensa da participação do
afro-descendente na sociedade brasileira dependia da releitura e da desconstrução das
antigas representações destes sujeitos soci ais, construídas sob uma forma de poder
hegemônico, que sempre excluiu as expressões minoritárias inviabilizando o
reconhecimento social, político e cultural da diferença.

Ao assumir a condição de um "enunciador", o escritor afro -descendente
desestabilizou as bases da tradição literária brasileira, acostumada a ver o negro num
lugar marcado pela condição inferior, subalterna a ele atribuída. A condição de negro no
discurso da enunciação, fez com que o escritor afro -descendente trouxesse para o
campo de análise teórica um discurso que problematiza os anseios e angústias de uma
coletividade. E que leva o sentimento coletivo a reconhecer a sua total e plena condição
de assumir papéis sociais mais definidores do ser negro na sociedade contemporânea,
completamente diferente daqueles "naturalizados" pelo discurso colonial.

Foi possível abrir, através da proposta diferenciada dos estudos sobre cultura,
mais especificamente a dos Estudos Culturais, um espaço de diálogo entre o que já
consideramos literatura afro-brasileira e as produções culturais levantadas mais
contemporaneamente em estados distintos do Brasil. Isso reforça a idéia de que a cultura
pode e deve ser entendida a partir das tensões criadas pelo conhecimento, nas suas
múltiplas influências ideológicas com o saber cultural em processo, como afirma
Florentina da Silva Souza:
Efetivam-se trânsitos e intercâmbios entre os conceitos construídos
pelos escritores negros (na verdade pelos movimentos negros) e
aqueles gerados pelos estudos e reflexões acadêmicas . Trocas
marcadas pelo fato de, mais intensamente a partir dos fins da década
de oitenta, crescer o número de afro -descendentes que investem nas
pesquisas e estudos sobre cultura, tradição e história afro -brasileira.
Sem assumir qualquer posição essenciali sta, acredito que o fato de
disputarmos posição de sujeitos e objetos dos estudos introduz uma
outra perspectiva de análise da questão racial no universo acadêmico e
enriquece a produção de reflexões e estudos sobre a questão racial no
2 SANTIAGO, 1998, p. 16

Brasil. Por outro lado, penso também que a proliferação de entidades e
grupos negros no País nas últimas décadas evidentemente que aliada a
outros fatores, muito contribuiu para a inserção do tema na agenda
acadêmica e nas discussões políticas. 3
Considero literatura afro-brasileira toda produção cultural voltada para a
afirmação de uma identidade negra de inclusão, questionamentos políticos, auto -estima,
em constante tensão com o legado cultural da literatura instituída sempre em busca de
ampliação e renovação de seu campo d e saber através dos diálogos com escritores,
intelectuais que pensam suas atividades culturais como forma constante de preservação
cultural afro-brasileira e também de problematização das forças de poder que são
exercidas na marcação de políticas que efeti vam a diferença. A releitura das
manifestações populares brasileiras se torna fundamental para a revisão do conceito de
literário.

É neste contexto que o trabalho do intelectual orgânico 4 Severo D'Acelino
começa a ser desenvolvido em Sergipe com o propósit o, segundo ele, de dar visibilidade
à cultura negra. Seu trabalho concentra ações diversificadas em torno da afro -
descendência. Diferente de outros escritores de sua geração no Estado, Severo se
projeta para um campo de saber que movimenta na contemporanei dade não só escritas
sobre a temática do negro, mas, sobretudo a discussão pela participação direta no âmbito
das políticas que inserem afro-descendentes no campo cultural, político e social
brasileiro.
Sergipe tem, de acordo com as informações do senso de 2003 realizado pelo
IBGE5, um percentual de 68,6 % de afro-descendentes. O município brasileiro com o
maior contingente populacional de afro -descendentes é Nossa Senhora das Dores com

3 SOUZA, F. 2005, p. 97-98
4Utilizo o conceito de intelectual orgânico proposto por Gramsci, ou seja, aquele que se coloca a serviço de classes ou
empreendimentos para organizar interesses, disputar e obter expansão dos espaços de poder.
5 Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), “os indicadores, elaborados principalmente a
partir dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de D omicílios realizada em 2003, estão apresentados em tabelas e
gráficos, para o Brasil, grandes regiões e unidades da federação e, para alguns aspectos, também para regiões
metropolitanas. A publicação apresenta um glossário com termos e conceitos considerad os relevantes". Os percentuais de
68,6% (pardos), 27,4% (branca), 3,8% (preta) e 0,2 (amarela ou indígena) foram retirados da tabela 11.1 - População total e
sua respectiva distribuição percentual, por cor segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões
Metropolitanas-2003. O percentual de pardos está sendo lido aqui como o de afro -descendentes. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/ . Acesso em: 08 de set. de 2005.


98,7%6, sob o ponto de vista proporcional. As cidades de Monte Alegre, 93,7%, Indiaroba,
89,2% e Pinhão, 89,2% também reúnem uma população significativa neste sentido. No
município de Porto da Folha a população "sarará" é interpretada como branca, mesmo
apresentando características afro-brasileiras. Gilberto Gil na letra da música Sarará Miolo
define o que vem a ser sarará: “como doença de branco, de querer cabelo liso, já tendo
cabelo louro, cabelo duro é preciso, que é pra ser você crioulo". 7 O cabelo duro, na letra
da música, é interpretado como uma das marcas identitárias do afro-brasileiro, ao passo
que o cabelo liso seria a reprodução de uma marca que não é a sua e, sim aquela
atribuída por um padrão estabelecido de leitura estética e social branca. Na verdade, pelo
percentual total de afro-descendentes no estado de Sergipe, percebemos claramente que
as cidades do interior influenciam na leitura da capital como predominantemente branca.
Incoerente pensar que Aracaju seja uma capital branca.

O percentual de brancos em Sergipe é de 27,4%, de pretos, 3,8% e de cor amarela ou indígena é de 0,2%. Se somarmos os números de pardos, considerados aqui afro -descendentes mais o percentual de pretos, já constatado pelo IBGE, teríamos um total geral de 71,4% de afro -descendentes. Portanto, não deveria haver motivos para que a população de afrodescendentes não seja percebida como um contingente populacional significativo na leitura de afro-descendência no Estado. Acho que a problemática sobre as relações raciais em Sergipe tem suas raízes plantadas principalmente nesta leitura mal feita . Os índices são claros e não deixam dúvidas sobre a caracterização da população quanto à cor. A política governamental do Estado não é uma política voltada para os indicadores
sociais desta população. O discurso político em Sergipe fortalece uma identidad e branca,
momentânea e que não contribui para que as diferenças raciais sejam seriamente
pensadas.
6 Este percentual está baseado em Estudos e Pesquisas/ Nota de Estudos 02/203 - Ranking dos cem (100) maiores
municípios negros do Brasil.
Fonte: Microdados da Amostra de 10% do Censo Demográfico de 2000. Programação: Luiz Marcelo Carvano. Disponível
em: http://www.observatórioafrobrasileiro.org.br . Acesso em: 08 de set. de 2005.
7 GIL, Gilberto. Sarará Miolo, Intérprete: Gilberto Gil. Realce. Warner Music, p. 1979. Faixa 7.
Os versos da letra da música de Gilberto Gil ilustram uma definição de “sarará" que está diretamente relacionada com a
crítica à rejeição de características que c irculam socialmente como definidoras de um padrão de beleza estética branco. O
"sarará" já traz naturalmente a cor dos cabelos loura, o que se aproxima desta construção de padronização criada pela
sociedade. Portanto, o "duro" seria enfatizar que o "louro -duro" é a diferença que existe entre o branco louro de cabelo liso
e o branco louro de cabelo duro, diferença esta que quando assumida reforça muito mais a identidade afro -brasileira do
que uma identidade branca.


O afro-descendente em Sergipe incorpora mais a idéia de ser branco do que a
idéia de não-branco. Mesmo a população do interior do Estado é levada pelas condi ções
de inferioridade racial, formação de estereótipos e invisibilidade à política de ações
afirmativas, a pensar que um tom de pele mais claro, ou o cabelo forçosamente liso,
embora com características fenotípicas negras, seja branca.
O discurso da brancura é uma forma de esconder os problemas étnico -raciais,
para que eles não venham à tona como uma problematização que possa repercutir no
que entendemos como diversidade cultural e identidades múltiplas na formação étnica
nacional. As pessoas são levadas a mascarar uma idéia de "branqueamento" para tentar
com isso evitar a exclusão.

Penso a identidade do afro-descendente em Sergipe como um conceito que
opera, como afirma Stuart Hall 8, "sob rasura". A identidade cultural na
contemporaneidade é estudada como identidades. A pluralidade retira do conceito a
predominância de uma identidade única no reconhecimento da diferença. O sujeito se
percebe socialmente pelo conjunto de identidades que possui e pela não fixidez da
construção do conceito de identidade sob uma historicidade em processo.As identidades
do afro-descendente na contemporaneidade não podem ser entendidas sem que haja
recorrência ao seu passado histórico, como discute Stuart Hall:
As identidades parecem invocar uma origem que residiria em passado hi stórico
com o qual elas continuariam a manter uma certa correspondência. Elas têm a
ver, entretanto, com a questão da utilização dos recursos da história, da
linguagem e da cultura para a produção não daquilo que nós somos, mas daquilo
no qual nos tornamos. Têm a ver não tanto com as questões "quem nós somos"
ou "de onde viemos", mas muito mais com as questões “quem nós podemos nos
tornar", "como nós temos sido representados" e "como essa representação afeta a
forma como nós podemos representar a nós própri os."9
Não se trata de atribuir culpas pela lentidão do debate racial em Sergipe,
apenas pretendo dizer que a representação do afro -descendente deve ser reavaliada e
que de uma forma muito clara e objetiva políticas devem ser implementadas para
resgatar um pouco da auto-estima e da capacidade de intervenção social do afro -
descendente como sujeito que se pensa como tal. Por isso, o nome de Severo D’Acelino
e seu trabalho desenvolvido tornam-se importante para o Estado.
8 HALL, 2005, p. 104
9 HALL, op cit, p. 108-109

Severo D'Acelino é o intelectual em Se rgipe que contemporaneamente vem
trabalhando com questões relacionadas com a formação de identidades, com o combate
aos estereótipos, usados na caracterização da comunidade afro -descendente e
denunciando textualmente, seja através de sua poesia ou de artig os, a necessidade de
inclusão social desta população, com as atividades direcionadas a projetos de uma
pedagogia de educação voltada para a reflexão e para o conhecimento de conteúdos
específicos da cultura negra nos municípios.
Os textos de Severo D'Acelino podem ser lidos como uma produção da literatura
afro-brasileira porque seu conteúdo literário discute a problemática do ser negro no
Brasil. O sujeito negro é colocado em primeiro plano. Neste sentido, falar do cotidiano
desta comunidade acaba sendo o f io condutor que direciona a organização de sua
escrita, objetivando uma expressão mais definida, do entender -se negro no nosso país.
As experiências vivenciadas como negro estão traduzidas em cada linha de sua poesia.
Experiências estas que no passado foram menosprezadas por uma literatura instituída
que sempre buscou excluir o afro dos afro -brasileiros. Não estamos tratando aqui de uma
temática, como já estamos cansados de ouvir. Estamos ampliando nossos
conhecimentos, nossos saberes de uma maneira geral p ara tratar de uma literatura afrobrasileira.

De uma forma de escrever que procura se despir dos moldes ortodoxos da
nossa língua portuguesa. A qualidade literária da literatura afro -brasileira não está nas
formas rebuscadas de escritas, nas classificações , conceituações e etc, ela está
concentrada indiscutivelmente na experiência poética, artística, cultural e política de
saberes que representam o qualificativo afro de afro -descendentes e de afrodescendência
no Brasil.
No início do livro Panáfrica África Iya N'la Severo D'Acelino cria uma certa
expectativa em contar uma história de afro -descendência fragmentada pela dispersão de
informações que remetam a construção de uma trajetória de ascendência africana.
Mesmo sem a recorrência aos documentos, a históri a merece ser contada e remontada
com base nos relatos e tradições da ancestralidade africana que vive, embora modificada
na diáspora pela aproximação com a cultura ocidental, para que o passado possa ser
reinventado no presente, através de uma representaçã o literária que assume a história da
cultura afro-brasileira como um legado de informações que fortalece a identidade afro -
brasileira.

Na primeira parte do livro, que corresponde ao primeiro manifesto, o sentido de
“Panáfrica" é de resistência cultural e p olítica. A resistência da cultura afro -brasileira
conseguiu manter as tradições africanas ressignificadas nos rituais do candomblé, nos
enredos das escolas de samba e na forma de viver dos quilombolas. "Panáfrica"
corresponde à preservação de uma memória p ronta a ser ativada na reconstrução do
arquivo cultural e humano, no qual as expectativas do grupo étnico -racial sejam usadas a
repercutir uma idéia de cultura voltada para a visibilidade à diferença.
O poema que abre o primeiro manifesto é "Rito de abertu ra, saudação a Exu". O
poeta escolhe iniciar suas escritas com este texto, talvez porque de acordo com a
tradição do candomblé no Brasil o Orixá sempre convocado à abertura dos trabalhos é
Exu. Metaforicamente, o Orixá tem a função de abrir toda reflexão d e "Panáfrica", e como
mensageiro indicar o caminho que os textos poéticos irão percorrer na sua forma de
abordagem da cultura afro-brasileira em Sergipe.
(...)
O que sempre segue
Na frente e quem primeiro
É servido, Saravá
Leva meus rogos e preces
Ao meu Orixá.
Minhas preces em cantos
E prantos do meu povo
Diasporizando, nesta revisitação
A memória ancestral
Para que nosso pranto e cantos
Sejam a partir de agora
Canções de regozijo pela revisitação
Do meu axé10
(...)
Recorrer à figura de Exu é comum aos es critores afro-brasileiros para explicar
na tradição afro-brasileira a presença do Orixá como metáfora de atividade crítica da
interpretação. Leda Maria Martins, em A Cena em Sombras, ao explicar o código da
duplicidade que instaura o jogo da aparência e da representação, escolhe Exu como um
"operador semântico de alteridade africana na sua interseção cultural nos Novos
Mundos". Exu, na leitura de Leda, "é o princípio dinâmico de comunicação e interpretação
que se configura como elemento mediador de sentido" .11
10 D’ACELINO, 2002, p. 74
11 MARTINS, 1995, p. 56-57

Já Henry Louis Gates12 associa o Macaco Significador do discurso a Exu, figura
segundo Gates, trapaceira na mitologia ioruba. As figuras trapaceiras são "mediadoras"
na leitura do autor. Assim como para a maioria dos escritores afro -brasileiros Exu domina
o campo das trapaças, das ambigüidades, da inversão, do jogo discursivo, sempre
brincando com as palavras e criando imagens, muitas vezes, irônicas do que repete e
inverte.
"Aquele que segue na frente e em primeiro lugar", assim Exu é definido por
D'Acelino. O que segue primeiro é, em consonância com o discurso dos autores citados,
o dono da notícia, da comunicação direta do ato de comunicar na representação do
significado de "Panáfrica".
A poética de Severo D'Acelino é o esboço de uma literatura afro -brasileira
escrita para ser conhecida como o início de uma “caligrafia" que pensa o afro -
descendente em Sergipe num contexto histórico de representações que enfatizam a
necessidade de reconhecimento e visibilidade deste grupo étnico -racial. Tradição
africana, cultura popular brasileira, identidade, religiosidade, representações e diferenças
étnicas, historicidade, intervenções culturais e políticas são alguns dos aspectos que
podemos levantar através de sua abordagem literária como forma de problematizar a
participação do sergipano, mais especificamente a do afro -sergipano na vida cultural e
política de seu Estado.
É neste contexto do debate político e étnico -racial contemporâneo que analiso a
atuação direta do intelectual Severo D'Acelino em Sergipe. Destac o seu trabalho como
fundamental para pensarmos o diálogo de sua produção cultural com a de artistas e
outros intelectuais da literatura afro-brasileira. Acredito também que a diversidade do
trabalho de Severo tenha impacto em todos os setores da opinião pu blica, gerando
polêmica com o poder hegemônico sergipano. Na efetivação de seu discurso, ele se vale
da condição e do papel de intelectual, para criar estratégias de intervenção na política
12 GATES, 1992, p. 206-207

cultural e, na estrutura educacional, buscando uma representação d o afro-descendente
mais emancipatória, sob o ponto de vista da reconstrução da história e da memória do
afro-descendente em Sergipe em consonância com as leituras da literatura
contemporânea.

REFERÊNCIAS
BHABHA, Homi. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, et al. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2003.
D’ACELINO, Severo. Panáfrica África Iya N’La. Aracaju: MemoriAfro, 2002.
GATES Jr. Henry Louis. A escuridão do escuro: uma crítica do signo e o Macaco
significador. In: HOLLAND, Heloísa Buarque. (Org.). Pós-modernismo e política. Rio de
Janeiro: Rocco, 1992. p. 205-216.
GILROY, Paul. Atlântico Negro. São Paulo: Editor 34, 2001.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura . Trad. Carlos Nelson
Coutinho. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.
HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. SOVIK. Liv (Org.). [Trad.
Adelaine La Guardia Resende…[et al]. Belo horizonte: UFMG; Brasília: Representação da
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LIMA, Jackson da Silva. História da literatura sergipana. Aracaju: FUNDESC, 1986.v.2.
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Sociedade Editorial de Sergipe, 1995.
MARTINS, Leda Maria. A cena em sombras.São Paulo: Perspectiva, 1995.
SANTIAGO, Silviano. Democratização no Brasil – 1979-1981 (Cultura versus Arte). In:
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SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
SOUZA, Florentina da Silva. Afro-descendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU.
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ORIXÁ N'LE

VISÕES DO OLHAR EM TRANSE



VISÕES DO OLHAR EM TRANSE

POEMAS TRANSCULTURAIS AFRO SERGIPANOS

DE SEVERO D’ACELINO
Versão preliminar para correção

“visões trans culturais do olhar em transe “


Nesta revisitação ancestral busco na leitura dos signos da transculturalidade interpretar os ritus memoriais de meu povo, na perspectiva deste olhar transfigurado por vendas impostas pela dominação e desconstruida pela insubordinação do panafricanismo que ousou rever a trajetória através do resgate refazendo caminhos, numa pontuação afastada, para descortinar um ângulo maior, a visão mais nítida; buscando na perspectiva do algoz, a releitura de páginas da nossa história, camuflada pelo medo.
O meu olhar revitaliza as minhas lembranças e desejos adormecidos pelo engessamento da cultura oficial que através da censura, até hoje nos nega as evidências desta construção, só alcançado por determinada elite que detém o conhecimento de nossa história, a chave da nossa filosofia e, através do eurocentrismo, exclui de nossa memória o patrimonial de nossa matriz, seus empréstimos, reimprestimos e representação transcultural.
Essas lembranças tocadas pelo desejo animado pelo transe, evocam o passado através dos versos livres, numa analogia simplista numa divisão mítica em reverencia aos ancestrais e suas influências cosmológicas.
nas diversas culturas que se materializam nos eventos .
Essa materialização mítica dos transportes e, recolhendo retalhos em cada expressão, nesta viagem de imagens, reciclando-as e unindo em colcha de retalho multicolorida, poli cromática e polifônica onde os ícones africanos destacam nos caminhos que levam aos Ancestrais, expressões de sua filosofia, histórias, funções, ritus, representações e domínios.
Esse transe semiconsciente, inconsciente e total,. Não procuro meus Ancestrais dentro de mim, porque sei que estou no interior deles. Visões do Olhar em Transe, poemas transculturais afro- sergipanos, numa ação continuada do Panafricanismo de Panáfrica África Iya N’La, do Culturalismo em Quelóde que se completa num triangulo temático. A trilogia do ritu.
Visões do Olhar em Transe – nasceu espontaneamente numa noite inquietante de feliz coincidência onde o sonho interferiu na materialização de uma presença. É uma reflexão e análise do meu pensamento.
Não programei ou elaborei nenhum projeto ou roteiro de ação, os versos foram surgindo e se materializando no papel como registro memorial.
Quis fazer versos temáticos de olhares, visões, sóis e estrelas na vastidão luminosa.
Fiz versos tristes, inquietantes, denunciadores, ácidos e dramáticos impregnados de linguagem simples e repetitivas. São versos vivos de ilusão duradoura, cheios de símbolos sem malabarismos, falando sobre o amor e dor que há em mim como ícone de esperança.
São versos livres que denunciam a elevação da minha imaginação e sentimentos na medida em que manifestam minha auto-estima, ora em alta ou baixa.
São versos que expressam os meus encontros nos desencontros da emoção e construção do meu pensamento sem nenhum rastro de racionalidade, e sim uma vasta gama de emoção, inquietude impertinente numa constante entrega.
Neste particular fui sempre guiado pelo fluxo das visões e as registrava como um personagem possuído pelo autor, induzindo as ações sinalizadas, o meu fazer em transe hipnótico, materializando lembranças e símbolos.
Em meus versos a eterna interrogação do ativismo da unidade racial. O que fazer com os negros que não são pretos (Pardos e Mulatos) e com pretos que querem ser brancos, se nenhum deles se reconhece como negros?
A incógnita é uma variável no registro dos meus versos construídos dos sentimentos, vivenciando os momentos do olhar em transe, e os momentos passam, daí a dinâmica das relações.
As composições foram. diria, psicografadas, induzidas por forças iluminadas, incorporando totalmente o personagem que denuncia o autor e busca desesperadamente atores para interpretar o grande momento numa apoteose de impacto finito. Represei o olho d’agua e desviei o rio.















IN MEMORIAN

Acelino Severo dos Santos – Pai
Eliza Martins dos Santos _ Mãe Eliza
Odília Eliza da Conceição – Mãe Dila
Maria Emilia dos Santos – Irmã
Maria de Lourdes dos Santos – Irmã
Maria Elizabete dos Santos – Irmã
Vanderley Severo dos Santos – Irmão
Edmê Severo dos Santos - Irmão
Elizete Cardoso - a Divina
Diná Menezes Oliveira – a Pensadora
Núbia do Nascimento Marques _ a Guerreira
José Antonio da Costa Melo - Mestre
Arivaldo José Reimão - Força
Divas negras e Arautos, do meu Universo Ancestral e Cosmológico
Entidades do meu encontro, a quem mim revela.





HOMENAGENS:
Maria José Porto Severo dos Santos
Iyanzamé Severo D’Acelino e Porto
Obanshe Severo D’Acelino e Porto
Maria Helena dos Santos
Neuza dos Santos
Josefa Maria dos Santos

Á ação de Sobrinhos, Netos, Bisnetos, Tataranetos
IRMÃS - Primos, Afilhados e Amigos

Admiradores de minhas ações
na Resistência Cultural
na Resistência Negra fruto de minha
Sergipanidade Africanizada






In memorian Especial
Milton Santos
Mário Gusmão



Agradecimentos;

Aos Mestres e Mestras que acentuaram nossa obra, contribuindo com sua leitura, a interpretação da diversidade.

Ao Estado de Sergipe, na expressão de minha gente, meu mural A edição trabalho coletivo. Nosso aplausos.



Oxalá. Obá Mió















KO SI OBÁ KAN AFI OLORUM







Três Negros a quem eu: Severo D’Acelino,
filho de Odília e neto de Eliza, da Casa de Aiyrá,
Bato a Cabeça, além da memória do meu Pai;

Mestre Didi
Haroldo Costa
Abdias do Nascimento.

“ A Verdade muda de cor conforme a luz da manhã, podendo ser mais clara que ontem.
A Lembrança é uma seleção de imagens, algumas ilusórias, outras indeléveis na mente.
Cada imagem é como um fio.
Cada fio, tecido junto para fazer uma tapeçaria de textura intrincada.
E a tapeçaria conta uma história,
e a história, é o passado”
Candice Colle.

Estes homens Trindade de minha motivação, na trilha da Resistência Negra de Raízes Expostas.


Dobalé



VISÃO SOBRE AS VISÕES

João Hélio de Almeida*

Visões do Olhar em Transe de Severo D’Acelino é um trabalho poético que consta de 450 poemas, onde os mais diversos temas são abordados: autobiografia, negro, racismo, a natureza, rio São Francisco, mitologia, religiões, filosofia, amor, política, justiça etc.
Sinto-me habilitado para comentar esse livro pelo conhecimento que tenho das atividades do autor. Trabalhei com Severo de dezembro de 2003 a janeiro de 2005 na Casa de Cultura Afro Sergipana (CCAS). Durante o convívio profissional com esse ilustre representante da intelectualidade sergipana, aprendi muito sobre o legado, cultura, religiosidade, história, sociologia, antropologia e geografia do negro em Sergipe.
Participei no Projeto Educacional “João Mulungu vai às Escolas”. Projeto ligado às manifestações das tradições históricas das localidades sergipanas, tendo como eixo os indicadores culturais, enfatizando as etnias que mais contribuíram para esses indicadores e que se apresentam com mais visibilidade no conjunto da população. O projeto teve como tema central a influência do negro e do índio na cultura sergipana, buscando oferecer vínculo com a cultura e arquivo humano local, como estratégia pedagógica para tratar da exclusão desses elementos étnicos.
Confeccionamos alguns cadernos pedagógicos e outros deixamos no prelo. Esse material fora desenvolvido de acordo com a pedagogia da educação inclusiva – algo já trabalhado pela CCAS antes mesmo de se tornar modismo disfarçado em “palavra de ordem” nos parâmetros da Educação Nacional.
Praticamente um ano e meio após encerrarmos nossas atividades, tive o privilégio de receber desse “preto de Zambi” o convite para elaborar este artigo. O título do seu trabalho me chamou a atenção sobre que olhar e que transe seriam esses.
Enquanto Severo comentava a respeito de sua proposta nesse livro, lembrei de um ditado popular que diz: “os olhos são o espelho da alma”. Suspeitei que “os olhares em transe” fossem um transe da alma ou as visões de uma alma em transe.
Seria esse transe como o dos profetas, como o êxtase do santos, como o de Mohammad ouvindo o anjo Gabriel, como o das ialorixás? Como aquele do filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha – de um povo oprimido sob a tirania da corrupção moral e política? – ou ainda, um transe em que todos pudéssemos estar vivendo inconscientemente?
Vislumbrei cada uma das 450 visões de Severo expressas nesse livro. No começo, me veio à mente um filme do cineasta espanhol Luís Buñuel, que começou com a célebre cena de um lindo olho feminino sendo rasgado por uma navalha. Ele queria, a meu ver, abrir abruptamente os olhos do povo para uma nova realidade. Essa mesma cena foi reutilizada por Salvador Dali em Un perro andaluz, filme deveras surreal. Será que Dali estaria mostrando o surrealismo àquele olho rasgado? Penso que Severo pretende o mesmo que Buñuel e Dali: “rasgar com navalha” nossos olhos, para que vejamos aquilo que está oculto à nossa visão objetiva.
Quando fui à CCAS receber a cópia dos poemas, notei que havia na fachada um “banner” com o Olho de Hórus. Não um olhar qualquer, mas o do Onipresente, Onisciente e Onipotente Hórus. Deus negro do mundo dos vivos no antigo Egito faraônico. Sobreveio-me a recordação de uma estátua de bronze da divindade negra, da época saíta, atualmente exposta no Museu do Louvre em Paris. Nela, ele aparece em forma antropozoomórfica, com cabeça de falcão, as duas mãos estendidas, quase juntas, entre reto e côncavo, diante do peito, apontando para frente. Parece que o artista esculpiu o Deus-Falcão como querendo dizer alguma coisa, mostrar algo. E eu fitei a imagem, interroguei, sem perceber quase adorando. Hórus parecia dizer: “retidão”, “siga”, “olhe”, “receba”. A voz de Hórus ecoou confusa na minha mente.
Seu olho no “banner” da CCAS ou no centro da pirâmide iluminista “tudo vê”. Ilumina as trevas da ignorância. Existe uma semelhança entre o Olho de Hórus e as Visões do Olhar em Transe: iluminar e dissipar a ignorância!
Ressalto os olhos protuberantes das belíssimas cabeças de bronze nigerianas. Olhares sofridos, revoltados com o imperialismo europeu que com mão de ferro transformou o Continente numa colcha de retalhos etnocida.
Acima de tudo, os olhos transmitem poder. O simbolismo do olhar está presente em todos os cantos do mundo, da África ao Japão.
Orixás quase sempre dançam de olhos fechados. Dificilmente vemos uma representação iconográfica dos Deuses Africanos mostrando os olhos.
Olhos transmitem poder, tanto para o bem quanto para o mal.
O monge japonês Mikao Usui, desenvolveu uma terapia holística de cura chamada Reiki, onde são utilizados os “chacras” das mãos e os olhos para transmitir a poderosa energia de amor universal que tem o poder da cura.
Já no imaginário popular, que convencionalmente chamamos de superstição, existe o “olho grosso”, “olho grande”, “olho gordo”, “olho ruim”, “olhado”, “olho de seca-pimenteira”, que matam animais recém-nascidos, que adoecem crianças, que “atrasam” a vida de qualquer um que não estiver devidamente protegido.
O autor afirma que compôs olhares tristes, inquietantes, denunciadores, ácidos e dramáticos. Impregnados de linguagem simples e repetitiva. Versos vivos de ilusão duradoura, cheios de símbolos sem malabarismos, falando sobre o amor e a dor que há nele, como ícone de esperança.
Além do que os literatos chamam de eu-lírico, notei em Severo o “eu-espiritual”. As Visões são orações, são rezas de todos os credos, rezas de benzedeira, são oriki, são músicas cantadas com o espírito, são prosas de fim de tarde em boteco do interior, são ebós despachados em encruzilhada, são batuques para os Deuses. Também muitas vezes são versos secos. Alguns de seus poemas fazem a gente sentir sede.
Seu trabalho muitas vezes diz o que não se quer ouvir, o que se tem medo de encarar. É verdadeiro, e por conseqüência, incômodo.
Incomoda pela quantidade de palavras em Ioruba, idioma de nossos tataravôs africanos. Talvez a única palavra que não caia no ridículo frente aos imbecis seja “axé”, por ter sido branqueada pela mídia, que acha ter descoberto o “exotismo” negro e ter vilipendiado em música alheia ao significado mesmo da palavra.
As demais palavras do Ioruba são alvo de gracejo pelos alienados, que ao contrário, se admiram com arremedo de meia-palavra na língua do império que nos subjuga: o inglês. Não é de se estranhar, há quem goste de ser dominado. Analogamente, durante o Império Romano, povos conquistados, que tiveram suas plantações, casas, mulheres e filhas violadas e saqueadas, procuraram a todo custo obter a cidadania romana. A subserviência cultural, baixa auto-estima e complexo de inferioridade são sentimentos conservados desde longa data. Questiono se esses alienados – que prestam vassalagem a tudo que é “vomitado” pela grande mídia e a tudo que é empurrado “cérebro adentro” pelo Tio Sam – também não estariam vivendo um transe.
Severo traz um poema-provérbio adequado para esses alienados: “quem são arrogantes / com os pequenos / são subservientes / com os grandes”. Se observarmos bem, todos que são vassalos de poderosos são arrogantes com os “pequenos”. Covardes. E é bom lembrar o ditado: “nos capachos é onde se pisa primeiro”!
As Visões também são vozes. Vozes em kibundo, kicongo, ioruba. São gritos, mostrando que na África, a entonação da voz às vezes é tão importante quanto seu significado literal. Gritos históricos, por ser inolvidável no Sergipe silenciado e amordaçado pela elite nobiliárquica.
Um ponto interessante é quando Severo d’Oxóssi cita Candice Colle: “A verdade muda de cor conforme a luz da manhã, podendo ser mais clara que ontem. A Lembrança é uma seleção de imagens, algumas ilusórias, outras indeléveis na mente. Cada imagem como um fio. Cada fio, tecido junto para fazer uma tapeçaria de textura intrincada. E a tapeçaria conta uma história, e a história, é o passado”.
Se for correto que a verdade muda de cor conforme a luz da manhã, talvez seja ela dinâmica, abstrata e relativa. Analogamente, como ao passar da estação fria para estação quente as manhãs se tornam mais claras, assim o seja com a verdade. Nesse ponto, acredito que ainda estamos vivendo um grande inverno e o sol matutino ainda é uma esperança. Severo demonstra em seus versos a espera por esse sol.
Quando Colle comenta que “a lembrança é uma seleção de imagens”, reafirma o que os psicólogos comentam sobre o caráter seletivo da memória. Selecionamos inconscientemente o que mais nos interessa, o que nos marca. Sendo assim, o que marca a memória de um Oni Odé Olubojutô do Ilê Axé Opô Airá, de Mãe Eliza? Quais as suas lembranças, suas nostalgias, seu banzo ancestral? O que ele escreveria num livro de poemas? O que ele vê quando olha o litoral e tenta ouvir a África do outro lado, a terra da Aruanda?
Ainda de acordo com Colle, essas recordações são como fios tecidos juntos “para fazer uma tapeçaria de textura intrincada. E a tapeçaria conta uma história, e a história, é o passado”. Concordo com a afirmação de a história ser um todo intrincado de fios resgatados do lago de Mnemosine. História e memória relacionam-se intimamente. Quando nos referimos aos afro-brasileiros, essa idéia reforça-se ainda mais pelo fato de a tradição oral ser parte fundamental de seu legado. Suas tradições, costumes, lendas, vivências, mitos, falares, culinárias são transmitidos pela oralidade, que é por si, uma expressão da memória.
É de conformidade com minha formação de historiador que realizo tal reflexão. Em meu trabalho de conclusão de curso preocupei-me em reconstituir as idéias, a visão e a ação da violência atrelada ao senso de honra em Carira, lugarejo do interior sergipano, representando uma espécie de herança não material que figurou (ou ainda figura) naquela cidade. Teci alguns fios, tentei montar uma tapeçaria, como diria Colle. Acredito que em “visões do olhar em transe”, Severo tece fios de sua memória, de sua vivência, de seu cotidiano, de sua ancestralidade, da territorialidade sergipana, das politiquices que destroem o conceito literal de democracia, de moral, de república.
Dentro dessas considerações sobre o excerto de Colle atrelado ao trabalho de Severo, creio que seja interessante abrir aqui um parêntese para comentar um pouco mais sobre meu trabalho monográfico.
Nele utilizei a metodologia do Paradigma Indiciário de Carlo Ginzburg, pelo sentido de decifração de enigma, agindo numa atitude dedutiva, movida pela suspeita de um acontecimento singular, à margem dos acontecimentos históricos.
Estudei o assassinato de um certo Brazilino Dionizio de Menezes, suplente de subdelegado de polícia em Carira. Esse crime foi citado apenas nos dois trabalhos do memorialista Olímpio Rabêlo, mas sem a grande ênfase dada pela memória popular carirense. Nesse ponto, me vali do Paradigma Indiciário. Segundo a historiadora Sandra Jatahy Pesavento, esse paradigma consiste em: “Ir além daquilo que é dito, ver além daquilo que é mostrado (...) exercitar o seu olhar para os traços secundários, para os detalhes, para os elementos que, sob um olhar menos arguto e perspicaz, passariam desapercebidos”. Dentro dessa perspectiva, procurei entender por que mataram o citado suplente de subdelegado, buscando a constância dos detalhes, agindo de modo detetivesco, analisando cada elemento em relação ao conjunto.
O método acima descrito pode ser chamado de “método da grelha” ou “grade de cruzamento”. Nesse método, os cacos da História – a dispersão dos documentos – tomados na sua rede de correspondência, apresentam-se como sintomas de uma época. Então, esse método consiste em selecionar, cruzar, combinar, compor, montar, mostrar detalhes, destacar o que está em segundo plano.
Fechado o parêntese, e tentando relacionar a observação quanto à minha monografia ao trabalho de Severo, retomo o excerto de Colle, “Cada fio, tecido junto para fazer uma tapeçaria de textura intrincada. E a tapeçaria conta uma história (...)”. Tecer fios de uma tapeçaria, e essa tapeçaria conta uma História. Ora, isso é basicamente, o “método da grelha”, da “grade de cruzamento”. É o Paradigma Indiciário.
Carlo Ginzburg no artigo Sinais, Raízes de um Paradigma Indiciário, diz que poderíamos comparar os fios que compõem uma pesquisa realizada com o método ora descrito aos fios de um tapete. Chegados a este ponto, vemo-los comporem-se numa trama densa e homogênea. A coerência do desenho é verificável percorrendo o tapete com os olhos em várias direções.
O resgate da memória dos esquecidos, a “tecitura dos fios” de Colle, representam a analogia que estabeleço entre meu TCC e as Visões do olhar em transe. Assim como busquei um nome praticamente apagado da história carirense, Severo resgata o grito de um povo sofrido, de um rio quase-morto – o São Francisco – de uma natureza, Gaia, Nanã, que morrem aos poucos, vitimadas pelo capitalismo consumista, pela politiquice assassina.
Em Visões do olhar em transe, Severo vai além daquilo que é dito, vê além daquilo que é mostrado, tal qual os historiadores que utilizam o Paradigma Indiciário. Quando o autor escreve sobre o negro, a natureza, o rio São Francisco, está, como diria Pesavento, exercitando o olhar para os traços secundários, para os detalhes, para os elementos que, sob um olhar menos arguto e perspicaz, passariam desapercebidos.
Não percebi, em nenhum momento, demonstração de medo ou cautela desnecessária nas expressões dos olhares de Severo. Ele critica com honestidade. Não elabora crítica odiosa, rancorosa, ao contrário, empreende uma verdadeira elocução de sua vivência. Quantas vezes várias pessoas, sedentas de justiça, não quiseram lançar um manifesto como esse e não tiveram coragem, para manter a “política da boa vizinhança”. Severo demonstra não precisar disso. Ele mesmo me confidenciou certa vez – e eu acredito nisso – que “vive para a causa negra e não da causa negra”.
Severo é o arquétipo máximo de identidade da negritude sergipana. Em Visões 242 ele diz: “assumindo a identidade ancestral / luto contra os dominadores”. Acredito que de vez em quando alguém diz timidamente: “concordo com você, mas não tenho coragem de assumir”. Deveria dizer mais francamente: “sou impotente, covarde, subserviente”.
Quantos não pensam a mesma coisa que ele e sentem medo de desabafar! Temor de seus padrinhos, dos mandarins que Núbia Marques tanto acusava. Sergipe ainda é uma província – digo isso no sentido do atraso de seus costumes políticos e da maioria das instituições.
Observo uma sintonia das Visões com o novo olhar da História, a Micro-história italiana, perceptível quando ele comenta da busca no memorial dos ancestrais: “Meus são os momentos que viverei / não os que já vivi / busco no memorial do tempo / o tempo dos meus avós / cujo sangue corre em / minhas veias abertas para / visão de sonhos pensados / como uma casa sobre a ponte / por sobre o abismo que deixou / refletir a luz nas encostas”. Severo fala de uma herança, de uma herança imaterial, como bem afirma o micro-historiador Giovanni Levi em A Herança Imaterial.
Suas visões são como jangadeiros que passeiam pelo São Francisco, morada de Oxum Apará, Opará dos índios, Velho Chico, rio da integração nacional, assassinado dia-a-dia pela voragem destruidora de uma política malfadada em interesses outros que não ao que realmente deveria se propor.
Esse passeio poético pelo Opará não é como as excursões turísticas. É um cortejo fúnebre sob canto de incelença, que olha para o passado e lê as crônicas dos navegantes portugueses que diziam no século XVI, que dezesseis quilômetros depois da foz ainda se pegava água doce. Em Visões 84 o autor declama: “o rio grita encurralado, represado / e o mar, invade para chegar / ao olho d’água e desviar o rio”. Além do mar que avança rio acima, literalmente, aqui podemos fazer uma analogia com a corrupção que avança pelas entranhas da política, que tenta chegar ao olho d’água da moral e dos bons costumes para depois desviar seu curso.
Visões, também são as visões do próprio olho d’água, que tristemente espera sua morte, tal qual réu que aguarda sua sentença de morte. “O passado é um país estrangeiro. Lá eles fazem as coisas de maneira diferente”, assim começa o romance O mensageiro de L. P. Hartley. É interessante essa citação para contrastar com o que fazem hoje com o nosso Velho Chico. No passado era utilizado com respeito, hoje é aviltado, humilhado.
Quisera novamente que Odé Erinlé, que na África Ocidental transformou-se num rio, se transformasse novamente aqui no Nordeste, para ser tributário do São Francisco e ajudá-lo nessa longa jornada cheia de bancos de areia até a foz. Quisera que Ísis que com seu choro pela morte do marido-irmão Osíris, viesse chorar um pouco aqui no sertão para encher o São Francisco.
Seus poemas ecológicos não devem ser rotulados como ecologia hipócrita de falar de verde o tempo todo, sem promover ações. Ele denuncia o anti-ecologismo governamental do consumismo capitalista desenfreado que num pensamento imediatista não mede as conseqüências do amanhã.
Severo não pára de cantar a agonia dos rios. Como nas casas de Angola, reverencia o ancestral da terra, o caboclo. O São Francisco é o pai Chico, caboclo d’água morto pela poluição. Lembra os versos de Vital Farias na música “Saga da Amazônia”, quando ele diz que as caiporas não vigiam mais a Floresta Amazônica.
O São Francisco pode um dia chegar a parecer com o rio seco por onde caminha a família do retirante Fabiano em Vidas Secas de Graciliano Ramos. Pelo gosto dos assassinos do Brasil, talvez um dia ele esteja assim, e esses mesmos hipócritas farão campanhas para ressuscitar o rio! Tal como os EUA fizeram no Afeganistão: jogaram bombas, para depois jogar farinha. Como diz o ditado: “o cachorro se parece com o dono”.
Severo denuncia o racismo. Esse racismo que cresceu após a Lei Áurea. Crime praticado, porém negado.
É contra a polêmica política de cotas para o negro nas universidades. Acredita ele que essa política existe para legitimar o racismo estatal que classifica o negro como inferior ao branco. Uma chance para os inferiores, na ideologia da Política Nacional. O decreto de impotência do Estado, ante a problemática da educação no país.
O autor percebe o racismo onde ele mais se esconde e se escamoteia. Percebe-o na mídia televisiva. Telenovelas com as empregadas domésticas sendo quase todas negras, quase todas promíscuas, “da cor do pecado”.
No Visões é usado constantemente o trocadilho da expressão “nego” por “negro”. Não “nego” com som de “nêgo”, mas de “négo” mesmo, do verbo negar. Negro que nega, racialidade invertida, branqueado a pulso. Negro que não é preto e preto que quer ser branco. Em visões 226 lemos a seguinte lição de identidade racial: “O mais importante não é ser negro / mas reconhecer-se negro”.
A expressão aro-descendência é condenada o tempo todo. Para o autor, afro-descendência é como se dissesse, “sou descendente de africano, porém não sou africano, não tenho culpa de ser descendente”. Um “sou, mas não sou”! O correto seria, segundo o Visões, afro-brasileiro, afro-sergipano, que quer dizer africano de Sergipe, africano do Brasil.
Ele critica os negros quilombolas. Negros que só se afirmam para conseguirem as “benesses” dos poderosos, negros por conveniência, não por questão de identidade. Esses sim são afro-descendentes. Quilombolas de “araque”.
Por outro lado cita o advogado e pastor Martim Luther King, como um negro “de verdade” que não foi um “nego”, mas foi sonhador, buscador e lutador pela utopia da igualdade. Baseado em alguns personagens a exemplo de King, monta o que parece um “negro arquetípico”, quiçá utópico.
Um de seus poemas fala do “‘comerciante’ de Carne Negra, nosso maior pesadelo”. Lembra um trecho de uma música de Elza Soares: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Pior ainda é quando o açougueiro é um “nego”.
Visões do Olhar em Transe vê o sangue negro no “sangue azul” sergipano, esquecido do porto de Estância, maior receptáculo de negros em Sergipe, dos hauçás em Laranjeiras, que se revoltaram, inspirados no herói negro Toussaint de Louverture, líder da maior revolta escrava do mundo, no Haiti.
Vislumbrei no Visões, o pensamento mítico do ser humano diante da natureza. Vários deuses, semideuses e seres mitológicos desfilam nesse magnífico livro. Exu, Loki, Hermes, Mercúrio e Jesus andam juntos no pensamento do autor. Encontramos sereias, negro d’água, caboclos, passeando pelo sertão e pela beira do Opará.
Vários mitos vagueiam pelo livro. Exu é personagem constante. Orixá temido pelos desinformados ou alienados, que acreditam ser ele é o próprio Diabo. Essa divindade outrora exercia o patronato sobre a fertilidade e carregava como símbolo o ogó, espécie de bastão fálico. Aqui no Brasil teve que perder essa função, afinal, não seria mais interessante um Deus patrocinar a fertilidade negra no Brasil. Fertilidade aqui seria aumentar o número de escravos para os cristãos. Talvez não se saiba que os atributos de Exu são praticamente os mesmos do Hermes grego e do Mercúrio romano. Mas para alguns, falar de Hermes é falar de um belo Deus da Grécia Antiga, de uma civilização desenvolvida. Desconfio que isso acontece simplesmente por ele ser branco e Exu ser negro. Olhar para o negro é ver o quanto de racismo se institucionalizou e que seguimos: tudo que é de negro é diabólico, sua religião é demonizada. Mas cuidado, o Diabo pertence ao panteão cristão, é algo pertinente ao cristianismo. Se o negro trazido da África, algum momento acreditou na existência do Diabo, se alguma religião de matriz africana, ou ameríndia sincretizou Exu com o Diabo, deve-se à ação do Cristianismo, principalmente o “Catolicismo terrorista” dos Capuchinhos no período da escravidão, ou o Jesuítico. Os cristãos apresentaram o Diabo ao negro.
O autor vai aos poucos saudando cada Orixá. No poema Visões 91, Exu matou o pássaro ontem com a pedra que só hoje atirou, “Quem não aceita o passado / não terá futuro”. O pássaro de ontem é o passado, a pedra de hoje é o presente. Assim construímos o tempo mítico e também o tempo “real”.
Lendo as visões, vou também conversando com cada orixá no decurso dessas páginas. Vejo o barro de nanã, o oxé de Xangô, a espada de Ogum, os raios de Iansã...
Falando em mitologia, o autor cita a violação do Gênesis com a escravidão de Cã, analisada na divisão tripartite do mundo.
Observamos Pandora inserida nos três poderes, com sua caixa ainda aberta espalhando maldade pelo mundo. Mas numa forma de esperança, os poemas revelam uma visão mística do mal que retorna a quem o faz, na chamada lei da ação e reação. Repudiam a inveja, a traição, a mentira.
Em Visões 78 critica o Poder Judiciário: “a justiça se diz cega / mas ouve o que convém / enxerga nas entrelinhas”. A socióloga Maria Sílvia de Carvalho Franco no livro Homens livres na Ordem Escravocrata, no capítulo sobre o Código do Sertão, comenta que os homens livres e pobres no final do século XIX não eram muito afeitos a colaborar com o Poder Judiciário em suas atribuições. Isso por causa das suas interpretações legais. No sertão, as leis morais estão vinculadas ao costume. O Poder Judiciário vem para manter o monopólio da violência, o monopólio da força física. Atualmente, a visão é outra. Os ouvidos da Justiça estão superando sua cegueira.
A justiça prega a igualdade. Ou melhor, a mentira da igualdade. O Visões 325 critica a justiça incestuosa: “Relação incestuosa da justiça / com falta de autoridade / do juiz manipulado por sombras / que lhes arrogam o poder”. Quantas sombras! É só observar o panorama político, judicial, policial que ficaremos com a vista turva de tantas sombras. As Visões do Olhar em Transe tentam iluminar essas trevas. Tal como no “Mito da Caverna” de Platão, precisamos sair da caverna, parar de olhar essas sombras que se projetam na parede e encarar a realidade.
Quanto à intelectualidade, Visões adverte que muitas vezes nossa mente se apresenta como a de colonizados, acostumados com a colonização intelectual. Denuncia os intelectuais repetitivos que constroem teses alienadas e amarradas em improdutivas metodologias para provar o óbvio. Vaidosos intelectuais de aluguel, às vezes “comprados” para legitimar injustiças, inverdades, corrupção... “Universiotários”... Como dizia Fernando Pessoa, “Há metafísica bastante em não pensar em nada”, com certeza, é melhor pensar em nada, do que em teses óbvias, mentirosas ou tolas. Ao tempo que critica esses intelectuais, elogia os intelectuais da rua, do copo de cachaça, dos simples, dos peripatéticos das praças. Às vezes, se valoriza mais um intelectual pela sua cor, pela sua roupa, do que pelo seu conhecimento. Em O Pequeno Príncipe, Saint Exupéry comenta no início que certa vez, numa conferência, um astrônomo turco defendeu e provou uma série de idéias astronômicas. Mesmo seus ouvintes sabendo que ele tinha razão, ninguém lhe deu atenção porque ele se vestia como um turco!
Esse livro é também de certa forma uma autobiografia. Em certos momentos chega a parecer um diário, em outros, chega a parecer psicografia. Quem bem conhece Severo sabe que muitos desses poemas contam sua trajetória, suas vivências, seus pensamentos, seus desejos, sua solidão, sua intelectualidade livre de prisões metodológicas tal qual ela se apresenta à mente, onde seu pensamento num nível holístico atua em igualdade com sua alma e seus sentimentos. Conta de seus parentes que viraram estrela na constelação do Orum, que foram para a terra de Aruanda. Alguns poemas seguem as etapas de sua vida, algumas que eu conheci bem enquanto trabalhamos juntos. Confirmando meu comentário, ele mesmo diz em Visões 223: “escrevo para dialogar / cansado do monólogo”. Ele declara que conversa com o leitor.
Lá pelo final do livro, em Visões 440, o autor aponta uma salvação para as mazelas que tanto criticou: “A educação é que nos vai tirar da Senzala / uma educação democrática, sem vícios”. Em poucas palavras, uma solução difícil de se colocar em prática. Difícil por ser democrática e sem vícios. Uma educação assim, seria a ruína de muitos poderosos. E se nós saíssemos das senzalas! Se as Visões, nos abrir os olhos!
Quando acabei de ler os poemas de Severo, pensei logo em alguns leitores dizendo “Severo é doido”. Ainda hoje eu ouço essa expressão quando falo desse preto. Logicamente é uma expressão covarde. Quem não consegue argumentar, xinga.
Os olhares de Severo de Xangô são os olhares solitários de um manifestante, militante negro. Seu trabalho é um grito sufocado na escuridão do racismo que ele tanto combate. Mas que se torna um tanto pessimista em Visões 94 “sinto que não há mérito em / em combater o racismo / de tanto denunciar o racismo / sou cuspido pelos negros / e acusado de encrenqueiro / fazedor de caso e criador de problemas / e os negros torcem o nariz”.
Considero o Visões leitura obrigatória a todos pessoas, alunos de todos os níveis e de todas as redes de ensino. É um almanaque, um “Lunário Perpétuo” anti-racista e conscientizador. Os negros de verdade saberão entender essas visões. Os verdadeiros cidadãos saberão respeitar seu conteúdo.
Dobalé, Severo D’Acelino.










COMENTÁRIOS ANALÍTICOS – PSICO (ANÁLISE) LITERÁRIA
PROFESSOR RIVALDO SÁVIO DE JESUS LIMA*


Estava certo, não me enganei. Quando vi (e ouvi) Severo pela primeira vez, e isto lá vai uns bons anos, vislumbrei através daquela voz de trovão, tal como um orixá, um homem doce e sensível, voltado para um ideal humanitário – a causa do negro brasileiro -, e isto acaba de se confirmar na materialização do seu último livro: “Visões do olhar em transe – poemas transculturais afrosergipano”.
D’Acelino, este guerreiro D’Angola ou talvez da Guiné, trata-se de fato e de direito de um negro assumidamente sergipano (ou seria ao contrário?), que pensa África mais fala Brasil.
Outrossim, é um Educador no sentido mais profundo desta palavra, pois transmuta almas, indo no imo da sua essência. Busca na periferia de Aracaju, no interior do Estado, nos quilombos e nas comunidades carentes e marginalizadas, freqüentadas pelos políticos (brancos e negros) apenas em épocas de eleição, conscientizar esta população mulata, parda, negra de fato, da sua condição política, social e racial.
Este professor politizado e de atitude, muitas vezes foi considerado rude, agressivo até. Porém, tem fleuma bastante para cativar as platéias, pois fala com seu coração, fala da sua experiência mostrando sua verdade e sua conseqüente indignação com o sistema social perverso e excludente e que remonta os primórdios da nossa colonização extrativista e preconceituosa, cheia de dogmas e interesses mesquinhos.
Pois bem meus amigos, este ator, esta “figura carimbada”, por ser difícil de se encontrar na raça humana, me convidou (e me emocionou) para analisar a sua obra poética e biográfica. Trabalho árduo, e ao mesmo tempo prazeroso, que pretendo iniciar.
Dessa forma, numa primeira leitura de seus versos, observa-se três facetas do poeta: uma de caráter público e cidadão, outra familiar e ancestral e, por fim, uma terceira emocional e psicológica. De certo a segunda e a terceira faceta me parecem mais associadas, pois remontam seus aspectos mais íntimos, enquanto que a primeira trabalha um homem mais social, e que, ao mesmo tempo, que se mostra para o mundo, se fecha em seus detalhes mais pessoais.
Na primeira faceta o autor volta-se para o entendimento do negro brasileiro, para a questão do racismo e para a carência de políticas públicas educacionais. Aponta a necessidade de uma democracia social mais ampla e verdadeira ao invés de cotas universitárias discriminatórias ou de um apartheid social velado. Coloca, ainda, em seus versos ácidos, que o negro é capaz sem precisar de um “empurrão” dos brancos, mais sim que estes negros precisam ter seus direitos de cidadãos garantidos na íntegra, ou seja, igualdade com os brancos desde a maternidade, na pré-escola e em todas outras condições previstas na sociedade.
Fala também, especialmente, da política sergipana e do seu desapareço por uma política educacional que questione a “história oficial”, levantando a verdadeira e marcante influência africana em nossa cultura, além de discutir nas escolas (de forma obrigatória e legal) a questão racial em Sergipe e no Brasil, conscientizando os jovens da sua condição e desenvolvendo com estes alternativas pró-ativas para estruturar uma verdadeira democracia racial e social.
Na sua segunda faceta, remonta o autor sua família e sua ancestralidade africana, através dos arquétipos da natureza e da religiosidade. O próprio Severo afirma: “não procuro ancestrais dentro de min, porque sei que estou no interior deles”. Percebe-se nesta fala do poeta uma força telúrica e espiritual, representadas muitas vezes pelo Rio São Francisco e seus mitos, na floresta tropical e em seus índios, no mar e nos mistérios de Iemanjá. Mais também fala da energia solar que pode dar vida e ao mesmo tempo castigar, fustigar e ressecar o solo e a nossa alma. Este é o espírito de Severo: místico e ecológico, mágico e natural, Homem-Rio caudaloso e refrescante.
Na terceira vertente, D’Acelino trabalha suas emoções e seu psiquismo. Seus versos “expressam os meus encontros nos desencontros da emoção e construção do meu pensamento sem nenhum rastro de racionalidade”. Desenvolve sua auto-estima e identidade psicológica, através de símbolos arquetípicos inconscientes, “prato cheio” para os Junguianos de plantão.
Encontramos também um homem apaixonado, com seu olhar platônico preso pelo magnetismo do olhar de sua amada. Manifesta este amor romântico que me faz lembrar uma paixão adolescente, misto de pureza, doação afetiva e sensualidade.
No entanto, encontramos também um homem maduro, calejado pelas intempéries do tempo, repleto de aprendizagens/ensinamentos. Um homem, às vezes triste, outras vibrante, inquietante. Que denuncia de forma dramática, porém realista, a sua condição de negro, preto, de cidadão brasileiro.
Aponta em alguns momentos suas dúvidas quanto à intelectualidade, quanto à academia – locus do conhecimento -, que ao invés de se abrir e voltar-se para a cultura e o social, limita-se tão somente aos seus egos inflados, seus títulos do Olímpo, se elitizando cada vez mais e ficando longe deste povo moreno, pobre e ignorante.
Enfim, falar deste livro era inexoravelmente falar deste homem que tanto admiro. Guerreiro, não da Guiné, do Quênia ou da África do Sul, mais sim das “savanas” sertanejas. Não do nativo do Vale do Rio Nilo ou do outrora escravo construtor das Pirâmides do Egito, mais do ribeirinho do Rio São Francisco ou munícipe da Serra de Itabaiana. Falar de Severo é falar dos vaqueiros, das rendeiras, dos cangaceiros e do sanfoneiro que anima o forró, ícones que tão bem traduzem a cultura deste povo nordestino miscigenado, e que estão na essência espiritual deste guerreiro brasileiro que já luta bravamente há 60 anos.



* É professor do Departamento de Psicologia de UFS.







VISÕES DO OLHAR EM TRANSE
Poesia de
Severo D’Acelino
(Olhares de Ilma Fontes)


No inicío, ele me disse: foram mais de mil poemas passados para o computador. Pensei, e ele quer que eu escreva sobre esses mais de mil poemas... Inevitavelmente eu teria que varar noites e madrugadas de leitura em péssimas condições de cansaço físico e mental. Um trabalho que não estava agendado, portanto sem horário disponível, a não ser depois de tudo de cada dia. O tempo dado para a entrega dos meus comentários analíticos para o livro “Visões do olhar em transe”- poemas transculturais afro-sergipano- de Severo D’acelino não fora regulamentado. Ele falou: Não se preocupe, leia isso no tempo que pude, mas eu preciso do seu texto neste livro. Impossível recusar.
Até porque a convença pelo telefone não dava margens a explicações do que é o meu tempo, isso que não sobra hora alguma.
O calhamaço dos originais enviados por Severo D’acelino, contendo 526 páginas, ficou ali na mesa de cabeceira me olhando e eu desviando a vista, por uma semana.
Enfim, li a primeira página: o trabalho marca os 40 anos da Casa de Cultura Afro-Sergipana, entidade fundada por Severo, que também comemora seus 60 anos de vida. Aí parei. A coisa era mais seria do que eu supunha.
Acompanhando a trajetória desse sergipano e sua luta étnica pela cultura negra desde sempre; estive presente na formalização da Casa de Cultura Afro-Sergipana, em outubro de 1968 – anos depois chamada, como jornalista e aliada cultural, a registrar o descaso de alguns governos para com a entidade, seu autor e seu reduto Dores flambadas no azeite da luta pela memória e tradições da cultura negra. Dores fermentadas e urdidas em gritos que se foram tornando poesia ao longo do caminho. Quando alguns amigos alçaram condições de poder, como o jornalista Luiz Antônio Barreto à frente da Secretaria Estadual de Educação, Severo mostrou serviço na área publica, palestrando e dando aulas em escolas da capital e do interior, levando um exemplo de cidadania e valores culturais em sua própria maneira de ser, andar, falar, vestir-se, recitar, atuar, criar, poetizar...
Severo é um titã negro vendo o voraz processo de transformação social engolir valores fundamentais ao pensamento e identidade cultural de sua orgulhosa raça. Não um velho arquejante sob o peso da memória de África, mas um minotauro mimético, herético e revigorado pela consciência histórica da sua luta. Seus gládios: a caneta, o giz, o papel, o palco, a tela de cinema e TV, o computador, ferramentas de ampliação da sua voz, idéias e ideais. Do bem, notoriamente, um eguerrido guerreiro.
E assim fomos vendo Severo D’acelino fazendo e acontecendo, construindo a identidade afro-descendente de feição sergipana, resgatando a memória dos ancestrais e seus rastros culturais, religiosos, comportamentais e suas historias; formatando um novo horizonte para os negros na perspectiva de sergipanidade, em condições de igualdade escolar, universitária e profissional.
Utopia? Que poeta não seria? Severo escreveu e publicou livros. Fez filmes. Ganhou fama e reconhecimento. Ganhou o respeito e a amizade de intelectuais e artistas. Hoje configura os 12 pares do Conselho Estadual de Cultura, membro assíduo e pertinente como base popular. Aos 60 anos, nada mais justo que uma cadeira no Conselho de Cultura, para sua contribuição memorável. Até aí, tudo nos conformes cármicos de causa e efeito. Até que me chega aos olhos “ Visões de Olhar em Transe” e cresce em proporções gigantescas a minha admiração pelo autor de tão intensa e diamantina poesia.
Água suspensa no mar desértico, não pode dizer da surpresa que foi constatar a evolução poética de Severo D’acelino. Do seu ultimo titulo lançado, pan’África , a este embrião de livro concebido em transe , como se numa viagem intergaláctica transportou-se a alma do poeta para o âmago do seu DNÁfrica, agregando conhecimentos da filosofia “branca” e da mitologia grega, mesclando numa memória primitiva todas as raças para crescer e se progetar, ele mesmo, como metamorfose ambulante, pensante e um senhor poeta, consumado em “Visões do Olhar em Transe”
Excelente, é pouco, o livro está lindo; lindíssimo trabalho de alma que Severo D’acelino oferece com generosidade às mentes cultas e aos espíritos quebrados pelas dores e preconceitos que se encontra em toda parte, também no âmbito transcultural. Poesia de identidade negra, sergipana de raça. Mais que um resgate étnico, um deleite para os seres poéticos de todas as raças e tribos. Eu, portuguesa-espanhola-holandesa e tupinambá, sou da tribo de Severo, ainda que não tenha DNÁfrica na genética poética, mas a alma que anima o vôo do pensamento nas asas do sentimento e da emoção. Com muita razão recomendo a publicação deste livro para que um maior número de leitores possa sentir e conferir o salto quântico de Severo em “Visões do Olhar em transe”.



TITULOS DO VISÃO
1. O Medo de Atravessar
2. Vejo Meu Corpo Suado
3. A Mística dos Meus Sonhos
4. Depende do Angulo que se Vê
5. Os três Ps Ainda Funcionam
6. Vejo Água Suspensa no Ar.
7. Consciência de Mim
8. Mutação Sombria
9. O Olhar Ganancioso de Epimeteu
10. Casulo no Penhasco da Solidão
11. Nego, Aborto Moral da Raça
12. O Mar Revolto
13. Mascaramento do Olhar Vazio
14. Nego
15. Não Tolero o Magistrado
16. Vamos Emancipar Nossa Consciência
17. Meu Pai
18. A Exclusão Determina a Ação
19. Mim Vi pelos Seus Olhos
20. Mudando o Foco
21. Da Negação
22. Brutalizei o Meu Silencio
23. A Verdade Sonhada
24. Coloque a Mão Esquerda
25. O sol Scaneou o Rio
26. Busquei o Meu Lagdbá
27. Na Tempestade, Plana ao Vento
28. Lei Revogada, Direito Nulo
29. Você Faz o Regulamento
30. Rio Devastado
31. Meu Poema é Biodegradável
32. Busquei a Iluminaria
33. Moro só em Casa Cheia
34. No Apagar das Luzes
35. Um Homem Amado Por Todos
36. Meus Versos
37. É Bom Ser Negro.
38. Para Chegar ao Fundo da Verdade
39. Reflexo do Sol
40. Vê o Poeta Chorando
41. Meu Isolamento
42. Perdi Meu Sonho.
43. Sagração do Choro Festejado
44. A Tristeza é Senhora
45. Deixe o Sol fazer sua Canção
46. Intelectuais do Dia e da Hora Seguinte
47. Naveguei em Mar de Rosas
48. Nú Frontal
49. Busquei Jamais Deixar
50. Nunca Dramatizei o Ponto.
51. Você Veio do Meu Passado
52. Visão Equivocada
53. Visão Obscurantista
54. Mim Chamaram Intelectual
55. O Poeta Canta a Liberdade
56. Minha Visão Periférica
57. O Mosaico do Sol
58. Nesta Manhã Iluminada
59. Não sou Poeta, Ator.
60. A Proclamação de Dor
61. Meus Impulsos Irradiam
62. Meu Coração é Todo Dúvidas
63. No Ar
64. Negro
65. Busquei Meu Oráculo
66. Vejo Desdém
67. A Síndrome de Pedro
68. Hamadríade
69. Antares em Capricórnio
70. Venha
71. O Arqueiro Mudo
72. Da Ilusão do Seu Olhar
73. Scaneei Meu Pensamento
74. O Silencio das Testemunhas
75. Há Sempre Uma Noite
76. Meu Segredo
77. A Estética do Louvor
78. Emoção Convulsa
79. Nasci de Negro Livre
80. Estado Laico
81. Preto só Chega ao Poder
82. No interesse da justiça
83. A água evaporou do Rio
84. O Mar potencializou a sua fúria
85. Se em peito que ferve
86. Hórus. Hórus
87. Visão esquálida
88. Pandora deixou a Caixa
89. Abra as janelas dos seus olhos
90. O que fazer
91. Vivo a solidão do meu passado
92. Minha resistência se esvai
93. Racismo, fome, morte,guerra.
94. Que faz a policia
95. Vejo com olhos lassos
96. Devo aproveitar o dia
97. Caminhos sem sombras
98. Seios Lacrimosos
99. A polinização do seu olhar
100. Meus olhos turvaram
101. Na noite de Lua Cheia
102. A voragem do tempo
103. A violação dos meus direitos
104. Esse conjunto de normas
105. A luz dos meus direitos
106. Os piores negros
107. Ainda hoje
108. Esse brilho congelado da dor alheia
109. Ego ferido, comiseração
110. Transmutei meu corpo profano
111. A fantasia mim fez matar
112. As Estrelas brilham
113. Seu olho cumprido
114. Oh! Meu Rei!
115. Canonizei seus versos
116. No asfalto deste Sertão
117. Os efeitos da Lua
118. Organizei minhas memórias
119. O Homem Santo massacrado
120. Realizei meu ensaio pornográfico
121. Espelho D’Água na Montanha
122. Olhar é viver intensamente
123. Guardiã de minha áurea
124. Choro lágrimas cristalizadas
125. Quente noite, salão sufocante
126. Nuvens Opacas
127. Não busco a esperança no presente
128. Oh Meu Pai! Filho!!!
129. Esta noite tão fria
130. Fantasma do Apocalipse
131. A lúdica do pensamento teológico
132. Nuvens Orográficas pairam
133. Não Importa se Minha Aparência é Ruim
134. Rios de Lágrimas Jorram
135. Em Baixo do Baobá
136. Negro na Minha Terra é Preto
137. A Liberdade Sonhada
138. Olhar Distante e Desconfiado
139. Encontraram-me Andando a Deriva
140. Na Ótica Racial,Tenho Orgulho de ser Negro.
141. O Olhar Parcimonioso de Babet
142. Seu Olhar Jorra Luz
143. Olhar Rudimentar
144. Olhei Dentro do seu Olhar
145. Olhar Prescutador
146. Olho de Lince
147. A Devastação a Céu aberto
148. É Muito Cruel
149. Tristeza Iluminada
150. O Dourado do Sol
151. Não Haverá Barulho
152. Foragido da Visão
153. Em Visão Ajustada, Seus Olhos
154. Porto Silencioso, Vento Frio
155. Revistando as Flores Marinhas
156. O Sol da Meia Noite
157. Réstia de Luz No Mar
158. Sobre O Meu Olhar
159. Pânico Nepotista
160. A Explosão No Céu
161. Rompa O Silencio
162. Você É Minha Narrativa
163. Uma Visão Dantesca
164. Em Sua Visão
165. Seus Olhos
166. Uma Visão Ferida
167. Radicalizar A Denúncia
168. A Lente Dos Seus Olhos
169. A Miopia Do Seu Coração
170. Nuvens De Cerração
171. Seus Olhos Desmentem
172. Na Panorâmica Do Desejo
173. Suas Lágrimas
174. A Visão Da Unidade
175. A Luz Do Direito
176. Se Vejo Meus Direitos
177. A Luz Do Direito Natural
178. Meu Olhar Transfigurado
179. O Sol Não Ofuscou
180. Esse Olhar Protagonista
181. A Telecinésia
182. Seu Olhar Compartilhado
183. Esse Olhar Terrível
184. Sua Visão Reflete O Mandarinato
185. Olhar Disritimado
186. Choro O Riso Do Coração Partido
187. Em Frente Ao Mar
188. Vejo A Paz E Desencanto
189. No Espelho Eu Vos Saúdo
190. A Luz Em Seus Olhos
191. A Força Do Pensamento
192. Anime Esses Olhos
193. Laceração E Dor
194. O Foco Dos Seus Olhos
195. A Longevidade De Uma Estrela
196. Anestesiado Pelo Seu Olhar
197. Fantasma Do Arco-Íris
198. Visão Dantesca De Corpos Ardentes
199. A Luz Do Arco-Íris
200. Olhar Ausente
201. A Arvore Dos Enforcado
202. Olho De Jabuticaba
203. Mar Espelhado De Constelação
204. Majestosa Presença
205. Meus Olhos Argonauta
206. O Meu Navio Levantou Ancora
207. Um Abraço Dado De Bom Coração
208. O Olhar Planando O Espaço
209. As Cinzas Dos Meus Sonhos
210. O Sonho Adormecido
211. Chama Cadente
212. Visibilizando Um Corpo
213. Olhar O Mar E Viver Na Terra
214. Escrevi Uma Ode Do Ponto
215. O Enigma Do Olhar
216. O Olhar Emudeceu A Voz Vibrante
217. O Impacto Do Meu Corpo
218. Olhe S Sua Tristeza
219. A Expressões Dos Meus Sentimentos
220. Eu Vejo Na Minha Fé
221. As Faíscas Empoeiradas
222. Na Minha Critica
223. Minha Marginalização
224. Chamaram-Me Intelectual
225. Em Minha Visão Embaçada
226. O Importante Não É Ser Negro
227. O Olhar Que Bloqueia
228. Erosão, Seca E Assoreamento Histórico
229. Uma Visão Inquietante Que Machuca
230. Seus Olhos Pensam Que Mim Conhece
231. Descubra O Espelho
232. Onde Está O Horizonte
233. Neste Jogo De Espelho
234. Olhos Verdes Da Traição
235. No Encontro Da Luz Ofuscante
236. Os Olhos Devassaram
237. Seu Olhar Atravessou A Máscara
238. Devastação Na Queimada De Cima
239. Embriagues Dos Seus Olhos
240. Explosão De Luzes
241. Tive Uma Visão Noturna
242. Escarifiquei Meu Corpo
243. Nós Os Negros Distribalizados
244. Oh! Essa Menina !
245. Cantei Uma Canção Incestuosa
246. Afro Descendência
247. Nossas Imagens No Espelho
248. O Amor É Terra Onde Se Come Brisa
249. O Cordeiro Berrou
250. Sonhos Esquecidos
251. Como Um Semi-Deus
252. O Espelho Rebate A Luz
253. As Preces Do Angorossi
254. Minha Visão De Longo Prazo
255. Uma Visão Apocalíptica
256. Efeitos Pirotécnicos
257. Minha Estrela Sumiu
258. A Luz Do Seu Olhar
259. Prisioneiro Deste Amor Cruel
260. Olhos Avermelhados Pela Luz Do Sol
261. Minhas Cores Não Tem Primavera
262. A Ironia Alucinada
263. Minha Alma É De Deus
264. A Noite Se Fez Dia
265. A Inveja De Caim
266. A Rosa Dos Ventos
267. Seus Olhos São Tochas
268. Transplantei Minha Visão
269. Sua Visão Obstruiu
270. Minha Visão Vestida De Luz
271. Na Foz Do Meu Coração
272. Pular A Montanha E Flutuar
273. Caminhos Do Inferno
274. Minha Inspiração
275. Transbordou O Rio De Lágrimas
276. Abra A Janela Do Passado
277. Vejo Na Chuva
278. Este Corpo Diáfano
279. O Trono Está Onde O Rei Sentar
280. Nebulosidade Variável
281. A Teoria Dos Anjos
282. Visão Nebulosa De Um Olhar Mórbido
283. Os Sinais Das Estrelas
284. Olhar Desconfortável
285. O Ar Estava Tão Seco
286. Clarão Das Águas Turvas
287. Sua Luz Cegou Meus Olhos
288. Elevo As Mãos Em Forma De Concha
289. Na Minha Visão Ressentida
290. A Cada Passo
291. Você Tocou
292. Seu Olhar Invade Minha Privacidade
293. Para Seu Prazer
294. Meu Olhar Desespera
295. Os Meus Olhos, Seu Viver
296. Essa Visão Seletiva
297. Olhar De Mandrágora
298. Imagem Asfáltica
299. Vejo Fagulhas De Luz
300. A Visão Sepulta
301. O Brilho Do Sol
302. Este Olhar Trocista
303. A Eternidade Tem Duração
304. Olhos Que Correm
305. Olhar Modifica
306. O Calor Congelante
307. O Olhar Acompanha A Fuligem
308. Olhar Juvenil
309. Potencializei A Policromia Do Seu Olhar
310. Cheiro, Cor De Perfume
311. Não Gosto De Inveja
312. O Riso Dos Seus Olhos
313. Dois Poços Infinitos
314. A Rosa Resplandecia
315. De Um Golpe De Vista
316. Na Estrada, Névoa
317. Seu Olhar Biônico
318. Do Alto Onde Se Encontra
319. Magia Da Solidão Em Tempo Frio
320. Expressão Fria De Um Cálido Olhar
321. Meu Pai, Tanta Luz
322. Em Seu Olhar O Espelho Da Ambição
323. Ícone Imagético
324. Minha Generosidade É O Sentido
325. Relação Incestuosa Da Justiça
326. Olho Do Furação Em Turbulência
327. O Tempo Parou
328. Cotidiano Vazio
329. Prelúdio De Uma Manhã Serena
330. Espasmo Do Meu Sonambulismo
331. Signos, Ritus De Contradição
332. Buscando O Amor De Afrodite
333. Gente De Alma Enrugada
334. O Medo Mim Surpreendeu
335. Neste Amargo Dissabor Alucinado
336. O Remédio Que Cura
337. O Retrato De Minha Memória Violada
338. Tirei A Cruz De Ferro
339. Cuias De Cabaças Flutuam
340. Fogo, Devastação No Leito
341. Eternizei A Noite De Lua Cheia
342. Tridimencionalizei Minha Arte
343. O Rio Sobe A Cachoeira
344. O Rio Geme, Não É O Barco Que Afunda
345. Olho No Horizonte De Minha Trajetória
346. Congelei Sua Pergunta
347. Do Lado Que Estou
348. O Poeta Conta A Historia
349. A Violação Do Preto
350. Três Luas Novas Sem Ver A Lua Cheia
351. Opará, Rio Mítico De Minha Trajetória
352. Ego Partido, Comiseração
353. Despertar No Ganges
354. Estrela Da Saudade Na Roda Da Fortuna
355. Perdi Minha Humanidade
356. As Lágrimas Do Sol
357. Preto É Um Cidadão De Alto Risco
358. Vou Pedi A Nossa Senhora
359. Minha Voz Expressa O Que Falo
360. Suíte Do Amor Desaforado
361. Eu Caçador Do Mar
362. Memorizei A Teoria Do Caos
363. Brutalizei O Meu Passado
364. Quero Inspiração Para Contar E Cantar
365. A Emoção Que Sinto
366. A Patologia Da Visão, Muda Na Gênesis
367. Olhos As Estrelas
368. Nos Os Negros, Construímos
369. Oratório, Cantochão
370. Sufoquei Meu Desejo
371. Fiz Um Ensaio Religioso
372. Nasci Negro, Mim Tornaram Branco
373. Afro Descendência É Mais Uma Máscara
374. Sou Africano Do Brasil
375. Dancei Ao Som De Carmem De Bizet
376. Numa Odisséia Do Herói Imolado
377. O Por Do Sol
378. A Presença Dominante Do Arco Do Caçador
379. As Questões De Ser Negro
380. Contenha Meu Grito
381. Olho Os Olhos Que Descortinam
382. Afro Descendência
383. Ah! Mãe. Há Quanto Tempo!
384. Meus Sentimentos Estão Sedados
385. Choro Lágrimas Cristalizadas
386. Rios De Fogos Profanos
387. Afro Descendência É Coisa De Nego
388. Afro Descendência É Escudo Modista
389. Moratória
390. No Ar, Limalha De Ferro Em Suspensão
391. A Depravação Do Anjo Transfigurado
392. Revisitei Meu Amor Por Você
393. O Perdão É Maior Que A Vingança
394. A Ira Das Águas
395. Oráculo Do Sol
396. Instisfação
397. Equivocado, Iludido E Torturado
398. Agucei Meu Sentimento
399. Vejo A Chuva
400. Nebulosidade Variável
401. O Ritual Do Seu Olhar
402. Visão Nebulosa
403. Visão Anarquista
404. O Olhar De Mandrágora
405. Olhar Que Correm
406. O Olhar Modifica Pela Fé
407. Seus Olhos São Minhas Únicas Verdades
408. Dancei Em Torno Do Nada
409. Crede Porque Viste
410. Negro Sou
411. No Rio Do Amanhecer
412. Chuva Prateada
413. Meu Pai É Eterno
414. No Retrato De Minha Visão Violada
415. Testamento Dos Primeiros
416. A Mutilação De Minha Identidade
417. O Espasmo Do Meu Sonambulismo
418. Prisioneiro De Uma Ideologia Recalcada
419. Um Desembargador Preto
420. Preto Neurotomizado
421. Carranca Do Olhar Adormecido
422. Crise De Vergonha E Identidade
423. Guardo Ainda A Tristeza Em Meu Coração.
424. Rio São Francisco E As Taparicas
425. Rio Dos Currais
426. A Tempestade De Areia.
427. Há Certos Olhares
428. Caetaniei Gil
429. Rios De Lamentações
430. O Remédio Que Lhe Curou
431. Meus Impulsos
432. Insatisfação
433. Declarei Moratória
434. Sua Visão Ampliou
435. Nos Meus Sonhos
436. O Sol É Para Todos
437. Visão De Coisa Qualquer
438. Voam Borboletas
439. Afrodescendencia É Confissão De Culpa
440. A Educação É Que Vai Nos Tirar Da Senzala.
441. Olhei Para O Espelho.
442. Cotas Para Negros
443. Nós Os Negros Criminalizados
444. Me Chamam De Negro
445. Muitos Negros Não São Pretos
446. Negros Com DNA Da Casa Grande
447. Olhando Pela Fresta Do Meu Futuro
448. Branco de Marca E Origem
449. Agentes dos Poderes
450. Amanheceu Chorando.


IYAZINHA

SENHORA DE DUAS AMÉRICAS








Este livro é seu,
memórias coletiva de mim

Severo D’Acelino











VISÕES DO OLHAR EM TRANSE




















VISÕES - 1

O medo de atravessar
atropelou o meu desejo,
fiquei atolado no leito do Rio
barcos encalhados e eu em crise.
Meu olhar presente,ausente
de tudo, perscruta a planície
encharcada de águas paradas
na visão tórrida, alucinada
com a desertização do rio
brilhante,fantástico
ao por do sol numa sinfonia
inacabada da terra do canto
silenciado e mitos adormecidos.
Terra d’água, deserto
do São Francisco.



VISÕES -2

Vejo meu corpo suado
e com água corrente
me Banho de Sangue na beira
do Rio em fúria,lutando
contra desertização.
Queimei o Barco ontem
com o fogo que somente hoje
acendi, com os olhos marejados,
alagando as várzeas e planícies
por onde andava, em busca
de solidão para ouvir
as Estrelas e o canto do
Vendaval.


VISÕES –3

A mística dos meus sonhos
iluminou a solidão
do Caminho das Águas
que correm da nascente
do Rio Mar, muito antes
navegado.
Hoje ferido, envenenado, assoreado
cheio de Mar, um braço
sem Barcos, uma Várzea ressecada.
Rio iluminado pelas Estrelas...
O sol ardente, sem Vento que
vem das matas, desolação
desértica, Cachoeiras sem véu.
A mística do meu coração
transborda na enchente do Rio
vazante de Maré, lágrimas dos
ribeirinhos que como Cobra
acompanham promessas em procissão.

VISÕES -4

Depende do ângulo que se vê
um Nego no poder
massacrando multidões de negros
descamisados, marginalizados
sem referência ou identidade.
Direitos violados, transformados em favores.
Este Nego no poder quer ser branco,
incorporando Paxá.
Nego que vendeu negros no tráfico
colonial, o maior contrabandista, o mais rico
“comerciante” de Carne Negra,
nosso maior pesadelo.
É o nego bancão,
maldade do Cedro, do Carvãozinho,
imagem distorcida de Negro,
Nego de negação,
meu maior pesadelo
até hoje é este nego bancão.
O Nego de Casa Grande
Feitor deste Rincão.



VISÕES – 5

Os três”P” ainda funcionam
na ótica da dominação,
onde só pobre, pretos e putas
vão para a cadeia.
Só os amigos do governador
primeiras damas, são imunes
a quaisquer citações.
“ Quem você pensa que é!”
“Sabe com quem esta falando?”
Racista aqui não tem,
porque em Sergipe não há negros
não há racismo, somos nobres
de sangue azul,
eurodescendentes e em nossas
veias correm os sangue dos
nossos avós: portugueses,
franceses, italianos, alemães,
holandeses, espanhóis...
não há negros.
Somos um Estado modelo,
idealizado pela pureza racial.
Somos arianos na América do Sul,
liderados pelo mandarinato de marião

VISÕES -6

Vejo Águas suspensas no Ar,
rodopiando no chão,
uma Tromba, furacão
rompendo a Crosta Terrestre
em convulsão.
Poeiras fumegantes, sem Vulcão
no sertão partido, pela erupção
do tecido drenoso.
No Olho D´agua, espelho do Mar
em Chamas.
Tempestades de Ventos granizadas,
um Lago surge no Oceano bravio
com ondas encapeladas de dejetos
mutantes.

VISÕES – 7

Consciência de mim
consciência negra,
meu norte minha caixa pecúlio
é tudo que devo ter
e debater, porque negro
tem a consciência branca desperta
e a negra adormecida.
Consciência negra, saber, resistência
identidade memorial.
Africano, escravo, mulato, preto
ingênuo, pardo, mestiço
Alforriado, liberto, pardo
cidadão, afro brasileiro,
afrodescendente identidade idealizada
perdida, duvidosa.
Nego consciência adormecida,
conseqüência de uma identidade mascarada
pelo massacre da negação, fugas, rejeições
renega o direitos de ter e ser
Negro.

VISÕES – 8

Mutação sombria
em brilho de inverno
tardio, dourado.
Andei procurando distante
aquilo que sempre esteve
aqui, do meu lado.
Espanto as imagens de ilusões
distorcidas e sinto que o
pensamento feliz, nasceu agora
trazido pelo Vento Norte,
reflexo daquele brilho do passado
que depende meu futuro.

VISÕES – 9

O olhar ganancioso de Epimeteu
em busca de segredos
espalhou por toda terra
os males contidos na Caixa
enviada por Zeus, restando
apenas esperança a bela Pandora
Tempestades, Fúrias apocalíptica
varreram todo espaço, nos passos
de Pandora e na luz do olhar animado,
visões medonha do extermínio:
Fogo, Escuridão, Desespero, Guerras
Fome, Dor e Morte na passagem dos
Cavalheiros, e na Caixa, só a esperança
do Triunfo na Paz.
E Prometeu imobilizado, castigado
por ter entregue aos homens o Fogo
roubado do Olímpo.
Na terra que João escreveu,
os Cavaleiros do Apocalipse
saídos da Caixa de Pandora
enviada por Zeus.
Presente de Grego, acorrentado.

VISÕES – 10

Casulo no Penhasco da solidão
Templo do silêncio
e dos silenciadores, guardiões
da Casa da Torre, destruição.
A Fênix curvou-se
ante a Galinha D’angola
que chora no rito do Olúwo
na noite do lorogum

VISÕES – 11

Nego, aborto moral da raça
negação da natureza racial
de poder para ter e ser
branco.
Nego nega raça, negação
renega os seus em busca de situação
traidor do pensamento e ação
do negro resistente, sobrevivente
nega,degenerado, pária
nego, negão, figura patética,
maldição de toda raça.
Traição da sombra,
imagem desfigurada da razão.
peste expulsa de Pandora,
maldição das horas mortas
no quadrante da vida.
Nego!!!.

VISÕES – 12

O Mar revolto
corre para o Rio
em busca da Cachoeira
devastando o litoral, cobrindo o sertão
ocupando seu leito, ferido de dor.
Era a piracema pororocando
no vale deserto
em ondas que se alevantam
na embriaguez bíblica
de Noé, na Barca do Dilúvio
vociferando maldição a Cam
chefe dos pretos a servidão aos seus irmãos
instituindo o fundamento histórico
do racismo sobre a égide da Maldição
de Canaã.
“Maldito seja Canaã, que seja o último
dos escravos dos seus irmãos!
Bendito seja o Senhor Deus de Sem,
e Canaã seja seu escravo!
Que Deus dilate a Jafet
e este habite nas tendas de Sem
e Canaã seja seu escravo”
Visão de uma embriagues genocida
na Gênese violada.

VISÕES- 13

Mascaramento do olhar vazio
na visão do anacronismo
irreverente, do ponto
de vista medieval dos dominantes
meu ego marginal sufoca na solidão.
Ostracismo anunciado, no ventre
da minha Mãe que mim pariu
para o mundo, resistência
revolucionada, no seu olhar
de Guerreira, mulher ativa,altiva
mentalidade libertária,
adiante do horizonte da opressão
ironizando o dominador,
na ameaça de que no espaço
despedaça o que herdamos
para inculturar a conjunção
de marionetes.

VISÕES - 14

Nego
não gosta de
negros
porque o negro
reflete nele a marca do oprimido.
O preto
não gosta de pretos
porque o branco lhe condena
e lhe diz não,
negos
não votam
em negros
só votam, se os
brancos mandarem,
é a afirmação subserviente
o medo da alforria revogada,
da mentalidade escravizada
do pseudo cidadão de cor

VISÕES - 15

Não tolero o magistrado
que de brio descuidado,
vende a lei, trai a justiça
faz a todos injustiça
com vigor deprime o pobre,
presta abrigo ao rico, ao nobre,
e só acha horrendo crime
ao mendigo que deprime.
Sou negro, eu sou bode,
pouco importa.
o que isso pode?
Luiz Gama 1859

VISÕES – 16

Vamos emancipar nossa
consciência negra, ampliando
conhecimentos, potencializando
ações e mobilizando o povo negro
no debate das idéias,
para materializar as oportunidades
e desviar o foco das desigualdades.
Vamos pensar por nós
desasombradamente, com audácia
dos desbravadores ancestrais,
potencializar as ações emancipadora
na formação intelectual.
Reconstrução da identidade seqüestrada
na luta contra a educação excludente.
Vamos emancipar a nossa consciência
da filosofia dos colonizadores,
dos códigos, doutrinas, cânone e ritus.
Vamos transcender as barreiras
do silêncio, da loucura libertária,
do livre arbítrio e pensar nossas questões
nossas condições, tridimensionalmente.
O que somos, de onde vimos,
para onde vamos.

VISÕES – 17

Meu Pai
o Senhor é o filho
que eu gostaria de ter.
O filho que sempre quis,
meu sonho é sua alegria
sua tristeza, pesadelo de mim,
a nossa separação é uma ruptura,
da jornada que começou em busca
da causa do desequilíbrio ancestral.
Lhe vejo, com os olhos da emoção
na chegada esperada...
olhando a estrada, sua imagem
que se materializa e se agiganta
na visão mística do tempo congelado
do tempo que não passou
do tempo que não passará
Meu pai, Senhor do tempo
Portal da lembrada Visão Renascida
pelos olhos de Hórus.
Hórus..Hórus..Hórus
Meu Pai.... Filho!

VISÕES – 18

A exclusão determina a ação
contra a minoria discriminada
sem ouvinte, sem voz e sem direito.
A Lei é razão livre das paixão
sem ela não há Direitos, oportunidades
Justiça – Liberdade, livre arbítrio.
O Direito Criminal é racista.
Não há Direitos para negros
e sim, contra ele,
que mesmo sendo Vítima
é tratado como Réu,
nas Delegacias, e, nos Tribunais
seus supostos Direitos são suspensos,
violados, revogados
a bem da ordem pública,
por ferir interesses da maioria,
e o bom andamento da justiça.
Dura Lex Sed Lex
a Lei é dura mais é Lei
e por ela se faz justiça
baseada nos estatutos e códigos
reguladores.




VISÕES - 19

Mim vi pelos seus olhos.
Meus olhos olharam e não viram você
uma visão ofuscada
pela ótica do reflexo utópico
de uma simbiose fratricida
antagônica, subversiva,
diante de mim.
Minha vida, tem quilômetros
de solidão e silencio
é afluente e manancial
de um rio que não deságua










VISÕES – 20

Mudando o foco
e olhando pela ótica
do preto
a discriminação não é de raça
é de cor, estética,
de grana, status
e poder.
Isso é cultural
se não o fosse,
os pretos não eram discriminados
pelos pardos, mulatos,
e pelos próprios pretos, que
se acham e tem ódio dos seus iguais
Seu olhar reagente
revelador de um pensamento
insólito, frio, distante e cruel.
Expõem as veias abertas do racismo
multifacetado pelas discriminações
dos iguais.
Ainda hoje, nós os negros alforriados
e não emancipados, somos treinados
a nível de educação, nas escolas
coloniais brasileiras, desqualificados
coisificado, e agora cotizados
para impedir os nossos direitos
de igualdades e oportunidades
na construção crescente de nossa
identidade, é por isso que somos instados
jogados uns contra os outros
e inventaram a afrodescendencia
para cristalizar o ódio racial.

VISÕES – 21

Da negação.
Se o pardo não é negro
discrimina o mulato e o preto
lhes atribuído a servidão
o mulato se recusa e repassa
ao preto, pela sua marca e cor
e só ele é o negro, vítima de
toda ilação.
O preto se volta contra o preto
e devolve com vigor da revolta
e afastando, renegando e discriminando
com o ódio da violência, se associa
ao pardo e mulato em defesa do branco
contra as denuncias do preto aviltado
vitimado, violentado, revoltado e
dizimado, que atravessou o Mar
para morrer na Praia.
Venceu demandas nas Ruas e foi
derrotado em sua própria Casa
pelos seus, que se aliaram
aos inimigos anunciados
.

VISÕES – 22

Brutalizei o meu silêncio
despertado da letargia,
com gritos adormecidos
na cristalização
do desejo violado.
Escoriações dilaceradas
na alma do Poeta
escravizado pelo olhar
de luz insana
lenda de minha realidade caustica.
Voz embargada pelo medo,
paralisei a verdade de mim.
Ás águas do Rio evaporou
desviando o Leito
rumo as Cascatas e Quedas d’aguas
desertizando o Litoral
transformando água em sal
Montanhas caídas, devastado
os Céus.
Congelou meu coração
e explodiu em partículas
cristalinas, rumo as Nascentes
do Rio exaurido. Revoltado
rompi o silencio secular.

VISÕES – 23

A verdade sonhada
da dúvida esquecida
no abatjour frutacor
delineou seu perfil
na sombra real
do fogo que ainda queima.
Portas entreabertas
indicam a chegada,
esperada de quem passou
na saída da parodia fantástica
de Severo D’ Acelino
uma fusão de luz autoral
constelação

VISÕES – 24

Coloque a mão esquerda
por sobre a Bíblia
levante a direita e jure
dizer a verdade
tão somente a verdade
tendo Deus por testemunha.
Jura porra !!!
Meus olhos medrosos
miram o espelho d’agua
estrelado ao reflexo do Sol
piscando no suave movimento
do fluxo e refluxo deste lençol
caudaloso que brilha, para esconder
a verdade.

VISÕES – 25

O Sol scaneou o Rio
e deletou as água do
seu leito de dor assoreado
O Sol scaneou o Rio e deletou
para o subterrâneo, ampliando
as correntes do manancial
elevando a outras plagas
a tradição do Mar aberto
em Foz represada,invadida
na ribanceira litoral.
O Sol scaneou o rio para memorizar
para posterizar o abandono,
para navegar nas lembranças
do Opará.

VISÕES – 26

Busquei o meu Lagdba
consagrado em rito aberto
aos pés da árvore da vida
Pegi do meu Orixá
perto da Lama, no Charco
corrente de forças
trazida pelos Ventos.
Ouvi o som dos guizos
da iyabá que se banhava
no Rio Opará. Maiongá
de sagração –Vida no Charco
a Vassoura de Nanã

VISÕES – 27

Na tempestade, plana ao Vento
o Olho de Hórus, a combater
os Olhos do mal.
Na colina, o Vento
é meu Oráculo
quando ouço, escuto
a sua voz.
Visão religiosa da magia
mística do equilíbrio
renascido, das águas claras
de Iyemanjá, o fluxo do rio
em busca do mar.

VISÕES – 28

Lei revogada, Direito nulo
Justiça adiada, sentença aberta.
Lei revogada
Direito profanado
pela violação
Direitos aviltados
garantias perdidas
na Justiça engessada.
Lei outorgada
versão preliminar
do Ad libitun
da Justiça dependente
liberdade condicionada
a julgamento cromático
a Justiça dos brancos
não favorece o negro
suas Leis são parciais
buscam consolidar interesses do clã.
Seu Direito é contra o negro
ataca desqualificando, injuriando a vítima
mas não aceita ,que para
se chegar a verdade,
é necessário coloca-la em dúvida.
Esse é o contraditório
sem o qual não há Lei
não há Direitos, não há Justiça.

VISÕES – 29

Você faz o regulamento
e vive regulado pelo dos outros.
Isso é Lei.
E pela minha Lei, você pecou
tem o Direito de se defender
para que se faça Justiça.
Os princípios norteiam
com os exemplo, modelos
de atitudes e comportamentos
e até que se prove o contrário
a inocência é preservada
o contraditório, assegurado
para defesa da transgressão
e preservar o sistema
dos valores construídos
dos valores naturais
dos valores esperados
sem indulgência, ou privilégios,
tutorial da impunidade.

VISÕES -30

Rio devastado
realidade que determina
a consciência coletiva.
Nas trevas despenca
um Temporal Galáctico
no Vale do assoreamento.
Eu acho que vou chorar
e alimentar com o fogo
da saudade o frio do meu coração
surgido das cinzas
de minha visão distorcida
pela coloração do Rio Morto.
Revitalizado no mural da
esquina.



VISÕES -31

Meu poema é biodegradável
minha cabeça anda nas nuvens
meus olhos buscam a Camada de Ozônio
e não tem visibilidade, nula..
Minhas mãos calejadas
recolhem o lixos das marés
e resíduos das águas poluídas
dos Rios assoreados
pelos projetos agroindustriais
do governos e megas empresários institucionais
que sufocam minha voz
com bombas de gás em Chuvas Tóxicas
poluidora do Ar rarefeito
e destruidora das Geleiras
que transformam as Tempestades
em Trombas d’águas
Furacões e Tsunami.
Emergem da poluição política
a dominação atmosférica
no desequilíbrio dos mares.
Ecológico verão, em Temporal
no feio Choque Térmico das Estações,
o fogo da terra devasta o Iceberg
na Antártida, rompendo a Calota
Polar, irrompendo a saga da giração
na busca da Arca de Noé
adernada pelos bordos.

VISÕES- 32

Busquei a iluminaria para
incluir seu nome em meu delírio.
Um memorial para irradiar
a imortalidade na expectação
do mundo, da vida dos homens
em busca de um novo olhar
para ver você
Um novo falar para dizer
na releitura da vida
revisitada e ressurgir
na iluminura.
Gravei meu segredo
de viver.

VISÕES – 33
Moro só em casa cheia
livre de solidão
Acompanhava, os de passagens
os que faziam paisagens
em ranchos ou agregados
em minha casa, companhia
festa de labor em fausta alegria
Vivo só, solitário, solidão
labor sem presença,
em companhia,
embasa minha razão.
Nos meus sonhos
ouço trombetas anunciando
cordeiro em oferenda
ouço risos que festejam
o Bode da expiação.
De repente
vejo o olhar Freudiano
numa visão fratricida de
ilusão libertária,
mística de minha angústia
imaginária, no ritual da utopia.
Um pesadelo, grito sufocado
grito silenciado pelo medo
da solidão, do fracasso festejado
frustração cristalizada
de erros acumulados.
Acorrentado como Prometeu
pela profanação do Fogo
e sacralização da amizade solidária

VISÕES - 34

No apagar das luzes
do olhar etnocêntrico
minha imagem será revelada
e nela, meu passado ancestral
origens e trajetórias
sou visto pelo olhar
do dominador, pela ótica da
teocracia maniqueísta
da Gênesis violada,
se durmo, tenho pesadelos
quero sonhar sem precisar
dormir nem apagar as luzes.

VISÕES – 35

Um homem amado por todos
tem mais inimigos do que sabe
odiado, sabe quem são seus amigos
Meus olhos não procuram sentido
para entender a força do olhar
na visão do rio, olhos das
águas montanhosas
morrendo nas nascentes em erosão.
Sabendo da luta, busquei motivação

VISÕES – 36

Meus versos
são coágulos de sangue
resíduos de partículas
da anorexia cultural
arruinada pela falta
no meu delírio intelectual
Nunca se importe
com as aparências
o verdadeiro valor
está na essência,
dentro de cada um de nós
existe universo particular

VISÕES – 37

É bom ser negro,
em Sergipe negro é o preto
que traz na marca os traços
da raça.
Os outros são brancos
as mulheres sergipanas
são as únicas que parem
filhos pretos e brancos
no mesmo útero negro.
O direito do negro
é favorável ao branco
que são todos que não
são preto.
Os negros são identificados
na justiça como grupo vulnerável
tipo, idiota, criança e doente terminal
O nosso racismo é ensinado em casa
aperfeiçoado nas escolas
e praticado socialmente ,
sobre a proteção do governador
Em Sergipe ser negro é
macaco, ladrão, urubu
macumbeiro fedorento, criminoso
é burro de carga, capanga do doutor,
carga sem validade.
Pardo, mulato são libertos e brancos
africanos, preto são escravos, e negros
Coisa de negro, negrinhagem , são folclore
cultura baixa e inferior,
o negro tem que clarear
os sabidos e ou ricos, são negros
de almas brancas os demais...
Só podia ser negro, isso é caso de policia
tribufu, bicho, assombração, diabo

VISÕES – 38

Para chegar ao fundo da verdade
o fogo purifica a alma
e transforma o ferro em aço
A água purifica o corpo
e sua ação renovadora
limpa e áurea
Desce o Velho Chico
a montanha em caminho do sol
ciclo das águas
suspensas, evaporadas, precipitadas
qual Ícaro em busca do sonho
chegar ao sol
O Velho Chico busca o mar
no caminho do sol nascente e sofre
num mimetismo da evaporação cristalizada
as veias abertas da desertização.
Hamurabí e o Código de Talião
a seca do Nilo, devastação alucinada
nas águas do Chico ...
ausência sentida do Negro d’água
Carrancas, contra os políticos nas água
do Amargedon.

VISÕES – 39

Reflexo do sol
sobre o espelho d’agua
uma visão de pesadelo
uma leitura de terror
equilíbrio e Ari
de um passado etnocida
arrancando a vida
inteligente do rio
assoreando o força
das mentes fértil
esterilizando tradições
numa linguagem transversal
de interesses conflitantes
em simbiose fratricida
no leito da solidão

VISÕES – 40

Vê o poeta chorando
e uma estrela descer
suas lágrima eram versos soltos
que pintava seu reflexo
iluminando como auto retrato
lapso de clarão que brotava
da terra em erupção.
histórias de vidas
na planície dos seus olhos
refletindo a natureza
margens coletiva, agonia de luz
e lágrimas de vulnerabilidade
uma visão hibrida de natureza
perdida. numa psicose do medo

VISÕES – 41

Meu isolamento
não define minha solidão
marca o recolhimento do sol
mas acolhe o Luar
e nesta passagem
marca a crise do meu pânico
impactante.
Minha solidão
elimina a passagem confusa
do meu estado e visão alucinada
que flui e materializa no ar
mergulho apavorante
no abismo iluminado ofuscação
que cega meus olhos
mas guia meus sentidos
marcando a crise do
pânico impactaste

VISÕES – 42

Perdi meu sonho
a cair no pesadelo
sonho real de trajetória vivida
sem a fantasia da rota
que ergue barreiras e pontilha emoções
mim vi na multidão em debandada
e acordei pensando em revidar
Fantasia paranóica
perturbações delirantes
sonho induzido !
Respiram as minhas lembrança
rastrearam meus pensamentos
derrubaram minhas idéias
e hoje, só reproduzo o caos

VISÕES – 43

Sagração do choro festejado
cravado no compasso do meu pulso
e agora como antes
tremo de tantas emoções
Lágrimas luminosas de um sorriso
sangrado, abraço esvaziado
na prece dolorida numa ação
subterrânea.
Sentir no toque o calor da vida
uma leitura táctil do meu passado
em sua mãos, fortalecida em mim
Louvo a coragem da ser filho
de pais desconhecidos
sem ter chance de escolher
ato heróico da afirmação
do saber que é sem recusa
de querer.


VISÕES – 44

A tristeza é senhora
de minha alegria.
O destino, faço eu de retalhos
de retalhos cerzidos em linha fortes
da tradição que perdi, tecidas
nas minhas memórias,
No útero da Ancestralidade cravada na terra
ouço canto desafinado
e canções adormecidas, flutuando
na solidão construída de sonhos
Minha tristeza naufragou
em mar aberto
A alegria vislumbra
como céu de Brigadeiro
em mar de calmaria, numa
tempestade de estrelas
que invade o litoral

VISÕES – 45

Deixe o Sol fazer sua canção
neste dia sem luz sobre as erupções
de terra encravada no horizonte do mar
Deixe o vento cantar
sobre as ondas do mar que se alevanta
de sua solidão crepitante e geme de
fúria neste calmaria tempestuosa
do canto doce e uivaste do vento
quadrangular.
Deixe a terra gemer
estéril e desértica pela devastação
do sol, do vento e do mar numa
Rapsódia Severina ecos de lamentar
alguém tem que chorar
para em cachoeira, molhar a terra
e rolar em ribanceira ao encontro
do sertão
Represar os Olhos D’aguas e desviar o Rio.
Deixe o Sol cantar
faça-se a Canção
o Fogo Sagrado da Vida: Severina.

VISÕES – 46

Intelectuais da hora e do dia seguinte
sem obras editada ou leituras caras
sua academia é a vida as ruas e os becos
escorregadios e trôpegos das canções
que anunciam violências
do pensamento que dominam os intelectuais
que não liberam a vida jamais,
imagens dos cantos que
ocupam os espaços do local
que se vê, reconhecido por se
reconhecer.
Se não mim reconheço eu sou reconhecido
como intelectual, logo, não sou
porque a importância de ser não é ter
mas, saber que é.
Pretos não podem ser intelectual
numa sociedade excludente
de ideologia branca, onde pardos e mulatos
se mascaram para se enquadrar no universo
da cor do Madarinato burguês
da Divina Comédia.
Atrelados a interesses das classes
dominantes, inventariando suas ações
em Odes.
Doutor. Intelectuais não nascem nas
academias, vão para lá.
eles nascem nos becos do mundo, nas vielas, feiras,
botecos, nas cadeias, fome e embriagues
nascem dos desaforos das lutas e das quebras
e dos insultos.como os seus..


VISÕES – 47

Naveguei em mar de rosas
sobre céu de brigadeiro
e levitei em água suspensas
na transfiguração do meu
universo metafísico
metaforizando a imagem
que tenho de Deus.

VISÕES – 48

Nu frontal
masculino a obscenidade
de minha arte em preto e branco
leva meu delírio
a excitada depravação
sob a visão modeladora
da moral perversa
inibidora das expressões.
Meu corpo nu sombreia
o reflexo da luz indireta
vindo do fundo; dando um
perfil sacro; a nudez prometida
a arte na escuridão
silhueta da vida.

VISÕES – 49

Busquei jamais deixar
meu passado impor o que sou
mas não permitirei que ele
fuja de mim
Meus são os momentos que viverei
não os que já vivi
busco no memorial do tempo
o tempo dos meus avós
cujas sangue correm em
minhas veias abertas para
visão de sonhos pensados
como uma casa sobre a ponte
por sobre o abismo que deixou
refletir a luz nas encostas

VISÕES – 50

Nunca dramatizei o ponto
nem silenciei a interrogação
dos ritmos nos passos
que coreografia na reticência
de minha paixão asparizada.
Seu eco, mero experto
do caminhar no desvio do riso
enquadrado na moldura
do close perdido pela invasão
da luz e do som
no episódio da versão
de minha cena editada
o personagem ataca o autor
e deixa o público revoltado
com o autor interpretado.
É o silêncio que marca
o ritmo de minha ação
como Narciso, antes a luz
que reflete sua imagem duplicada.

VISÕES – 51

Você veio do meu passado
para fazer cobranças de futuro.
Acoito minha saudade
com lembranças de amor
a cada suspiro refogado.
Não há memórias, só lembranças
não há memória nem saudades
na estética de minhas tradições
fui fantasiado com cores frias
uma realidade que não é minha
apagaram-se as evidências
Tenho um abraço da nascente
do amazonas a Foz do São Francisco
na lembrança do Nilo e Ganges
do sentimento adormecido,
ao olhar mutilado
que asfixia a visão do atlântico

VISÕES - 52

Visão equivocada
do poder exercido
Com o negão no poder
negro não tem vez
não há racismo nem discriminações
não há Direitos só Deveres
ele fortalece os poderosos
para enfraquecer o povão
O povo negro a maioria reprimida
e rebaixar os rebeldes, desqualificando
com seus próprios companheiros
ávidos de poder
Com o negão no poder
o que conta é a traição
joga uns contra outros
para enfraquecer as ações
dividir para reinar é seu lema
Com o negão só há duas formas de agir
o maniqueísmo doutrinário
marginal e marginalizar
quem não for marginal será marginalizado
quem manda é o negão
senhor de herdeira de engenhos
fogo morto,e viva memória
de escravizar com o negro
do carvão em carvãozinho de São João
Negro não tem vez.



VISÕES - 53

Visão obscurantista
na morte da luz ressurgida
em gregoriano cânticos
na batida do igexá de Oxalá
Saúdo o Sol fonte próxima de mim
num aguerê batakotô alujá de saudação
Samba agnóstico de estórias contadas
em proferia numa abnosia visual
transbordada de fantasia
“Todo mal que desejas a mim
é que vai lhe destruir”
Até que mim façam justiça
tudo que tiver vai desmoronar
tudo que pensar em ter
vai acabar
Tudo que pensa e já mim fez
voltará contra você.

VISÕES – 54

Mim chamaram intelectual
disseram que não, andar com
intelectuais não qualifica ninguém
Intelectual, não tem razão
vive na lua para as estrelas
sonhando com a eternidade
no romantismo utópico
quer mudar o mundo e luta
pela exposição de idéias
na projeção de ações inovadoras
pensando e levitando em pleno
vôo de Ícaro em busca do sol
A ótica fantasiosa de deslumbrantes
imagens, amplia sua visão na ilusão
desta ótica refletida em seu olhar inquieto
Intelectuais são os liberais
os coronéis, os que sem cargos
estão sempre no espaço de poder
interpretando pensamentos dominantes
lendo Goethe, Marx ,Jung, Nietzsche
anotando pensamentos para impactar
os discursos e fortalecendo a ideologia
do grupo liberal.
Não freqüentam marcados ou feiras livres
nem a periferia, para não conhecer as
jóias do pensamento feliz de paz eterna
jorradas das bocas dos bêbados e descamisados

VISÕES - 55

O poeta canta a liberdade
respira a sabedoria no canto coletivo
chora o amor abortado pela opressão
buscando a sagração da utopia
no coro anônimo que passa
que geme e luta para ser.
E o poeta grita clamando por
justiça, uma esfinge de palha.
Não há liberdade sem lei
a proclamação do seu viver
é a revogação de leis ineficientes
de justiça Biviletina.
que destoa a canção da vida.

VISÕES – 56

Minha visão periférica
vibrou no centro de sua Íris
transformado em Mandala pessoal
e uma clarividência explodiu
com imagens nítidas do meu Sol
De olhos abertos vi sua áurea
e os fechei para ter uma visão
de mim.

VISÕES - 57

O mosaico do Sol
lampeja meu arco-íris
emoldurado de preto
a alegria do meu viver
refletindo em dourado filigranas
iluminando e Espelho D’agua
na Gruta do Silêncio Gelado
Mar subterrâneo que rompe
e profaniza minha áurea
refletida na nascente
do Sol que se põe
no Amanhecer.

VISÕES - 58

Nesta manhã iluminadab
abracei o sol, com intensidade
desesperadamente como só se abraça
a vida, num momento de angustia
avassaladora a vista da morte
Nesta manhã abracei o sol
beijei o vento sofregadamente
para sentir o sopro da vida
e mim sentir enlaçando por ele
É a vida que se impõem
vitoriosa e consagrada
numa sagração a expressão
com que rasguei a placenta da terra
e ressurgir para a vida
rompendo barreiras do silêncio
em festa de luz, nos braços
de Iemanjá
Abracei o sol
beijei o vento
rasguei oi ventre da terra
sentir a água no regaço de Iyemanjá
a expressar o calor do Fogo da Vida
na morte de mim ( rio )
numa revisitação ancestral
no meio do caminho
que repete o rio da terra.
A beira mar.
VISÕES - 59

Não sou poeta, ator
ou intelectual.
Sou interprete primário
dos meus pensamentos e enfrentamentos
do dia-a-dia sem chegara imitação
ou reprodução de atos e fatos
Não tenho a finese da erudição
minha metamorfose é irracional
pela prioridade da emoção
tenho o sentido da dramática
e expresso intuitivamente o texto
como o sinto.
Não penso, ajo, meus instintos
são emoções perceptivas
e como Exu , mim jogo de corpo inteiro
matando o pássaro hoje, com o dardo
que somente amanhã arremessarei.
Andar com intelectuais, não faz
ninguém intelectual, pois a importância
de ser intelectual não é ter amigos intelectuais
mas saber que é intelectual, guardadas as
proporções da erudição, e do conhecer
da flagelada mental, a manipulação
dos engodos e fraudes acadêmicos
em busca de “titularidade” em cima

da desfiguração e apropriação dos
feitos alheios

VISÕES - 60

A proclamação de dor
marca a minha agonia
grito silencioso por asfixia
nua trajetória de quedas
busca a ascensão de liberdade
O cromatismo delirante
da ação comprometida
com o corporativismo, da
uma expressão de desânimo impactado
pela emoção contida
não há silêncio no grito do seu olhar
Só réstia, confusão ótica

VISÕES – 61

Meus impulsos, irradiam
a margem do sol poente
o jogo das mutações, uma
desmesurada solidão
na foz do meu desespero
serenado em águas turvas
pelas lágrimas marginalizadas
de um coração soçobrado.
vive sobre cortejos
de preconceitos e conflitos mutantes
a paisagem mental do meu inconsciente
rejeita a existência da solidão
meu corpo em erosão
abandonado na margem assoreado
deste Rio Moribundo
cheio de bancos d’areia
sem cardumes e piracema
é fundo desta paisagem sombria
do dia que se esvai

VISÕES - 62

Meu coração é todo dúvidas
na minha irracionalidade
conspiração de agonias.
Emoções a contra gotas
subverte a minha solidão coletiva
no esquecimento da razão
essa mutilação configura buscas
transformações equivocadas
fiquei no Roço do terreiro
em busca de esperanças ameaçadas
pela flagelada mental
que mim ataca e some
com minha história contada
numa ambição desmedida
insegurança espelhada
tangida na linha divisória
do intelecto atrofiado
a irracionalidade conspira
contra minha solidão.

VISÕES - 63

No ar
limalha de ferro em suspensão
girando em torno do meu corpo
sem anunciar sua presença
que sinto e percebo os movimentos
mim tirando do eixo
e num ao abalado norte
de minha bússola alterada
que mim expõem e deixa á deriva
inerte antes a porta do destino
sem que eu saia da janela
ou deixa de mirar o sol
que se esvaia atrais dos coqueirais
ofuscado pelo redemoinho
que levanta poeira e carrega
tudo em suspensão

VISÕES - 64

Negro
criatura africano
do Brasil sergipano
não sou do Zaire
nem de Kampala
não sou de gana, Ruanda
Guiné, Moçambique
sou do Brasil, em Sergipe
nascido, negro de nação, do
eito, plantio, ingênuo
alforriado, deportado, abolido
marginalizado da escravidão
negro aquilombado em luta
pela cidadania e direitos
sou negro da diáspora de
ventre livre e mãe escrava
nascido distante do continente
perto do litoral. Banido e tangido
como os nossos ancestrais, explorados
seqüestrados, vendidos, divididos
para a multiplicação dos bens colonial
negro coisificado, construtor do
mundo civilizado com mãos de obra escrava
África Iya N’la, cultura civilizações
e aqui perdemos o direito de ser e ter
cristalizado na cultura opressora
minha nossas línguas cortadas, banida das
elo de tradição e continuidade
Africano de Eritréia mulçumana
iorubana, banta, gege

VISÕES - 65

Busquei meu Oráculo
na casa divinatória
do Olúwo Oxunnaré
sobre a proteção da Cabala
Olodumaré
olhai os Búzios
Opelé Iyfá do Babalawo
viu os olhos de Ewá
na releitura do meu Axé
no Oráculo da montanha
previsão da Pitonisa
do Tarot vermelho
quando o galo cantou

VISÕES - 66

Vejo desdém
vejo horror
nos seus olhos preconceituoso
do poder e dominador
na repressão aos descamisados
na distribuição das cestas
em alusão aos pães multiplicados
Vejo nojo e desprezo
nos gestos humanitários
dos filantropos, posando para posteridade
vejo sobretudo do Pastor
a sagração dos miseráveis
para louvação dos oprimidos
remidos pelo ódio da esmola
social que enobrece o dominante
e enfraquece a dor de quem
esmola.

VISÕES – 67

A síndrome de Pedro
persegue os negros
de mente escravizada
sem memória do rio mar.
Mimemosine.
O canto do galo exulta a ação
repetida do traidor que se diz traído
negro conseqüentes se dizem traídos
por serem negros e filhos de quem são
Não pediram para nascer negros
pensam no que são, e no que poderia
ter sido, se fossem de outra matriz.
Não se reconhecem para
não serem reconhecidos
São os negros conseqüentes
sem consciência e negativos.

VISÕES – 68

Hamodríade
árvores da minha vida
existência do meu ser encarolado
Ninfa do bosque do sol nascente
nascente de seiva rediviva
ofereço a ti minha oferenda de amor
Maná do Baobá cobre o deserto
de sombra e luz
de alimento da alma corporal
dos súditos da terra que se projeta
nos mares adormecidos na minha memória
Oxum Apondá sobre o lensol do rio
liberta a força da terra, fertilizando
o universo que chora sem
lágrimas, a sombra do Baobá.

VISÕES – 69

Antares em Capricórnio
fuga da constelação
em busca do fluxo do rio
invadido o mar.
Mudou de cor, embranqueceu
sangrando de dor a dor do rio
veia expostas, abertas do banimento
devastação
hoje Antares chora de volta
a constelação e em lua nova
volta a Capricórnio numa
apostasia do velho Chico
vítima da ambliopia



VISÕES – 70

Venha,
vamos compartilhar
uma visão que não seja
aterradora, falsa ou duvidosa
uma imagem
conflito de identidade
para o despertar da consciência
da tradição cultural
venha, as barreiras
detem nas não aprisionam
vamos celebrar o ócio
fazer uma autopsia das nossas
emoções.
Vamos, estamos confinados
pela solidão
não suporta mais esta
custodia

VISÕES – 71

O Arqueiro Mudo
combate na multidão,
solitário e vazio
a dor perdida
na sombra do delírio
de ver o que não lhe foi
revelado.
O que não lhe foi mostrado
numa critica a razão
do sentido velado,
na distorção do Arco
partido pela emoção.

VISÕES – 72

Da ilusão do seu olhar
uma miragem em reflexo
de imagens espalhadas
cheia de luzes e estrelas
festejar o fracasso dos outros
é fácil
o difícil é estender as mãos
numa ação que se estende
até o horizonte
a lei é a razão livre da paixão, aristotélica

VISÕES – 73

Scaneei meu pensamento
adormecido e inerte
e gravei imagens
materializadas.
Meus erros ortográficos
não comprometem a minha
caligrafia e as interpretações
da leitura que faço da visão
patriarcal
Voltei a vida, de um sopro
através do ventre da casa da roda
descobrir espelho e parei o Guarup
e rituais de passagens do etnocídio
que sofremos e somos vítimas
Interrompi o Sará, Axéxê., Sirrum
a missa de finado e,
com o atabaque no telhado
toquei eufórica o Alujá
e saúdo a Senhora de Balé
ouvindo o iylá da rasga mortalha
toco o Aguerê , Opanijé
e Adarrum para Ajuberô
Voltei a luta, a vida e quero
uma Babete para minha festa.
O Ibiri não virou.
Salubá.



VISÕES – 74

O silêncio das testemunhas
ocular traiu meu grito
e se fez eco e meu corpo
despenca em pantomima morfoseante
antes a negação de minha dor
o grito
silenciosos é mais cruel
é como um maremoto de onda alevantadas
caindo no vazio no tempestade
desabada.
Olhares cruzados
ferem a estética dos meus valores
matam a trajetória de minhas
experiências, desqualificando
promessas e ações
que revitalizam meus atos
e seduz a jornada da
revisitação para mim vê
e aprender a olhar
sem perecer. No cruzamento
da estrada do mar encapelado.

VISÕES – 75

Há sempre uma noite
mais longa em nossas vidas
e um dia sem luz
e ninguém é alguém para sempre
a minha visão
e a formalização da loucura
materializada no pensamento
fragilizado no silêncio
da minha frenética solidão
debruçado no corrimão do barco
o silêncio ilumina meu rosto
refletido no espelho
do mar sem fim.
aos brandos de gritos
agonizantes que estremecem
o barco adernando
sobre as ondas adormecidas.

VISÕES – 76

Meu segredo
não faz escravo
vítima, refém do desejos
corrompidos
meu segredo, potencializa
minha esperança e coragem
para transpor o rio sem ponte
é luz, norte
marca o tempo no deserto
que ilumina a minha solidão
é um presságio da visão
anunciada

VISÕES – 77

A estética do louvor
sufoca a verdade
anulando a expressão
desvalorizando o sim
e banalizando o não.
O belo, tem seu olhares
não tem afirmação
é cruel, inseguro, falso
e volúvel como a verdade
que se esconde em cada gesto
a estética da louvação esconde as intenções
numa vingança do ego negado
ou dos pecados praticados

VISÕES – 78

Emoção convulsa
desequilibra o meu pensar
sentimento é verdadeiro
espontâneo insustentável
não dar para segurar
o choro convulso, agudo
lágrimas abertas
em olhos marejados de sal
uma entrecortada respiração
taquicardia, um alivio
respiração.
Quem revela a verdade
pode controla-la
pela dúvida, a busca
chega ao ponto.
A lei é como o vento
se move de modo estranho
a justiça se diz cega
mas ouve o que lhe convém
e enxerga nas entrelinhas

VISÕES -79

Nasci de negro livre
ventre escravizado
mão de obra dos engenho, canaviais
canaviais. senzala e casa grande
estupro no pelourinho
símbolo de obediência torturada
tempo virou
mas nada mudou.
Hoje o negro dividido
mantem a escravidão
terra paraíso dês pardos
purgatório dos brancos
inferno dos pretos
alijados pelo pardos
e mulatos que reproduzem
o cativeiro, vivendo os
senhores, que juntos aos brancos
destroem os pretos
mantendo, ventre, pelourinho
cativeiro, senzalas
para o apogeu da casa grande

VISÕES – 80

Estado Laico
nação democrática
plural independente
e hegemônicos entre si.
Jura dizer a verdade
nada mais que a verdade
tenho Deus por testemunha.?
Jura porra !!!
Com poderemos autônomo
independente e livres
numa hegemonia democrática

VISÕES – 81

Preto só chega ao poder
por concurso ou pelas mão dos brancos.
Nunca dos negros.
A justiça criminal
faz do facínora um cordeiro
da vítima, um criminoso
desqualificando ao réu seu cliente
o ator incorpora
para não perder a imagem
que dele se apodera
e conduz o ato como um ditador
que controla e destrói
e chega ao fim
com o personagem
em busca de um ator
fantoche

VISÕES – 82

No interesse da justiça
aos olhos do poder
na preservação dos valores morais
e das pessoas de bens.
Não se praticam a lei
se escondem atrais dela
usando-a como escudo
para proteger os privilégios
dos dominantes e seus grupos
de interesse contrariados
altos e superiores.
Não estão interessados em
democratizar a justiça
mesmo sem a produção de lei
compensatória que protejam
a minoria.
Só querem ganhar para alimenta
seus egos e suas contas bancárias
status e bens
a justiça é formatada
para atender aos ricos e poderosos
e controlar os negro e pobres
o transito da justiça
é um triangulo de
cartas marcadas
lei, direito,justiça.
Leis para construção do direito
direito para argumentação das leis
e é tradição de que justiça não
se discuti, cumpro-se.
Mas há sempre as apelações
propiciadas pelas leis e status
do réu.

VISÕES – 83

A água evaporou do Rio
condensou e precipitou no
deserto
criando veredas
e outros leitos
outras várzeas cercada de ventos
as águas do rio sumiram
levadas pelos ventos
suspensas no ar como redemoinho
tempestade no deserto
mudança de tempo
mudança no mar
as água do rio
desertou.
Negro não olha para o outro
o negro é ofensivo a outro
reage com violência

VISÕES – 84

O mar potencializou a sua fúria
a sua fúria
e invadiu o leito do rio
sangrado.
O mar desemboca no rio
represado na foz em busca
de sua nascente
invade o rio pelas várzeas
alongando seu leito de morte
estendendo o lençol d’agua
com fúria de maré cheia
invadindo, alastrando, devastando
as terras margeadas em erosão punitiva
terras ribeirinhas e litorâneas
o rio grita encurralado, represado
e o mar, invada para chegar
ao olho d’agua e desviar o rio

VISÕES – 85

Se em peitos que ferve
infâmias tremendas
avultam comendas
e prêmios de honor
é que, com dinheiro,
os rudes cambetas
e mudam de cor

Luiz Gama 1859

Luiz Gama, abolicionista negro preto,
baiano de Itaparica 1830 – 1882

VISOES – 86

Hórus, Hórus
olhos de Deus
olhar da lua
lágrimas de dor
Hórus, Hórus
filho vingador
nascido pós morte
Set, pai tio revivido
olhar de sentinela
visão de Falcão prescutador
água suspensa no mar desértico
sonho, pesadelo
Oranian e os seios fartos de Iemanjá
visão esquálida do universo
em suspensão

VISÕES - 87

Visão esquálida
do universos em suspensão
estou indo para longe
bem longe, perto daqui
senti o calor do sol
que chora no sertão
amparando pelo vento de visão
eclipse da visão
do olhar angustiado
reflete o infinito das
cores bizantinas
acordei ouvindo
minha própria voz
ouço vozes na solidão
no meio da multidão
silenciada
e descubro que são
minhas próprias vozes
revistadas.

VISÕES – 88

Pandora deixou a Caixa
na barca que sobe o Rio
no encontro do Mar da Solidão
Jafet com Sem vê o pai nu
Cãn, olhos da inocência
Noé, nu e embriagado
em mares nunca dantes navegados
por Tumbeiros navios negreiro
amaldiçoa Cãn o filho hilário,
a servidão dos seus irmãos,
abençoando Jafet a ser ungido
pela servidão de Canaã.
E o Mar correndo para o Rio
invade as matas siliares
desertizando sertão
numa piracema do Gêneses
a Barca de Noé
visão angustiada da Besta
na festa de Babete
e Canaã seja seu escravo
o ultimo dos escravos dos seus
irmãos.
Noé, Noé, Noé sua barca vem.

VISÕES – 89

Abra as janelas dos seus olhos
e mostre a visão que se fechou
apagando imagens
devastando memórias.
A justiça é cega para quem não vê
atua de forma dependente e imparcial
emoção em degrad
um suspiro de ébano
cheio de sol
nas ondas que perdi na areia
nas areias do asfalto a
da praia formosa

VISÕES – 90

O que fazer
com negros
que não são pretos
e os pretos
que não querem ser negros
e os negros
que querem ser brancos
se nenhum deles se reconhecem
como negros.
Quem são arrogantes
com os pequenos
são subservientes
com os grandes

VISÕES – 91

Vivo a solidão do meu passado
no presente repressivo, frio e violento
revisito o passado para ver o futuro
que gerou a dissidência do meu ego
uma histórica, trajetória de vida
em grandes feitos, esquecidos
marginalizados pela prostituição
dos agentes defendidos
piratas, mariposas que vivem
ao redor dos que lhes pagam mais
parasitas, alpinistas sociais
em busca de calor do poder sem rosto
mas poder posto.
Revistas, meu passado indo ao futuro
para saber meu presente
como Exu que transporta azeite numa peneira
e matou o pássaro ontem, com a pedra
que somente hoje atirou.
Meu presente, é meu futuro do passado
que verá.
“Quem não aceita o passado
não terá futuro”

VISÕES – 92

Minha resistência se esvai
cada vez nitidamente
sem recursos de presenças
a estrada se estreita e
afasta transformando em
paralelas e eu não sei
identificar a real da natural
o enfrentamento diário
é uma tortura na luta para
defender o negro e tenho
que me defender dele
o racismo entre nós
tem a força infinita do silêncio
e vive de interditar
seu próprio nome
e com o ataque do negro
sinto que não há mérito
em combater o racismo
de tanto denunciar o racismo
sou cuspido pelo negros
e acusado de encrenqueiro
fazedor de caso e criador de problemas
e os negro torcem o nariz

VISÕES - 93

Racismo, fome, morte e guerra
são contendas apocalípticas
da Caixa ‘de Pandora
e só esperança restou
como estimulo de luta
no enfrentamento diário
da Babel adormecida
na Sodoma e Gamorrizada
a vista da estátua de sal
Mulher de Ló, em a virgem
ultrajada pelo assédio
dos homens poderosos
prometeu acorrentado por Zeus
paga pelo amor aos homens
marcado pelo fogo que roubou
do Olimpo que não impediu
Epimeteu de violar a caixa
da bela Pandora, filha de Zeus
mulher esposada pela ambição
do poder em ser o que jamais
seria: Democracia

VISÕES – 94

Que faz da policia
o braço armado do governador
em defesa dos seus interesses
e do seu grupo, cada vez mais
fortalecido para transformar
nossos direitos em favores
da aristocracia governamental
o oráculo urbano
sobre a luz do segredo
revelado na noite do rio
descobriu meus olhos interpretando
a sombra da eterna sabedoria
do ancião na calçada do tempo
sonhei, com a lua em Vênus
onde a estrela do Arcano
iluminou a terra de esperança
dando expressão ao oráculo
da casa ardente.
Na visão do passado
que sustenta
a áurea de minha esperança

VISÕES – 95

Vejo com olhos lassos
a inteligência da resistência
sufocada nos porões da democracia
personalizada que matam nossa
inteligência e alijam os intelectuais
cristalizando os coronéis, intelectuais
fabricados nas camarinhas do poder.
Olho a tristeza de um amor pranteado
violado no pensamento e castrado
na expressão.
A luz do silêncio festejado
na avidez da consciência esquecida
no gueto do poder atropelado
no circulo triangulado.
A visão do meu vilipendio
na nave da saudade é minha lembrança
adormecida pela força da tortura
conspirando na eixo da linha dura, burra.
alucinada pela notoriedade do
poder absoluto da corrupção
festejada

VISÕES – 96

Devo aproveitar o dia
de hoje como se fosse o último
porque talvez o amanhã
nunca cheque e eu não
seja o que luta para ser
vejo estrelas nos meus sonhos
de ser sem ter, mas sabendo
que sou.
Reconheço que sou negro
e como negro sou reconhecido
mais minha luta não é reconhecida
nem, pelo negro que defendo
e pior pela comunidade
escravizada pela cor e mortalidade.
Por isso, vivo intensamente
como se não houvesse amanhã.
sem a preocupação do reconhecimento.
É meu ato de covardia.

VISÕES – 97

Caminhos sem sombra
no clarão do dia nublado
sem sol.
Caminhos cruzados
na margem do rio contaminado
de espumas e sal
caminhos sem sombras
barco vazio a deriva no estuário
encalhado no leito de um lençol
sem cor
Ilha de tristeza
sem luz e estrelas
sem canto, rio morto
desolação.

VISÕES – 98

Mãe dos seios lacrimosos
proteja o rio, Opará de Oxum
traga fertilidade
rainha das água que vem
de Olokum, traga água doce da mar
para povoar essas margens
manda Oxumaré que fica no céu
controlando a chuva que cai na terra
proteger o rio, destruir as barreiras
com a força do vento que respira
Iemanjá Apara que vive nas águas
doce na confluência dos rios
suplique a Oxum que não se ausente
e purifique, revitalize o rio para
sua gente que nas margens
espero a volta das águas
a vida, o despertar de Opará
gritar a sua saudação.

VISÕES – 99

A polinização do seu olhar
fecundou o rio cristalizado
de luz que emana dos meus poros
terra da confiança
inicio da vida na gênese
do olhar onde procuro
a expressão do meu na
peregrinação do passado
do luar de amanhã

VISÕES – 100

Meus olhos turvaram
quando disseram
apontando para mim
que sou um negro de alma branca
que apensar de ser negro
sou inteligente.
Visão travada do elogio
marginal.
Dizem que não sou negro
sou moreno, negro não
é falta de respeito
chama alguém de negro.
Agora chamam-me
afro descendente
para me desqualificar
sou negro preto, urubu
macaco, fedorento, tribufu
sou bicho, o cão
macumbeiro, maconheiro
bagunceiro , fazedor de caso
luz ofuscada pelo brilho
da inteligência superior
quando dizem que negro é baixo
e inferior
e meus olhos a fitar a noite,
brilham como uma estrela cadente.

VISÕES – 101

Na noite de lua cheia
vi no céu todo estrelado
o Açor-Íris iluminado
transportando água do rio
para o sertão.
Meus olhos
não paravam de acompanhar
o fluxo d’agua que percorria
os anéis fluorescentes
na transposição
do líquido espumante
para o solo ardente do sertão

VISÕES – 102

A voragem do tempo
troce uma miragens ardente
de sois e estrelas que movimentam
em imagens alucinantes
Vejo no céu a visão
do apocalipse do sol poente
emigrando para torres de Babeis
nos quadrantes do tempo,
onde as águas flutuam em torrentes
agigantadas no reflexo do mar a dentro
Visões alucinadas de transporte
em tromba d’agua vertendo no Arco-Íris
transplantado.
Visões em transe na orgia de
Dantes no inferno de Bacantes
cristalizada em gelos e estátuas mutantes

VISÕES – 103

A violação dos meus direitos
em plena luz do dia denuncia
a violência institucionalizada
onde os poderes associados
se uniram para deixar de existir
meus olhos buscam caminhos
na solidão do desejo injustiçado
pela negação de mim
fantasma do dia, varando noite
a dentro réstia de luz vítima
da conspiração do poder contrariado
que persegue fere e mata
a ótica do poder que me tortura
é a limitação de minha liberdade
para sonhar liberdade sem privação
com dignidade e oportunidades
de interagir com direito de ser
amado, com direito de ser
feliz.

VISÕES – 104

Esse conjunto de normas
que invade meu campo de visão
abstraída na luz dos desejos
objetiva o direito de ser e ter
na subjetividade da minha capacidade
de agir conforme a lei natural
onde as estrelas brilham conforme
a transição da terra e do sol
direito naturais emanado da força
imperativa não da deferência
do Estado que os transforma em favor
contrariando os meus costumes
tradicionais do imaginário
coletivo na expressão dos
direito positivos, inalienáveis
e intransferível sobre a proteção
do olhar vigilante da consciência
iluminada.

VISÕES – 105

A luz dos meus direitos
legítimos , legais e constitucionais
sobre o ponto de vista do poder
absoluto dos grupos de interesses
que determinam a ideologia da dita
democracia absoluta dos dominantes
não há luz que resista ao brilho
dos iluminados e este é o poder
que pega, bate, arrebenta e mata
fazendo, sancionando e aplicando
segundo seus interesses imediatos
e se contrariados, revoga-se
oferecendo outra interpretação.

VISÕES – 106

Os piores negros
são aqueles que se calam
antes o linchamento de outros
tornando-se cúmplice do crime
por omissão e covardia
testemunhas mudas da morte anunciada
os piores negros se realizar
nestes atos praticados
pelos brancos e em seus nome
para se manter no poder e ou
no grupo e serem por eles citados
discriminam os negros que se insurgem
e lutam por direito coletivos
sem aceitar que os troquem por favores
os piores negros, são os mais criminosos
os piores dos cries
são praticados por este negros
omissos, covardes e sem moral
negros sem consciência étnica, política
ou psicológica.
Esses negros safados de mentalidade
escrava.

VISÕES – 107

Ainda hoje,
a luz do dia , da lua
e das estrelas
da sabedoria rejeitada
e dos holofotes. Inteligentes
somos negros
objetos de estudos
da ciência e das elucubrações
acadêmicistas de engodos dissertativos
e tese alienadas
para provar o óbvio,

VISÕES – 108

Esse brilho flagelado da dor alheia
exílio mental de corpos mutilados
em asfalto fragmentado de ondulações
meu olhar dominante,barrou os seus
e eclodiu na miragem escaldante
de sua ação masoquista de intenções bizarra
O contorno da luz sobre o asfalto
traduz a jornada na estrada, rumo ao norte
de minha inspiração que acentua a
presença degradê de uma ausência anunciada
que brinda a chegada na partida
numa saudação ao maniqueísmo
dão caminho do escultor mutilado.



VISÕES – 109

Ego ferido, comiseração da
auto estima em frangalho
Ando despido na noite
Como símbolo de proteção
auto defesa, imunidade a morte súbita
Um espectro humano desesperado
numa refração do ego ferido
Antes de Cristo já existia amor
entre os inimigos e o apelo ao perdão
na preservação da vida.
Sem a expressão da nudez e mãos levantadas
e sim estendida num abraço fraterno
do filho pródigo ao abraço do pai.
A síndrome de Cain desperta
ruptura do primogênito.

VISÕES – 110

Transmutei meu corpo profano
e despertei a ira de Babel
Busquei a minha mente como refugio
e mim exilei em seus recônditos.
Lapsos de memórias me levaram a exaustão
pela hipnose refratária e debrucei
na Teoria do Caos lutando pelos meus
contra a Esquizofrenia Racial
que separa a emoção do pensamento
levando ao suicídio cultural
tal qual o vôo da borboleta capaz de
causar um Tufão do outro lado do mundo
uma ação nefasta em cascata
a perda da memória ancestral
numa hipotermia racial

VISÕES – 111

A fantasia mim fez matar
o meu sonho de liberdade
numa energia parasita que dominou
meu sonho de subir a montanha
e deitar sob o esplendor das quatro luas
no clarão do sol nascente.
este aquecimento, esfria o meu pensar
e busco marcar os passos do meu coração
acelerado, fragmentando minha visão
animadora do ritu da andropausa precoce
na torpeza da hipotermia , certo de que
quem nunca teve azar, não teve sorte alguma
e continuo sonhando, animando minha fantasia.

VISÕES – 112

As estrelas brilham
compondo a constelação de Divas
guerreiras, animadas pelos olhos da canção
Negras Divinas, Guerreiras,
Guardiãs do Aramefá
Elizete Cardoso, de Chuvas douradas
na Poeira de Luz
Diná Menezes, marcando a Canção
do alvorecer entardecido nas Questões
e Condições do Negro sergipano
brilho da visão guerreira.
Núbia Marques, no compasso da resistência.
Um ser de luz.
Cometa que passou no brilho do nosso olhar
Emília, dona Bibi, guerreira renascida nas
lutas desiguais acenando
caminhos transculturais.
Saudades nossas ,de olhos marejados
festejando em recitais mirando o céu
estrelados, na noite das estrelas divinizadas
Divas da Canção do Amor Maior
A música está tocando para vocês agora
e tocará para sempre, um repertório de Amor e Paz
Ancestralidade em tom maior.
Olukotun.

VISÕES – 113

Seu olho cumprido
viu meu ataque de pânico
e apagou a luz de minha estrela
deixando em plena solidão
O sonho de luz
ofuscou ás imagens
de minha memória
numa fusão do meu futuro no passado
como um eclipse dourado
envolto de cristais suspensos
em milhas de mares congelado
no mimetismo ótico
desta miragem.

VISÕES – 114

Oh! meu Rei!
Olha, na minha terra, negro sofre,
é vítima e agente do preconceito
Negro, não sei porque
não gosta de negros, principalmente o preto.
Quando um passa vê o outro
fecha a cara, bota a cara para o outro lado
faz gestuais obscenos, tipo coçar o saco
cospir, bater os pés, desconjurar e se benzer.
Nós, os negros, se pardos ou mulatos
buscamos o referencial branco
porque assim nós entendemos
que negros são os pretos.
Os pretos se detestam e são mais
cordiais com os brancos e pardos
com quem competem o espaço branco
e discriminam os seus iguais
principalmente no âmbito da religião.
Os pretos evangélicos tratam os pretos
do candomblé como diabo e estão sempre
cuspindo e lhes desconjurando.
E o pior é que no Candomblé, se reproduz
todos os preconceito e estereotipos contra os pretos.
Antes era a ponto de Irradiação e Resistência
da Cultura Negra entre nós, agora é reduto
de politicagens em favor de partidos e status
de adés – iabás, deslumbrados com a magia
das conquistas e exibições dos seus séqüitos
Já se foi o tempo em que as Iyabas, eram
as Damas, Rainhas dos Candomblés entre nós.
Hoje os Orixás padecem e os Axés violados,
não tem mais forças para se defender.
A maior afronta do preto, é outro preto,
são os pardos e mulatos que se dizem brancos.
Quando um preto enfrenta um branco
tem contra si, outros pretos, os pardos e mulatos
que reforçam o estigma de que preto
é encrenqueiro e está querendo
aparecer, e o culpado é ele.
É por isso, meu Rei, que a justiça criminal é racista.
Qualquer branco ganha do preto
e do negro em geral porque suas
testemunhas são os próprios negros.
Parece, meu Rei, que vivemos no século XVIII
onde negro não podia se defender do branco
e era proibido representar contra seu senhor.
Sou contra as Cotas nas universidades
porque entendo que a inteligência do negro
não é menor que a do branco; menores
são as oportunidades de crescimentos, e isso é porque
negro não faz nada, em beneficio do próprio negro.
Sou contra a invenção partidária da afrodescendencia
e da nossa Educação Racista.
Há uma cristalização da Entropia
na saúde da população negra e educação.
Só se interessa em manter os brancos no poder
e se tornar capacho deles.
Em Sergipe os Três Poderes são
majoritariamente brancos,
sendo difícil ver um preto nos escalões.
Pretos e negros aqui só servem para votar
e ser cabos eleitorais, de resto são descartados.
e se por acaso, chegam ao poder,
arrasam com os próprios negros.
Lá eles são brancos.
Meu Rei! Ser Negro no Brasil é uma barra
e ser negro em Sergipe, pior ainda
porque aqui clareou, virou branco
e nossos irmãos de raça
tem a mentalidade escrava
e apesar da cor da pele , mentalmente
são brancos, mas não deixam de ser escravos.
Eu, meu Rei, sou Negro, sou Preto, vivo
como escravo, mas sonho com a liberdade
e por isso sou livre, mesmo discriminado.
Sou filho de Oxosse, da Casa de Xangô Aiyrá
não nego meu natural, minha etnia,
meus Ancestrais,minha Nação.
Xangô Obá Mió.
Saudações meu Rei.
Mú padá mó iro okourim.

VISÕES – 115

Canonizei seus versos
nome , voz , imagem e olhar.
mumificando seu corpo
sacralizei seu nome: Opará
Fecundei dos quatros elementos
e nasci de mim
gerado no ventre da terra
nutrido pelo fogo,
criado pelo ar
e amamentado pelo Rio
Sou o Negro D’Agua
ícone em mutação.
da destruição anunciada.

VISÕES – 116

No asfalto deste sertão
vejo as margens do São Francisco
seu leito cheio de bancos d”areia
águas paradas de encontro ao mar
barcos encalhados, casebres construídos
e favelas de pau a pique, encantam turistas
Vejo do asfalto, as margens do rio
meninos em versos, pululam
barreiras imaginárias imitando
a piracema contada por seus avós
lendas, costumes, crenças e tradições
no esplendor do por do sol
e majestade da lua e o espelho d’agua
na correnteza do rio que descia
para o mar.
Vi no asfalto, a nascente do rio
devastada , cerrado incendiado
e no baixo São Francisco, os meninos
brindam suas felicidades seqüestradas
e perto demais não conseguem ver
seu presente sem futuro, se não olhar
pela perspectiva do algoz
e saberá que nem todas as lições
podem ser ensinadas, têm que ser vividas
para sentir e entender até que possa despertar.
Organizar memórias e pensamentos
numa visão única, o registro detalhado
desta trágica trajetória.
Meninos, enquanto isso... navego no asfalto
em busca das águas do rio.

VISÕES - 117

Os efeitos da Lua
não atinge mais o Rio
suas fases, quadrantes e influências
perduram no calendário lunar
memorial das águas caudais.
Sinto frio, calor e raiva
meus olhos não lacrimejam mais
a vis]ao entorpecida
só enxerga na escuridão
O ciclo da Lua não atinge mais o Rio



VISÕES – 118

Organizei minhas memórias
e pensamentos e joguei no Rio
para purificar a dor e a solidão
dentro de mi m, numa sagração do batismo
Batista, João do Jordão
Senhor da passagem, neste rito de amor
desesperado, onde mim revelo a ti
como o Profeta diante da Caaba,
nu de corpo e olhos de pescador.
Botaram um Torniquete, no Rio.
gangrenaram suas pernas,
já não anda mais.

VISÕES – 119

O Homem Santo massacrado
vilipendiado na multidão
pela policia ultrajado
pelo juiz sentenciado
e na cadeia castigado, constrangido
Profanizaram o Homem Santo
vítima no banco dos réus,injuriado
criminalizado barbaramente difamado
O Homem Santo, negro centenário
descalço e roto. Não mendigava
oferecia suas preces e energia
a uma criança caída de fome
chorava a dor da humilhação
O Homem Santo, chorou
pelo desprezo, pela negação
O Negro Velho chorou
lágrimas de rezinas da cor do azeviche
O Ancião, clamou por prudência
e cadenciado se afastou, claudicando
e o menino, só o menino. Chorou
A Criança maltrapilha, é a chave
da insurreição, o Anjo Negro
e o Velho, Ancestral redivivo.
O Homem Santo profanizado,
meu Oluwo divinizado.

VISÕES-120

Realizei meu ensaio pornográfico
na Boca do rio, sobre os olhares
de miragens – teoria de estrelas
transparentes e frias
Olhei o o espelho d’agua
debaixo dos Lençóis
sentado no Banco de Areia
corpo rijo, suado de ventos
vendo o Negro d’Agua a deriva
sob o luar das Estrelas cadentes
em cântico litúrgico das almas
em plena transposição estelar.
Delirei na Foz em frente ao mar encapelado
e mim exilei na ilha dos Ancestrais
Farol de noites passadas
e minhas fotos saíram focadas
na áurea do Rio Assoreado
O murmúrio dos ventos do quadrante norte
trazia mensagens urgentes das vozes sonantes
- Suba a Canastra e mude o rumo do Rio
para curar a miopia dos Olhos D’agua
Meu passado aflora os sentidos
e desperta minhas lembranças
nas Visões do Olhar em Transe
represei o Olho D’Agua e desviei o Rio

VISÕES-121

Espelho d’água na montanha
dos ventos nascentes
córrego sibilante que desce a rampa
em cachoeira, entre vales
várzeas, rios ao mar.
Água cristalizada do cimo dos montes
cordilheiras em nuvens
chuvas fugas
água diluviana – purgação
fuga do Mar Vermelho
batismo no Rio Jordão
Água Grande do “Iguaçu”
sangue da terra seiva da vida eterna
que não envelhece
renovação da natureza viva
devastação da morte inanimada
água que jorra e passeia
debaixo da terra
Água que cura e fortalece a alma
limpeza astral, do corpo inteiro
acalma, relaxa corpo fortalece
o espírito
água doce, salgada, salobra
seja de rio ou mar. Lagoa, poço
fonte, riacho ou cachoeira
água de curar, água de beber
benzer, batizar, cozinhar
de matar.
água de colônia, marinha, estagnada
aguardente. Energia reparadora
água nascente, milagrosa
fria, quente ou gelada, aguada
de coco, de chuva, mineral
natural, oxigenada, sulfurosa
estou nas águas de Iemanjá
Mãe D’água do rio fundo Opará
água viva de cheiro do mar
vertendo água, oxigenando o ar
nas chuvas de verão.
água para quem tem sede, na fonte da vida
água para apagar o fogo sagrado
na sala de som, ecos da verdade
águas de março em lua cheia
trazendo as Águas de Oxalá
vamos maiongá e saudar Oxumaré


VISÕES-122

Olhar é viver intensamente
vejo o futuro no passado
numa linha transgressora
futuro urgente de um passado tardio
desertificação da esterilidade
emocional.
Vejo o futuro onde só há deserto
um presente do passado flutuante
da minha visão suspensa
e continuo tentando
pra poder recomeçar
e acima da linha, vejo
o lado sombrio da imagem
refletida na minha mente

VISÕES-123

Guardiã de minha áurea
de mim espedaçado
parte pelas vibrações do fogo
no rito da sagração de Hórus
do orô da iniciação
nas águas de palma, vinho
da seiva derretida que borbulha
no vento e pinga no seio de
madrugada que se despede
ao raios do sol.
Gotas de orvalho
guardiã de minh’alma
Reduto do meu pensar
chapéu de cordeiro
energia do meu espaço
domínio de fé com fé
cantando, chamo o vento
para trazer minha emoção
canto e chamo o vento
para ditar minha razão
Chamo o vento, para fortalecer
a alma do tempo em volta
de mim. Atravessei a cachoeira
e sua cortina de prata. Para o túnel
de luz no leito do rio das revelações

VISÕES -124

Choro lágrimas cristalizadas
sorrindo da minha história
lavando a alma dolorida
com rajadas tempestuosas
de sangue, deste parto sem dor
E vejo massa de ar em tempestades
vulcânica, com lavras densas
vindo em minha direção
com imagens fantasmagóricas
petrificando meu corpo
com este olhar de Medusa
refletindo enfileirados
imagem refletida
no encontro dos raios
estátuas amontoadas nas encostas
de minha visão iconoclasta
Meu divino está profanado.
minha inocência violada
com o poder da fé
e choro rios de lavras
transformadas em areias
que cantam.

VISÕES – 125

Quente noite, salão sufocante
infestado de putas e rufiões
gente perdidas na noite vazia
cheia de esplendor e gozos
nas calçadas repletas de veados
travestis que disputam os marinheiros
sedentos de marajuana, aguardente
bebidas suadas, secas, balançadas
sangue de corpo que baila
sangue no caturro do navio e ondas do
mar aberto .
A solidão ressacante e fria.

VISÕES -126

Nuvens opacas
se diluem lentamente
e meus olhos recuperam
a visão periférica descortinando
a verdade que não quero ver
Meu olho dominante, diz que vivo
num mundo que se abre sobre si
a ilusão da fantasia e inebria
a alma empobrecida de expressão
mostrando minha verdade revelada
no espelho que mostra minhas emoções
refletindo meus segredos.
A atuação do passado define o futuro

VISÕES – 127

Não busco a esperança no presente
meu futuro é meu passado
a grandeza de ser sem ter,
mas sendo o que sou.
meu presente é ficção
de uma realidade perversa
o passado é o futuro sonhado
realismo fantástico do personagem
que sou, ator, autor do destino
na alegoria do prazer
com a licença de Olodumaré
a esperança de saber que sou.



VISÕES -128

Oh! Meu Pai. Filho.!
Sonhos opacos de minha entidade
que se replica constantemente
no meu coração, sem razão, emoções
E mim deixa e usa como oráculo
na previsão, como profeta
da emoção e canto de dor
no circulo divinatório
da mandala real no quadrante
do circulo de areia em tempestade
desértica em ventre fértil
uma impctação premonitória

VISÕES – 129

Esta noite tão fria
dilue minha visão
e abafa o fogo que emerge
do meu corpo, calor sufocante
que enrijece meu pensar
e a fila não anda
Caminho em circulo
e volto para o mesmo lugar
um deserto de multidão fratricida
enlouquecida e surpreendentemente
solidária.
A dor do meu riso
marca o compasso do anjo adormecido
no asfalto, protegido pelo espelho
d’água murmurante que eleva em cachoeira
de elevação do pastor que teima pregar
para um casal antagônico de visão dispersa
e crenças paralelas num ri tu ao corpo
petrificado da mulher de Jó
visão do falo de Iyangui
montículo de terra

VISÕES – 130

Fantasma do Apocalipse
alucinam os meus sonhos
com imagens de Pandora
Vozes de fogo
embarcam minha visão
e ouço sussurros cinéticos
gritos e gemidos hilariantes
fazem cobranças do que não fiz
e não vi por recusa do olhar
e fujo da Caixa que se abre
a visão fantasmagóricas da tragédia
anunciada por Zeus, por João
domínios de Oxum

VISÕES -131

A lúdica do pensamento teológico
fragilizou minha identidade colonizada
e impôs pecados na minha fé
abalando a constituição do meu pensar laico
e descolorindo a sacralização de minha áurea
profana, na distancia dos meus orixás banalizados
com a desconstrução das tradições do meu povo
num terrorismo maniqueísta medieval.

VISÕES -132

Nuvens orográficas pairam
sobre minha cabeça
transformando sentidos desejados
na flutuação atmosférica
do meu olhar turvado
em pigmentos de cúmulum nimbus
anunciando temporal.
Volto para partir no delírio
da chegada numa despedida casual
trazendo respostas de perguntas
que não fiz ao filho que será meu pai
na visão do passado que descortinou
a ação deflagrada no desejo da noite
de lua eclipsada com arcos dependurados.

VISÕES -133

Não importa se minha aparência é ruim
se mim sinto bem já vale apenas
o status me impôs uma boa aparência
para que mim sinta mal
Chove torrencial a minha volta
é muita chuva para pouca água
numa terra sedenta e estéril
vítima de desertificação
coberta de asfalto.

VISÕES – 134

Rios de lágrimas jorram
de olhos sofridos e alma em suspensão
ao ver as vestes litúrgica
numa visão entrecortada de tristeza e dor
corpo que se esvai da energia vital
a dor do desespero e uma lágrima mítica
caí, penetrante e fria aquece meu coração
congelando minha visão do fim do mundo
num despertar para a vida, renovado
pelas lágrimas da Fênix que meus olhos
não viram no ritual de passagem
da revisitação ancestral.

VISÕES – 135

Em baixo do Baobá
sobre o sol escaldante
o Cordeiro berrou num grito
de revolta, libertando o cabrito
que existi dentro dele
é a Fênix renovada pelo fogo
na releitura da expiação.
Cabrito bom não berra
Cordeiro berrou despertando
no povo a indignação e revolta
pelas liberdades na quebra do mito
da sujeição subordinada
o Cordeiro não pode ser Bode Expiatório
a Nação dos oprimidos se alevanta
aos berros do Cordeiro que se revoltou
não para o sacrifício, mas para a sagração
da liberdade.
Ashe Kaô!!!

VISÕES – 136

Negro, na minha terra é o preto
pardo e mulatos são brancos
não consideram a marca ou origem
fogem do padrão em busca da afirmação
de suas matrizes branqueadoras
não se reconhecem como negros
Os negros são os pretos
e dificilmente se unem, tem vergonha
e nojo do outro não andam juntos
não se agregam ou se cumprimentam
esqueceram as lutas e histórias dos ancestrais
querem clarear e assumem a Casa Grande
se auto rejeitando para associar-se aos brancos
Quando meus ancestrais foram trazidos para cá
As Nações se juntaram para lutar por libertação
mas muitos negros rejeitaram seu povo
para ficar ao lado do dominador, supliciando
sua gente, através de denuncias e traições
Fomos proibidos de se reunir, se o fizesse
Era considerado crime- quilombo-fora da lei
E lutamos aquilombados em todas as frentes.
Veio a Republica e nos consideraram criminosos
Classificando a nossa união como Motim e
Crime de Vadiagem.
Resistimos mais perdemos
Muito de nós já estavam viciados
e o vírus do branqueamento
Foi a nossa maior derrota
eles definitivamente nos venceu
Dividindo através da cor,
acabando de vez com nossa raça
Dizimou com nossa origem,
culturas e tradições Um etnocidio.
Quantas cores o negro tem
e qual a que nos reforça e vilipendia
Na exclusão de estado de governos
e políticas públicas
Como somos instigados a odiar
os demais e proteger os “brancos”
Pela marca somos vilipendiados
por todos, discriminados como
Macacos, Urubus, Tribufus,Macumbeiros
Maconheiros, Carvão e a Justiça
dar razão aos réus e tipifica a
Nossa união ou reunião como Quadrilha,
antes foi Quilombo, depois Motim,
agora é Quadrilha e os negros e os pretos
cada vez mais se afastam e buscam
as luzes da s Casas Grandes.
E inventam modismo para não
serem chamados de negros
Agora importaram o afro descendência
para fugirem do estigma
Negro e dizem que negro são os pretos,
eles são Morenos Pardos, mulatos etc
.O que não é o caso de ser preto
Preto são os negros eles são “brancos”
porque tem a pele Clara ou clareada
na direção eurocentrica, a África para eles
É coisa de preto, de bárbaro, de atraso.
E buscam nas religiões
Européias a identidade e o status social,
porque cultura Eles não tem.
Cultura é coisa de preto.
Os Negros de Marca e sangue.
Que não negam seu natural,
apesar das cores que tenham atitude.
Na minha terra, negro é o preto,
o excluído de tudo, desde o
inicio da história com tantas
estórias para contar
Os nossos governantes seguem
a linha do Presidente desta
Província, quando editou um
Decreto proibindo os pretos
Escravos e africanos de freqüentarem
a escola. Alguma coisa mudou!
Acho que não. Onde estão os pretos
nos espaços dos poderes!!!
Para que ninguém seja discriminado
É necessário que o Poder,
detenha o próprio Poder..
A Casa Grande não concorda com isso
E a Justiça é cega mais escuta.
E os negros de peles claras,
os negões e afro descendentes
Padecem de anicefalia racial e são
culturalmente equivocados.

VISÕES – 137

A liberdade sonhada
e a muito custo conquistada
mostrou sua face, revelada pela
pela luz da realidade no silêncio
da solidão
A liberdade é um exílio
a felicidade é triste quando
não se tem ninguém a compartilhar
e se transforma em solidão
ninguém perdoa quem é feliz
ninguém perdoa vencedores
ninguém perdoa quem se liberta
A solidão é o preço da liberdade
é o exílio do guerreiro
é o preço do contestador.
Ícone da revolução do pensamento
A opinião e atitudes, navega na solidão
em busca de liberdade
delineia uma..reação tempestuosa
a consciência de ser livre
é a eterna solidão
liberdade para sonhar
liberdade para falar
Mas, discorde destas pessoas
e você será o inimigo
você será banido
será aplaudido pelas mãos do destino
e dos admiradores ocultos
que se refugiam no anonimato

VISÕES – 138

Olhar distante e desconfiado
carregado de tristeza, expressa a solidão
e a dor de ser amado sem poder amar
por estar amando
Angústia de viver é saber que tem
sem ser porque é
a melancolia do coração anima
cristaliza o sentimento da alma

VISÕES –139

Encontraram-me andando á deriva
na encosta do morro frente ao mar
olhar distante, desconfiado
carregado de tristeza melancólico
expressando a solidão a e dor
de ser.
Sentimento de ausência
melancolia angustiante
na alma de trovador dos ventos
ao cântico festivo das sombras
onde as nuvens esconde o sol
sem ter
Movimento e visão sibilante
fujo da multidão, companhia
sentimento forte de aversão
medo de ficar em pânico
ansiedade de chegar e saber o transtorno
fobia
quem sou

VISÕES – 140

Na ótica racial, tenho orgulho de ser Negro,
amo minha Raça e minha cor preta.
Sou negro de marca e de origem.
Na visão política, tenho vergonha de ser Sergipano.
Estado mais racista do Brasil,
onde pardos e mulatos se dizem brancos
e discriminam os pretos ,
reforçando a ideologia do branqueamento
e o ódio racial.
Pretos em Sergipe, não fazem
parte do espaço de poder.
Os poderes são majoritariamente branco.
Apartheih oficial de um Estado que não é laico
E ainda tipifica a reunião de pretos como quadrilha.
É por isso que os pretos se detestam,
não andam juntos muitos querem ser brancos
Esses são os inimigos mais temidos,
com uma arma nas mãos eles nos mata,
para ser simpáticos aos brancos.
Numa batida policial,porque policial não
tem raça ou cor, tem fardamento,
dão sempre um jeito de criminalizar o preto,
de repente ele passa a ser traficante,
viciado, ladrão, assassino etc.,
conforme o critério e humor dos policiais,
principalmente dos policiais pretos.
Aqui não existe justiça ou Direitos para pretos
e sim contra os pretos.
a educação é Eurocentrista.
Racista e Fascista.

VISÕES – 141

O olhar parcimonioso de Babet
festeja o sonho realizado
no repasto dos seus convidados.
Um sonho dourado da utopia
da auto sagração em reconhecimento
próprio na expressão do paladar
irradiado nas faces dos convivas
Babete agradecida repete
reproduzindo o sonho de viver
servindo o néctar aos famintos
há muito ressentido do calor
da essência de ser, por não ter
e Babete irradia memoriais
de uma vida, que simplesmente,
passou. Olubajé Ajé umbó

VISÕES – 142

Seu olhar
jorra luz diáfana
refletindo o horizonte
sempre nas luzes do entardecer
como feixes de vento
rodopiando por sobre a relva
levantando as folhas
úmidas da aurora.

VISÕES- 143

Olhar rudimentar
cheio de sofisticada visão
capaz de cristalizar
mágicos fluidos
das areias desérticas
de imagens urbanas
Os ruídos do vento
rompem as barreiras do reduto
refletindo o movimento que vem
na pisada das estrelas
que ninguém olhou.

VISÕES – 144

Olhei dentro do seu olhar
e vi seus sonhos congelados
imagem fragmentada
suspensa no ar
Sonhei um sonho
em preto e branco
e colori em raios artificiais
gotas de luz negra

VISÕES – 145

Olhar prescutador
rápidos movimentos
com extrema independência
velocidade excessiva no livre arbítrio
clareia na escuridão silenciosa
usando os espectros florescentes
do espaço livre
como ponte em suspensão

VISÕES – 146

Olho de lince
os predadores se espreitam
na sombra, para atacar
suas vitimas
como se não houvesse reação
como se não houvesse amanhã.


VISÕES – 147

A devastação a céu aberto
uma justificável arrogância
de visão distorcida
de quem transforma meus direitos em favores
A natureza grita, reage, resiste
transformando a cadeia de vida
na troca de espaço.
destruição a olhos vistos
desencadeia a solidão

VISÕES – 148

É muito cruel
essa dispersão
esse olhar desvairado
que fita parado a imensidão
do prado.
Triste e fria em sol escaldante
na manhã de uma noite
que fez o dia mais longo
de minha solidão.

VISÕES – 149

Tristeza iluminada
de alegria fugaz
faz de mim uma sombra
de sol, banhada da noite
Em eclipse argêntea
seus olhos expressam
uma ternura avassaladora
presa manifesta
Ecos de palavras ao vento
emoções, tempestade de luz



VISÕES – 150

O dourado do sol
azulado sobre o mar
prateado ao luar
do imaginário dos seus olhos
que brilham como
pontos estrelares.
São os brilhos das estrelas
no verde do seu olhar

VISÕES – 151

Não haverá barulho
neste mundo
capaz de silenciar
o meu grito de viver
a noite traz a visão em sonho
do dia que passei anoitecido
seus olhos são meus sentidos
e tudo que terei pensado evoluir

VISÕES – 152

Foragido da visão
esse olhar, busca na imensidão
a realidade perfeita
adormecido, ouve poesias
soltas no ar ao sons dos
pingos d’água cortados na caída
balanço do vendaval.

VISÕES – 153

Em visão ajustada , seus olhos
símbolo de conhecimentos
dos antigos sábios, profetas e Griotts
Estou na luz do seu olhar
campo de visão refletida
que transborda celebrações.

VISÕES – 154

Porto silencioso, vento frio
vermelhidão de um mar incendiado
com rajadas de ventos congelantes
coração no céu.
Meus olhos inquietos
procuram a luz que irradia
crepitantes, por cima das ondas
silenciosas... e encontrou você.

VISÕES – 155

Revistando as flores marinhas
busquei a saudade em visão de ontem
fixei na imaginação o cheiro de terra
de sol estrelado, na chuva e verão.
Encontrei a inspiração, de dedução
fragmentada em mim como uma
lágrima que cai a contra gotas
e lembrei do Sol, da Chuva e
no transporte me banhei na Cachoeira
do destino e saudei a noiva do Vento
com as flores do campo.

VISÕES – 156

O sol da meia noite
veio invadir o silencio
do meu quarto
sonho antigo de merecida
lembrança
se manifesta nesta luz
como raio de esperança
do guerreiro alevantado

VISÕES 157

Réstia de luz no mar
reflexo da luz e das estrelas
que piscam no firmamento
imagens de você.
Procuro os astros, estrela guia
Ursa Maior em busca do destino
que traz a visão da primavera.

VISÕES – 158

Sobre o meu olhar
a minha realidade
visão de minha história
ótica de memora coletiva
de minha gente,
devastada pela visão do colonizador.

VISÕES – 159

Pânico nepotista
de onde vejo o silêncio
dos olhares cúmplices, de sombras
anunciado no espaço reduzido.
Olhar atávico de visão maniqueísta
na academia do fausto alegórico
de cores mortas.
esta ótica universal do reduto
vivo ,reflete a imagem cristalizada
do tempo em suspensão.
Fantasia de minha realidade
do ser sem ter e sem saber
se é.

VISÕES – 160

A explosão no céu
clareou a noite
apagando o brilho
das estrela
e a luz dos olhos seus,
Segundos que tornou
eternidade
apagando a fantasia do pó
da poeira das estrelas.
constelação. e pontos de luzes
cadentes, qual brinquedos
de vaga-lumes e pirilampos
formando arcos ao seu redor
clareando após escuridão.

VISÕES – 161

Rompa o silencio
e viole a segurança oprimida,
não seja escudo a blindar
a traição.
O sonho visionário
abateu a evocação
da luz do sol sobre
a neve que tinge de vermelho
o sol quebrado do
sertão assolado.

VISÕES – 162

Você é minha narrativa
estoque dramático de ficção
realista.
Meu romance fantástico,
poesia livre ,de rimas curtas
luz de uma liberdade poética
vista do lado de direito
de quem vem.
Ótica translúcida de paz
demoníaca na tragédia
ainda não escrita
lida no sarau que passou
a luz de velas e lamparinas
na festa furticor, de sua
alforria literal.

VISÕES – 163

Uma visão dantesca
que provoca calafrios
nesta passagem de tempo
meticulosamente refletido
nos espelhos quebrados,
visões convexas.
Mares de estrelas prateadas
que cintilam no abismo
bloqueando a luz sentida
olhos múltiplos, paralisantes
como estatuas de sal
imagens sodomisadas de Gamorra
na expressão de

VISÕES – 164

Em sua visão
faíscas soltas no ar
serpenteia na escuridão.
As chamas de um vulcão
que fere vaporizando
o caminho que leva
a casa do sol
De tanto olhar e sofrer
implantei uma lente de fantasia
para não vê a sua tristeza.

VISÕES – 165

Seus olhos
aprisionaram meus sentimentos
minha paz e desejos
adormecidos.
violou a minha alma
e roubou delírios.
Na sua visão
vi meu tormento
que perpassa ecos da minha ilusão.


VISÕES – 166

Uma visão ferida
e olhos vagando pela solidão,
vendo aves de rapinas,
cabeças cortadas em
rios de sangue, boiando
no leito.
Neste dia
de noite eterna
gritos rompem o silencio
na escuridão iluminada
de São Bartolomeu.

VISÕES – 167

Radicalizar a denúncia
aos olhos do poder
é um golpe.
A visão distorcida
dos dominantes
cada vez mais se estreita
transformando os nossos direitos
em favores e cada vez mais
fortalece seus grupos, a luz
da ilegalidade, ofuscando o povo
com brilhos de fantasia.

VISÕES – 168

A lente dos seus olhos
deslocou sua visão
distorceu imagens
aproximando emoções
a lente iluminou estrelas
revelou a ira do doce olhar
escondido no poço
o olhar fujão e arredio
pela ótica do amor perfeito.

VISÕES – 169

A miopia de seu coração
alterou a conjuntivite contagiosa
me deixando o fluxo sanguíneo
do seu olhar, na retina.
Sentimento e visão medieval
estereotipo plural de luz
o brilho dos seus olhos
iluminam o espaço vazio
que procuro ocupar
na imagem refletida
de sua visão.

VISÕES – 170

Nuvem de cerração
tempestade anunciada,
escuridão iluminada
pelo facho do relâmpago.
Chuva de trovoada na miopia
do seu olhar tosco
de visão larga que refaz
a imagem deletada
da chuva com o sol
na luz colorida do arco-íris
no entardecer.



VISÕES – 171

Seus olhos desmentem
todas as minhas afirmações
a mascara do seu rosto
trai a intenção antecipando
a imagem transfigurada
com o brilho fosco.
o farol dos seus olhos
fere o brilho nos deixando
na escuridão, guiados pelas
estrelas.

VISÕES – 172

Na panorâmica do desejo
adormecido
tracei a linha do sonho
que sonhei quando lhe vi
no alcance de minha mira
lembrando o sonho que não
sonh

VISÕES – 173

Suas lágrimas
refletidas na luz
cria uma visão de paz
nas réstias que se espalham
em torno da sombra
areoladas do azul lilás
poeira de areia brilhante
refletem as estrelas
em noite enluarada
ampliando a visão de luzes
em chuva colorida.


VISÕES – 174

A visão da unidade
na diversidade explodira
de luz quando nos os negros
felizes ou infelizes
tenhamos coragem para
sermos negros
a vergonha pelo que fazemos
contra nossa raça em função
de classes e cores
pela falta de respeito aos
nossos, pela negação e preconceito
que praticamos dia-a-dia
contra nossos irmãos
só para preservar os valores
dominantes, discriminando
nós mesmo, numa suposta afirmação
de sermos brancos e ou negros são os outros

VISÕES – 175

A luz do direito
aos olhos da lei
sobre a ótica da justiça
o poder domina a ação
equilibrando a balança
aos olhos da justiça que
cega não vê as lagrimas
dos injustiçados, mas enxerga
os interesses da lei brilhantes
franciscano “é dando que se recebe”
onde a justiça é cega
mas vê as regras do poder
fascinada pelo brilho
cãs pedras.



VISÕES – 176

Se vejo meus direitos
serem reconhecidos como favores
concedidos por ordens
de coronéis, minha estrela
fica ofuscada.
Esta é uma visão condicionada
sob a ótica do maniqueísmo
engendrado para salvaguardar
a elite enfaustulada nos
brilhos do mandarinato
do sepulto rei sol
os maniqueus.

VISÕES – 177

A luz do direito natural
a justiça não faz jus
a lei do homem que consagra
a tradição, trai necessidades
do povo pelos interesses
de grupos controladores
a insegurança dos donos do poder,
corrompe a justiça que penaliza
sem o contraditório
A letra da lei, serve ao poder
que lhe apea e sufoca
manipulando seu olhar
na visão do interesse
contrariado é engendrada
na dependência, na vassalagem.

VISÕES – 178

Meu olhar transfigurado
mostra a cansaço de busca
mãos calejadas de luta
para ser o que eu sou
a visão laica da liberdade
insiste na farsa libertária
do ponto de vista maniqueísta
meu eu ofuscado
estou há muito
tentando ser alguém
que sou.
a aparência da lei é preservada
principalmente quando é
infligida
o espaço de poder é um fosso
onde a batalha é o instrumento
da guerra travada no levante
da maré

VISÕES – 179

O sol não ofuscou
o brilho do seu olhar
pingos d’água, pingos de fogo
gotas brilhante, raios de ouro
o fogo sagrado do seu coração
e irradia feixes de luzes profanas
pelo desejo sacralizado em gotas
do sentimento renascido
pela alucinação de sua visão
em ascensão e vestígio

VISÕES – 180

Esse olhar
protagonista da ação
movimenta as pálpebras decodificando
imagens selecionadas pela retina
ampliando objetiva numa alucinação
mosaica refletindo os raios luminosos
do pensamento em suspensão
esse olhar bifocal, estrábico de visão
táctil, toca o coração brindado.
pelo riso do mandacaru esturricado
no brejo do sertão em fantasia.

VISÕES – 181

A telecinésia
incendeia o espaço
no raio sinistro
dos seus olhos.
A solidão se faz
num grito estrondoso
varando o vazio e fazendo eco
na noite ensolarada
numa trágica dança
de multidão ferida.

VISÕES – 182

Seu olhar compartilhando
com minha visão exprimi
a magia do desejo sagrado
nesta tarde de verão ternura
de aragem e frescor aromatizado
canção da terra no silencio
que reflete desta luz brilhante
que traz na visibilidade
o perfume dos sonhos meus.

VISÕES – 183

Esse olhar terrível
nos deixa com calafrios e tremor
gela a alma e queima o sangue
fazendo das cinzas, lama pantanosa
olhar que suga minha luz
atrai e me deixa em agonia.
Esse olhar de visão sinistra
emana a dor, tremor e solidão
olhar da noite em trevas úmidas
tétrica que escurece os dias de primavera
olhar sem luz, tempestade em agonia.

VISÕES – 184

Sua visão reflete o mandarinato
traz as cruzadas e feudo
do rito vulnerável
na sacralização do beijo
visão bumerangue de um
olhar tardio entristecido
pela reflexão do próprio
desejo nas retinas dos
seus olhos.

VISÕES – 185

Olhar disritmado
distorcido pelo reflexo
condicionado na ponte
em suspensão.
Busquei nas asas da borboleta
a minha viagem adiada no tempo
e construir a passagem, um portal
e só vi focos de luzes incandescente
que maltratou a minha obra reciclada
pelo refluxo das ondas que não
identifiquei de onde veio, mas que
trouxe recordações não sentidas.

VISÕES – 186

Chora o riso do coração partido
num acalanto de emoções retorcidas
sobre a luz do meu olhar
Esse reflexo construído
é imagem distorcida
criada da imaginação confundida
pela visão ressentida
gerada dos prantos seu.

VISÕES – 187

Em frente ao mar
música fria em tarde quente
tudo frio em seu olhar
tarde desnecessariamente ambígua
visão adormecida
sonhos paradisíacos na madrugada de verão.

VISÕES – 188

Vejo a paz e desencanto
em seu olhar, uma alegria
rígida e fria numa viagem sonambulante
em queda livre e vertiginosamente
flutua na turbulência de um mar em calmaria.
Fagulhas de risos tardios
olhar de esquecimento na sombra
do dia anoitecido.

VISÕES – 189

No espelho eu vos saúdo
seus olhos firmes
fogem de uma mirada
buscando outros ângulos
com expressões brejeiras
compondo personagens e situações
sobre focos de luzes,
refletores.
Sua visão povoa
imagens utópicas
sonhos fantásticos
em fugas instantâneas do realismo
ator em busca de personagens míticas
na interpretação de lutas e ações de vida.

VISÕES – 190
A luz em seus olhos
brilha mais quando lhe vejo
olho buscando na imaginação
o seu sorriso irradiado
que perambula na minha
territorialidade espacial
e na multidão
só existe você.

VISÕES – 191

A força do pensamento
cristalizado perante a fonte
da vida, se expressa como a luz
do alvorecer.
trazendo recordações
que enruga o semblante,
numa visão triste de se ver
caixa de pandora, tragédia da vida

VISÕES – 192

Anime esses
olhos vazios e tristes
com esperança.
preencha de luz
os espaços vazios e soltos
para fortalecer o brilho
refletido na sombra, como
uma réstia de luz.

VISÕES – 193

Laceração e dor
nos olhos de multidões que vê
os odores da noite sentindo a sombra
na memória de um sonho apocalíptico
uma visão dantesca no rito da palavra
respirada, macula e negada
luxuriante luz de trovoadas em raios
coloridos como uma chuva de fogos
em noite festiva de ano novo
que abafam os gritos da multidão
faminta em banqueteantes.

VISÕES – 194
O foco dos seus olhos
fere e mata carbonizado meu coração
cristalizado pela visão gelada
de desejo reprimido que alimenta
sua ambição.

VISÕES – 195

A longevidade de uma estrela
eleva o brilho do seu olhar
a natureza de uma vida
que busca o caminho da eternidade
num abraço, toque de Midas.
Busco a claridade em minha fantasia
inebriada pela vontade de mina
perpetuação em você.

VISÕES – 196

Anestesiado pelo seu olhar
não vive o momento de maior
sentimento, a construção
da minha identidade
minha ambição se desfez
pela presença de você
meus sonhos visão do passado.

VISÕES – 197

O fantasma do Arco-Íris
atravessou o seu olhar
estamos na avenida
do esquecimento mimético
da visão atrofiada
rumando ao abismo de fundo falso
pela explosão da luz
que inebria e feri a retina
legado de fantasia.

VISÕES – 198

Visão dantesca
de corpos ardentes
brilho de luzes candentes
no túnel fantasmagórico.
delírios e tempestades
gotejam do seu olhar
inquisidor e fatal
que esmaga a sombra.
a luz encandeou
minha mente
desmemoriando meu destino.

VISÕES – 199

A luz do Arco-Íris
fragmentou as nuvens
e viu o colorido suspirar
de tristeza.
Mario Gusmão.
intelectual do povo negro
subiu como estrela cadente
deixando um vácuo
na terra ,Liberdade
todos os povos, santos, salvador
meus olhos na penumbra deste olhar
em primas Vera fez um pedido
no rastro de sua luz, visão de passado
reproduzido e ampliado,
na lente do amor.
guerreiro nas estrela do
novembro negro, visão de liberdade
Mario Zumbi, Gusmão da Bahia
Visões do Meu Olhar em transe.

VISÕES – 200

Olhar ausente
insulto constante
a inteligência do sentinela
que busca nos sinais
apontar o caminho que busca
olho através do espelho
e vejo suas pegadas
como espumas de torrentes
sigo intuições e min
perco no caminho.

VISÕES – 201

A árvore dos Enforcados
geme e sangra pela raiz
o brilho do mal sucumbe a luz
da terceira visão
modificando a cor
que irradia energia mágica
vinda da luz do sol de inverno
na primavera da vida que
refloresce a arvore de luz
e estrelas apagadas.

VISÕES – 202

Olhos de Jabuticaba
mel de açúcar mascavo
pequena luz de silencio
no meio da poesia floral.
Seu perfil de nevoa
moldado no sal da terra
em mensagem clara
ouvia canção de ventos
nos pingos de chuvas de verão.

VISÕES – 203

Mar espelhado de constelação
estrelas matutinas
que giram contra o vento
a tocha acesa em cores
ilumina o seu rosto
em sagração espelhando o rio
de águas paradas do mar
tranqüilo.

VISÕES – 204

Majestosa presença
que irradia luz
provocando curtos
e desconforto nos ímpios e invejosos
presença que marca e fica
na retina dos olhos
que vêem.

VISÕES – 205

Meus olhos,
Argonauta do interior
viajam pelo são Francisco
que tudo vê e nada pode
contra a devastação de suas várzeas
lençóis invadidos
leitos assoreados,
espelho partido
águas rasas invadidas do mar
são Francisco desfolhado manaçais
sem cores de viver o belo
das coloridas fotos de óticas
fantasiosas.
parece sufocado pelas queimadas
desbotado, cores pálidas
do sol aquecido sem movimento
das estrelas q despencam
sem a leitura do viandante pescador.
seus olhos vê
maré cheia, rio morto
em água viva, terra batida em espelhos d’água
represa, transposição

VISÕES – 206

O meu navio levantou âncora
com destino a outros mares
portos desconhecidos mar a dentro
o marinheiro é navegador das estrelas
na nave de mares bravios
o navio fundeou em frente
da praia visão de restinga
sem pescador.
em cada canto uma estrela
em cada porto um amor
em cada amor uma saudade
uma lembrança de rever
um olhar de você.

VISÕES – 207

Um abraço dado, de bom coração
faz milagres.
é uma energia que brilha
inundando o corpo da gente
iluminando todo nosso ser
Esse abraço é um olhar que vê
cura alimentando a lama
iluminando a noite escura
a paz do meu viver.
Seu abraço
fortalece o brilho do meu olhar
na sacralização do prazer.

VISÕES – 208

O olhar planando o espaço
reinventando a natureza
com brilhos sonhadores
dando asas a imaginação
machucando o desejo liberado
da placenta que rompe e projeta
o reflexo da corporificação
na sagração da primavera
amplia a visão sistêmica
do pensamento
materializado.

VISÕES – 209

As cinzas dos meus sonhos
transformaram-se em Catedral
nas areias, dunas de minhas ilusões
sobre Sol escaldante
levada pelo vendaval
sal de Lua cheia no Mar alto
de baixa estação.

VISÕES – 210

O sonho adormecido
raios de cristais
flutuando no rio em busca
da cachoeira de véu rasgado
reflexo do arco-íris no entorno
da lagoa encantada
formada pelas pedras limadas
canto de pássaro da noite
vulto de mulher etérea
no sopro vento.

VISÕES – 211

Chama cadente
feixe de luz na poeira de estrelas
no espaço ocular.
você é meu cometa, estrela cadente
no caminho do mar enveleirado
Rios assoreados, cheios de Cavernas
Igarapés, Paredões e Penhascos
florestas devastadas.
meu rio que vela por nós
clareia, mostrando seu sexo
degenerado em noites de lua
minguante de chuvas que não
cheia, imunda na barreira
trazendo toda margem para
a grande viagem que assorea.

VISÕES – 212

Visibilizando um corpo
caído no asfalto frio
desta terra escaldante.
o corpo flutua na areia
levado pelo vento em dunas
Este olhar que busca o sentido
é a reação do grito
da multidão invisível
sem voz e sem íris.

VISÕES – 213

Olhar o mar e viver na terra
onde as raízes se aprofundam
e fortalece.
a força da terra é a liberdade
no mar a felicidade de sonhar
com as estrelas na imensidão
do firmamento em canto
de primavera na viração
canção de amor das ninfas
na abóbora de cores e luzes
e deuses iluminados por
cristais de gelo.

VISÕES – 214

Escrevi uma Ode do ponto
de vista de meu personagem
vitima de minha angustia
sem ação regressiva,
sem roteiro, sentimento
ou expressão.
celebrei a explosão
de alegria estampada nos
olhos da platéia delirante
na colina do entardecer
sobre a luz das tochas
em constelação de silencio
emudecido pela voz do autor.

VISÕES – 215

O enigma do olhar
no riso da monalisa
seu olhar precede
meus sentimentos antes
de serem gerados em minha
visão, que se inicia no
espaço de aprendizados na
linhas das estrelas a
confirmação do sacerdócio
da divindade que sustenta
o ego divinatório, para
decifra o seu olhar
.

VISÕES – 216

O olhar emudeceu a voz vibrante
secou o rio de risos brejeiros
que irradiam de alegria as margens
de tanto chorar.
transpuseram suas águas
apagando suas estórias
lendas e tradições
a visão política partidária
provocou a erosão e desertizou
seu lençol seu leito de dor
gemida.
olho maldito de luz pálida
sem brilho.
aragem de ar cáustico, sufocante
queimada de mata sol na poeira
de cachoeira bancaria na sexa
do rio.
sal esturricado na terra batida
de maré seca;

VISÕES – 217

O impacto do meu corpo
flutuante em espiral
dilui a lembrança de você
quando a explosão de luz
cega meus olhos.
esse seu olhar distorcido
pela dor imaginaria
causou a visão antecipada
do meu sofrimento
para esquecer o fluxo
deste amor.





VISÕES – 218

Olhe a sua tristeza
e sinta meu sofrimento
nesta solidão tardia.
traduza a esperança adormecida
nos meus ais
que teimam em resistir
aos sentimentos de perdas
na esperança de querer
através do brilho da escuridão
ter a alegria de lhe vê
iluminada, sorrir.

VISÕES – 219

A expressões dos meus
sentimentos nunca adormecidos
emerge cada vez mais neste
monastério, refugio
de minha visão ampliada
nesta planície.
gotas que pingam na solidão
transformam-se em chuvas
refletindo memórias
e indagações acidentadas.

VISÕES – 220

Eu vejo na minha fé
sentimentos, satisfação
na expressa vontade
de lhe vê.
Como água que corre
no leito do rio dando vida
no chapadão e cachoeiras
que despenca com suas
espumas quebrando o silencio
da planície desértica
revitalizando a força da terra
do leito do rio de águas
estreladas.

VISÕES – 221

As faíscas empoeiradas
das estrelas que jorram
de seu olhar
são reflexos múltiplos
de natureza e vidas
que emanam de seu olhar.

VISÕES – 222

Na minha critica
anoto no caderno de campo
recados para revisão.
visão estereotipada da minha
intelectualidade atávica.
meus escritos são pensamentos
gerados do momento, são frutos
da fantasia. investigações
anotações dispersas, observações
desejos, indignações.
são viciados, pobres de expressões
e de vocabulários.
são poemas, nem curtos ou redondos
inteiros ou quebrados.
não se preocupa com rima,
estilo, regras, disciplina
ou princípios.
meus versos elevam meu pensamento
relaxa meu corpo estressado
estimulando minha imaginação
fixando imagens e clareando idéias
são sonhos terápicos e apolologístico
monologo do meu ego em delírio
na busca do leitor.

VISÕES – 223

Minha marginalização
vem do fato de construir
meu pensamento pela emoção
do momento e não pela luz da
razão acadêmica.
Minha divagação
é minha realidade.
o sentir para mim
é mais importante que o conteúdo
da razão contextual, pontual
nada elaborado
Escrevo para viajar e tirar
o peso de minha consciência
escrevo para dialogar
cansado do monologo
e de olhar a natureza
morta amontoada no canto
ocupando espaços e fazendo
sombras. quero a luz
do debate coletivo.

VISÕES – 224

Chamaram-me intelectual
disseram que não, andar com
intelectuais não me qualifica
como tal
vive no mundo da luz para as estrelas
sonhado com a eternidade
num romantismo utópico
quer mudar o mundo e luta
pela exposição de idéias
na projeção de ações inovadoras
vivo num mundo que se fecha
sobre si, como uma ostra
de cimento e cal
disse um amigo em boas eras.
Um Souza Oliveira
intelectual de primeira.

VISÕES – 225

Em minha visão embaçada
busquei o amor e mataram-me
a alma num infanticídio cruel
o etnocídio apagou a memória
dos meus olhos urbanizados
na civilização movediça
que enterra a cada suspiro
a memória das estrelas
apagando seu ego.

VISÕES – 226

O importante não é ser negro
mas reconhecer –se negro
e ser reconhecido como negro
aos olhos da lua a luz das
estrelas e na força da terra
que prende a raiz para o
fluxo da ventania e torrencial
das águas que controla o fogo
da vida no calor do sol.

VISÕES – 227

O olhar que bloqueia
minha vista
vem de revisitado ancestral
do fotocromatismo da minha
visão erética sacralizada
ao por do sol, queimando
minha íris numa poeira
de fogos artificiais
flutuei no brilho
de seu olhar
neste eclipse cintilante.

VISÕES – 228

Erosão, seca e assoreamentos históricos
extinguiram meu rio.
Pouco a pouco, suas várzeas diluídas
evaporam e os bancos de areia se formam
formando ilhas e represas naturais
dividindo o rio em lagoas e estradas em seu leito
No meio há um fosso, cuja água não reflete a luz
onde habita o Leviatã em seu lençol freático
o mar subterrâneo fala e nos diz a sua história.
O Rio... era aqui.

VISÕES – 229

Uma visão inquietante que machuca
e deprime meu coração torturado
por depressões de doloridos, encontros
desencontrados na tarde do primeiro dia de sol
em hora marcada.
O personagem não reconheceu o seu autor
imagens do meu inconsciente coletivo.

VISÕES -230

Seus olhos, pensam que me conhece
mas não sabe a extensão do meu sofrimento
Nesta tutela antecipada
a sua segurança em meu beneficio
isolam meus pesares pensantes
e sinto no ar a presença da solidão
inerte na presença de você
Vejo na chuva, pingo de sois e estrelas
imagens, sombras duvidosas
no orvalho em tempestades
olha na chuva canções de despedidas
sonhos do passado
saudades de você.


VISÕES –231

Descubram o espelho
voltei para a vida
meus olhos aos poucos
acostuma a luz do dia
e se preparam para festejar
a noite que se anuncia.
Há muito cobrir o espelho
para anunciar a morte
de minha existência
imagens e lembranças
bloqueada na minha memória
ressentida e desmotivada
Hoje é dia de festa e a lua
comemora a minha saudação
com brilhos urgentes e chuva de cristais.

VISÕES –232

Onde está o horizonte
da minha visão atropelada
pela barreira de luz
que ofusca meu brilho
perde meu sentido
meu amor e direção
Visão variada cheia
de matrizes e versões.

VISÕES – 233

Neste jogo de espelhos
minha imagem multiplicada
projeta indagações.
Quem sou. E você
nesta imensidão de luzes
sem estrelas piscando
Meus olhos no firmamento
de seu olhar busca visão
real as imagem verdadeira
na ética da ilusão





VISÕES – 234

Olhos verdes da ilusão
encontro de paixões
desencontradas na energia
do universo, sentimento acidental
no encontro das águas
reflexo de encruzilhada
no alto do mundo azul
Do pico desta montanha tenho
um sonho pálido transfigurado
de veias estropiadas com sangue
coagulado riscado de beijos
avampirados na lua cheia.

VISÕES – 235

No encontro da luz ofuscante
na embriagues solitária do seu olhar
apontando anseios o espaço
que cruzava o reflexo da visão
confusa pela nevoa flutuante
gotejada de águas suspensas
focos de luz, congelante no brilho
de cristais.


VISÕES – 236

Os olhos devassaram
Todo expressão do meu corpo
corpo nu em seu esplendor
e natureza crescente
numa harmoniosa maturação.
Corpo rígido
rosto orvalhado
boca sensual
riso brejeiro
voz morna e infantil
Essa infância maculada
na violação de sua inocência
pueril e luminosa
povoada de sonhos coloridos
flor ferida ainda em botão
não desabrochado ,pela invasão
dos sentidos feridos de morte
viração corrompida da luxuria
venenosa da mutação.

VISÕES –237

Seu olhar atravessou a mascara
protetora de minha expressão
dando brilho ao meu humor e ampliando
minha visão subalterna do seu olhar
que descobriu as lagrimas presas
nos meus olhos.

VISÕES – 238

Devastação na queimada de cima
do alto, morro de baixo
Eu vejo em seu olhar
imagens nítidas da destruição
fogueiras, fumaças, coração
O céu está fechado deste lado
de cá a espera de uma tempestade
para limpar a ferida em seu coração
atingindo pelas lágrimas caídas dos seus
olhos em profusão
transformado o rio em mar.

VISÕES –239

A embriagues dos seus olhos
amplia o reflexo da luz
diminuindo o brilho da visão
que aponta o infinito
No horizonte que tarde traz
de clarão que desce do rio
iluminado as margens mostrando
em seu reflexo o espelho
da vida que se esvai
no silêncio da invasão.

VISÕES –240

Explosões de luzes
estrelas cadentes
maremoto de plumagem barrena
deságua no canavial da praia
vermelha de lua cheia
porto ligeiro de fixa.
vejo na chuva que cai
imagens, sombras duvidosas
no orgulho em tempestade
Olho na chuva
canções de despedidas
sonhos do futuro
saudades de você
Seus olhos
pensam que me conhece
mas você não sabe
a extensão do meu sofrimento.

VISÕES –241

Tive uma visão noturna
ao amanhecer do dia eterno
Meu sonho flutuando
como folha seca destino
aprisionado ma montanha
de ventos perdidos
na luz do sol caído.




VISÕES – 242

Escarifiquei meu corpo
para poder ver minha alma
minha áurea, meus ancestrais
Catulei minha cabeça
e deixei o crânio a mostra
para sentir o vento passar
em viagem aos quadrantes
sem as Rosas em busca do norte.
É o despertar do meu eu
para o sopro de uma nova vida
na ruptura das correntes da escravidão
resistência contra a servidão e subserviência
faço a minha revolução
Assumindo a identidade ancestral
luto contra os dominadores
encapsulados nos espaços de poder
calando as vozes dos libertários negros
e negando suas consciências num enquadramento
etnocida de aculturamento
tapando a perspectiva de minha visão
sem ângulo e sem espaços.
Hoje,é o dia do meu Orunkó
Identidade. Nação.

VISÕES – 243

Nós os negros distribalizados,
aculturados, desmemoriado,
domesticados construímos nossa fobia
e mecanismos de ocultamento
do racismo, das questões e das
condições em que nos encontramos
principalmente quando estamos
nos espaços de Poder e ou acompanhados
e a serviços dos brancos,
a quem defendemos contra nós mesmo
na medida em que nos agredimos
e nos repelimos em auto-rejeição racial.
O racismo é banalizado pela mídia,
que pertencem aos brancos,
através do silêncio, ocultamento e negação
a que nós covardemente reproduzimos
e cortamos as cabeças daqueles
que se rebelam reforçando as pechas
de nossas mentalidades escrava
cristalizada pela ideologias, do recalque,
branqueadora da Casa Grande eurocêntrica
gueto de degredados e parias desta Nação violada
de veias expostas da degradação de uma Raça.
A minha.

VISÕES – 244

Oh essa menina!
Quem é intelectual?
É quem fala erudito e detem
uma grande soma vocabular.
É o que tem dinheiro e poder
Os chamados “ doutores” que
distribuem favoresinterferindo
através dos tráficos de influencias
até na aquisição de títulos,
cargos e felicidades.
Você está feliz com o”titulo”,
fruto de Fraude Acadêmica
após nos usar e depois vilipendiar,
atribuindo como verdadeiros,
fatos e pensamentos que repudiamos,
como sendo nosso e negando-nos o memorial
para não ser questionada e agora
desqualifica a nossa história.
Ou será intelectual aquele que fala
diversas línguas sem pensar no mínimo
na cultura e filosofia dos nativos.
Talvez sejam os que lêem os clássicos
e citam em latim as frases de efeito
a titulo de pensamento a reduzida platéia
sem se comunicar com ninguém
Oh essa menina!
Preto também tem cultura e que cultura.
Por isso a intelectualidade dos pretos
em particular e dos negros em geral,
não pode ser mensurada pela visão vazia
de universiotária em busca de títulos ou
de brancos equivocados.
Para quem não tem títulos teóricos há
o reconhecimento do Notório Saber que
abastece a grade do aprendizado acadêmico
e enche as nossas medidas com” teses” e”
dissertações” de idiotas que pensam
num pedaço de papel como a sagração
do poder e da inteligência, sem saber
que a importância de Ser não é Ter
mas saber que É.
Viu. Essa Menina!!!

VISÕES-245

Cantei uma canção incestuosa
e dancei com as vestes do pudor.
Meus olhos sorrindo
faziam meu coração chorar
gotejando lágrimas quentes
que vibravam, congelando
minhas pernas atrofiadas
pela materialização do pensamento
expressa na melodia
arritmada.

VISÕES-246

Afro descendencia
é coisa de negro de alma branca
que chama Portugal meu avozinho
e tem vergonha de ser negro
diferente dos negros de Carvãozinho
que tem vergonha dos brancos
e convivem no gueto da periferia
de Cedro de São João.
Diferente dos negros de Mocambos
que se negam e negam os seus
para não serem identificados como tais.
São quilombolas, remanescentes,
herdeiros de resistentes, de ‘Zumbi”
afros descendente, quilombolas, mas,
negros, não.
Sou índio, e lá é meu lugar
aqui é dos meus pais que não são negro.
São quilombolas. Aqui não tem pretos.
Tudo aqui era dos índios.
Sou quilombola afroindigena,
Meus avôs, são portugueses.

VISÕES-247

Nossas imagens no espelho
refletem a multidão
em volta dos nossos sonhos
mudo em direção do arco.
Os gritos silenciados dos negros
se calam, porque ninguém quer ouvir
E banalizam a Racismo nosso de cada dia
porque os negros se calam antes o medo
de se insurgir e recusam a gritar
e recusam a perceber que foram discriminados
e se recusam a lutar por liberdade
para não ser duplamente discriminado
e tornar público a sua dor.

VISÕES-248

O amor é terra onde, se come brisa
e arrota fogo.
Num papo de folhas secas
ao vento rasteiro ,redemoinho é temporal
E ninguém é bom Juiz em causa própria
diz o povo, que ferro que não se usa
a ferrugem gasta.
De tanto silenciar a nossa dor
temos a discriminação como uma
segunda natureza, mas as aparências
nem sempre corresponde
a natureza íntima das pessoas,
acredito que os pequenos mananciais
formam os grandes Rios

VISÕES-249

O Cordeiro berrou
libertando o Cabrito dentro dele
É a Fênix renovada
na releitura da expiação.
O Cordeiro não pode ser
Bode expiatório.
A pele não faz o Lobo
anterego do Cordeiro




VISÕES –250

Sonhos esquecidos
tênue lembranças na revisão
presenteada no entorno
das águas no leito repousado
perdi os sentimentos
sufocando desejos idealizados
cheios de fluídicos incandescentes
no universo das estrelas
severamente punidas nos emaranhados
refrões dos belos olhos de íris
refletidos no ar .

VISÕES –251

Como um semi-deus
apaixonei meu amor
cristalizando na luz do
desejo materializado em você
que é meu sonho refletido B
elaborado em videotape
numa metafórica luz em
fluorescência real.



VISÕES –252

O espelho rebate a luz
devolvendo o brilho seu
numa explosão incandescente
salpicada de cristais
poeira de sal tempestade
no ar, chuvas de granizo
Meus olhos cadente
busca na visão a planície dos sonhos
da noite eterna a vida no mar
explodindo sobre a proteção de netuno
que brilha com as estrelas
e águas vivas.

VISÕES – 253

As preces do Angorossi
ressoou pelo ar no quarto escuro,
iluminado pelo meu sentimento irradiado
que sente o misterioso sinal de sua presença
dentro de mim
E assim
buscando lhe alcançar corro sem sair
do lugar que tal Prometeu
me encontro tentando nesta escuridão
não sufocar com o brilho de seu olhar .


VISÕES –254

Na minha visão de longo prazo
não vi a transformação do seus olhos,
seu rosto suas ações.
passei a planejar o olhar
em volta de minha visão
que se espreitas ao brilho
circulando pelo ar.

VISÕES –255

Uma visão apocalíptica
cristalizou o olhar
na sombra d’água vaporizada
O mar em chuvas escureceu
a praia deserta em tempestade
de sangue do mar vermelho
imagem da apoplexia do vento
numa mensagem apostata
Meus olhos fitou a estrela
da manhã d’alva para ver o nascer
do sol nas ondas que cobriam o mar .

VISÕES – 256

Efeitos pirotécnicos
das luzes espaciais
aproximaram sua imagem
em close no detalhe de minha
visão estreita
Ar rarefeito imagem distorcida
convexa concavada dos espelhos
quebrados, multiplicando
meu ego ferido.
O espelho não refletiu a
minha imagem, mostrou a minha dor
a ferida da alma e nos olhos, as lagrimas
que não sentia.

VISÕES – 257

Minha estrela sumiu
há uma desconfiança em seu olhar
um desdém que incomoda
e fere meu pensamento .
sai visão se dilui e confunde
meu espírito aventureiro, estreitando
e meu fazer congelado meus instintos
desmotivando meu prazer
castração.


VISÕES –258

A luz do seu olhar
reflete sobre meu passado
mostrando o que não quero ver
historias vividas a luz da angustia
de querer ter seu ser
Essa luz, busca a visão
do meu futuro no seu presente
pelo poder das estrelas
Essa gandula de prateando
a me envolver como invisível
a absorver sua luz nesta noite estrelada
de novas luas.

VISÕES – 259

Prisioneiro deste amor cruel
obsessivo e tão grande
que reflete no brilho dos seus olhos
que sinto falta do chão
Este olhar que viola meus sentidos
transforma meus desejos
em fogo queimado minha áurea.
É o símbolo do sonho desejado
a espera de revelação do encantamento
no solo fértil de minha imaginação
profanada pela visão destes olhos
Portal de minha solidão.

VISÕES –260

Olhos avermelhados pela luz do sol
pelos prantos derramados
Visões turvas, embasamento
das lagrimas.
chora, mais chore que a alegria existe.
Não fuja, resista que as manhãs terão
todas as luzes deste pranto canção da chegada,
verão em seus braços, meu inesquecível
braços de mar, chuva, sol e arco-íris
nos braços da paixão
imagem de cantador.

VISÕES – 261

Minhas cores não tem Primavera
só Verão, só Inverno, devastação
aridez; desertização ....
Minha cores não tem Outono
só lamentos, temporais
fome submissão,
avalanches e cheias
nos campos, sertão e litoral.
Meu coração não tem forças
para regrar a vida desta hipotermia
do lamaçal
Minhas cores não tem Estações
treme os efeitos Carcarás e só vê
enchentes, desabamentos,epidemias
fome, morte , soterramentos ,devastação
na tragédia anunciada.
Minhas cores só vê desmatamentos,
queimadas, secas, fome, destruição
tragédias provocadas, poluição,
represamento,submissão.
Controle Social
Ninguém é mas poderoso
que uma gente que nada tem
por que viver.
Meu coração diz que é preciso
romper a barreias da solidão
e sonhar ajuntado para ter
por que viver.
Minhas cores, quer Primavera,
Inverno, Outono e Verão
As quatro estações de cores
o olhar do Arco-íris
dos Olhos, da Vida.

VISÕES –262

A ironia alucinada
do seu olhar
guarda uma visão noturna
que espreita a distração
do desejo anunciado
Essa Mascara
impede a sua visão merecida
sem receio da exposição da luz
do dia, holofote
foco de luz, cara limpa
a sentir visibilidade
sem fantasia.


VISÕES – 263

Minha alma é de Deus
meu corpo é do mar.
Joguem minhas cinzas
no São Francisco a caminho do Ganges
em direção a Oiyó
saudando os Quadrantes
aos Olhos dos Ancestrais
na travessia do Atlântico.
A Pelejança começou,
ritual de Malembe e purificação
folhas no corpo que resfria, dando passagem
liberando o Espírito aos Ancestrais
revisitados, no retorno a Terra Mater
força e vida na hora da revelação
ao centro do recomeço.
Vida...Nação.
Babá Egum Alapalá.

VISÕES – 264

A noite se fez dia
Sobre a luz do seu olhar
Os olhos de medusa estão
em todos os lugares
mantendo viva cabeças
que rolam petrificando
desejos contrariados
e não resiste ao reflexo
imagem refletida
visão de olhar.
A terceira visão nos
sentidos, mística da
sabedoria ancestral

VISÕES – 265

A inveja de Caim
matou Abel, na mais
profusão de místicos desejos
Judas traiu Jesus
Zumbi foi traído por
Antonio Soares, seu lugar tenente,
João Mulungu, por Seberino.
São tantas as visões
de covardias e poucas
as opções de felicidades
Essa inveja, mãe de todas
os crimes, nos mostra
a raiz da humildade.

VISÕES – 266

A Rosa dos Ventos
apontou a direção do vendaval
no meu norte
anunciado o caminho horizonte
do rumo a tomar
O raio me tirou do abismo
pela luz, visão do conjunto
cardeal, na fixação da Estrela D’alva.
Meu olhar para o nascente
em tons dourados, percebeu
calmaria na despedida do
porto em rito de fantasia.


VISÕES – 267

Seus olhos
são tochas de fogo
a arder na escuridão fria
Minha luz reflete a imagem
solta no ar, confissões figuradas
do transe da terra infida.
Seu corpo flutua no firmamento
esmagando ventos e estrelas
vejo sua visão ardente dentro de mim.

VISÕES – 268

Transplantei minha
visão, para sua retina
sem alterar seus olhos
Busquei nesta transferência
animar seus sonhos
mimetizar sua realidade
com as cores de minha fantasia
revertendo os reflexos
desta luz interior
para acalmar a turbulência deste olhar

VISÕES – 269

Sua visão obstruiu
O meu olhar definitivo
sobre a luz da manhã
fitei o tempo
pedindo tempo
para ter tempo
tempo de amor
um tempo a mais, e,
no entardecer, meu olhar
livre da névoa e da dúvida.
Em sua visão, me vi em você .

VISÕES – 270

Minha visão vestida de luz
desnudou o seu olhar e
devassando o seu destino
percebeu a esperança
que acalenta na primavera
do sonho .

VISÕES – 271

Na foz do meu coração
tem uma ilha de luz
fantasia de minha tristeza
refugio de minha ilusão
ponte de minhas viagens
sideral em transe constante
delírio de grandezas
no drama do dia seguinte
da concepção do caos
que flutua em torno de mim

VISÕES – 272

Pular a montanha e flutuar
é ter o desejo realizado
na brisa quente que exalo
do precipício do silencio
A visão do meu mundo
caiu sem romper as barreiras
da encantamento dos seus olhos
Sem desfigurar a imagem
do meu sentimento e da ótica
do destino anunciado.





VISÕES –273

Caminho do inferno
Estrela da danação que a luz
ilumina sobre seus olhos,
iluminando uma floresta
encantada pelas folhas
de verão.
As lagrimas sentidas
apagam o clarão no rito
de passagem , pelo caminho
azul da redenção .

VISÕES –274

Minha inspiração
é uma utopia terápica
que alimenta a fantasia
na construção de uma imagem
inacabada.
Sonho de olhos abertos
e vejo sois, luas e estrelas
no prisma que construir
na ponte silenciosa.

VISÕES –275

Transbordou o rio
de lagrimas na solidão
do barroco subterrâneo
onde mora seu segredo
A fresta de luz inundou
o abismo que escondia
a imagem de sua consciência
adormecida
A visão do seu pranto
não escondia a agonia
estampada no olhar
surpreendido.

VISÕES –276

Abra a janela do passado
e veja como estou
neste sonho fragmentado
de amor sem paz, e sonhos
agendados na escuridão
do terraço suspenso no ar
Olhos de amar devastados
pelo olhar de ver e sentir
a visão do apogeu, no abismo
da fatalidade esmagada pela
luz fria da dor serena.

VISÕES –277

Vejo na chuva
Pingos de sois estrelados
imagens, sombras duvidosas
de orvalhos em tempestades
Olho a chuva
Canções de despedidas
Sonhos do passado
Saudades de você
Seus olhos, pensam
que me conhece
Mas não sabe a extensão
do meu sofrimento.

VISÕES –278

Este corpo diáfano
Banhado pela luz da aurora
Emerge do nada em meus sonhos
E vejo a manhã inundada
São seis, estrelas flutuantes
de alegria, perfume da inocência
na minha imagem materializada
Visão de destino fulgurante
em véu transparente dos tecidos
de brilhos.
Eu vejo sem ser visto.

VISÕES – 279

O trono está
onde o rei sentar
A realeza é itinerante
não precisa de palácios
ou serviçais
O rei chegou, o salve o rei
por gestos ou palavras
olhares e sentimentos
Nobreza que antecede
Visão que enobrece
Sem coroa ou aparatos
Basta o olhar e atitude
Salve o rei
Salve você.

VISÕES –280

Nebulosidade variável
Na cerração do olhar jurisdicional
A musa guerreira, guardiã
dos sonhos meus, olha mais não vê.
O choro da multidão injustiçada
Visão patológica de miragem
empaquetada no incesto da lei
que brilha no pote dourado
do arco-íris de cristal.

VISÕES – 281

A Teoria dos Anjos
passeia sobre a multidão
jorrando poeiras de estrela
que brilham na estrada.
Multidão embriagada pela luz
se perde na miragem celestial
Os anjos e as estrelas
no contraste mítico da fogueira
que passeia no sonho que
anuncia a hora de sonhar.

VISÕES –282

Visão nebulosa
de olhar mórbido e triste
Sem a luz da reflexão e claridade
visível.
Uma ventania vasta, ergueu barreira
igual as muralhas de Jericó
Uma China, Berlim, Israel.
Ótica distorcida, espelho de babel.

VISÕES –283

Os sinais das estrelas
Indicam ao navegador o porto
distante, tão perto dos sentidos
pela ótica se chegar aos braços
iluminados do destino.
Quando a lua nasce, o sol se esconde
mas nem sempre, um dia se encontram
guiados pelas estrelas
Céu de verão em dia anoitecido
pelos sinais das estrelas, na
visão do sonhador.


VISÕES –284

Olhar desconfortável
e doentio, ensimesmado
Visão telepática, acontecimento
sombrio,
Marca de dor e
infinita nobreza
maculada pela distância
vazia e triste.

VISÕES –285

O ar estava tão seco
que os pássaros não cantaram
O vento não soprou e seus olhos
ardentes, marejaram
A visão tardia do meu sentimento
flutuou exausta na miragem asfáltica
deste dia eterno que não passou.

VISÕES – 286

O clarão das águas turvas
Explode dentro de mim
como uma bolha prensada
na profunda distância do mar.
Sufoco na luz das estrelas cadente
na constelação do mar ardente
que mim solta em vácuo flutuante
aproximado do clarão.

VISÕES – 287

Sua luz cegou meus olhos
ofuscou o brilho de minha estrela
visão sinistra, arrogante
emudece e paralisa pensamentos
bloqueando sonhos, caminhos
e direção
Essa insegurança
fragiliza energias de vitimas
transformadas.
Vejo em seus sonhos, pesadelos
vividos em visões atormentadas
pelo ciúmes das estrelas
a luz de minha estrela
esta no brilho do meu olhar.

VISÕES – 288

Elevo as mãos em forma de concha
para prender a luz que se destaca
nesta noite misteriosa de odores quente
que exalam dos pingos que caem.
Arco-Iris na noite de lua cheia
magia de esmeralda no circulo lunar
enche meu coração de luz transbordante
no circulo do giro desta miragem.

VISÕES –289

Na minha visão ressentida
denuncia o olhar agradecido
pela ação plena dos meus direitos
liderados por favores de terceiros
Essa ótica autoritária de olhares vesgos
transforma nossos Direitos em Favores
fortalecendo cada vez mais
o poder de se perder.

VISÕES – 290

A cada passo
Sinto um peso sufocante
em meu corpo aquebrantado que arde
e esta sensação de cansaço
vejo a fixação de um frio olhar .




VISÕES – 291

Você tocou
Não com os olhos
Mas com o coração
Seu toque provocou uma catalepsia
e meu corpo riso, amortecer
Sua visão emotiva de luzes forte
encadeou meus sentimentos, emoção
Minhas lagrimas cristalizaram
a sua expressão refletida no pensamento
Não sorrir mas vi em sua visão
Minha vida e, suspensão, passando
o meu passado porta adentro.

VISÕES – 292

Seu olhar
invade minha privacidade
devassando meu interior
Desnudando meu corpo.
Esse brilho luxuriante
violenta os meus sentidos
engessando os desejos pela
sensação violenta, sombra
na escuridão fria e sufocante.


VISÕES – 293
Para seu prazer
fui vendido a luz do dia
por você, na sombra da noite
para sua satisfação .
o sol é luz, não deixe
ofuscar seu brilho pela visão
mercantilista, gerada pelo egoísmo
seu de sua imaginação.


VISÕES – 294

Meu olhar desespera
e luta para sair ,
da cidade perdida
sem ótica e reflexão
de brilho cuja luz
se perdeu
Busco na visão adormecida
Forças para refletir
em pensamento a imagem congelada
no tempo – Solidão.

VISÕES – 295

Os meus olhos
seu viver em staccato
visão fora de foco
potencializa os sonhos
tridimencionalizados pela insistência
de luz própria, para realimentação
do vigor da constelação
sufocada em seus olhar hermafrodita.

VISÕES – 296

Essa visão seletiva
nos traz arrependimentos
numa ótica vertiginosa
Esqueço de mim
Quando quero lembrar você
Cerro, cerrado, cerração em mar revolto
Volto e sinto sufoco
pela presença de mim no alongamento
desta visão focada em meu destino.




VISÕES – 297

Olhar de Mandrágora
Só via a perfeita ebulição
da fantasia .
sua estrela nasceu
na morte anunciada do amor
petrificado.

VISÕES – 298

Miragem asfáltica
de olhar ausente
lágrimas evaporadas
dos olhos marejados.
Sonhos angustiados, sensação fria
de Oásis distante do litoral
do meu coração doado no ritu
do Rio extinto, desertizado
esqueleto de ferros retorcidos
colunas de cimentos enegrecidas
apontam a Torre destruída.

VISÕES – 299

Vejo a fagulha de luz
No seu riso matinal
Olho um olhar aquecido
pelo esquecimento das sombra
ameaçadora de dia anoitecido
pela ausência das estrelas.

VISÕES – 300

A visão sepulta
a Aurora Boreal
com flores múltiplas
no vazio do nada.
Seu olhar passageiro
pela ponte do silencio
em noite cheia de contraste
fantasmagóricos que povoam
o deserto e conflitos
do seu olhar .

VISÕES – 301

O brilho do Sol
chega a escuridão
solitária dos meus olhos
adormecidos com o sol de inverno
em chuva de granizo.
A luz bruxuleante da Lua
encandeia a clareira trepidante
das queimadas do Sertão
deserto de natureza
devasta a solidão do vento bravio
aragem de fogo.

VISÕES – 302

Este olhar trocista
visão colonial de linhas
Medievais
que traz no semblante
duvidas e desgosto, lembranças
que traz.
Das torturas, segredos bizarros
das inquietas inquisições
em ritmos bizantinos, de telúricas
magias, rituais medievais
sombras geladas, na nascidas do
sol caído em noite de lua cheia




VISÕES – 303

A eternidade tem duração
do sentido da vida
Caminhos percorridos pelo
desejo de ver
olhando ás margens dos rios
as ondas do mar
Vendo no reflexo dos seus olhos
a refração da luz a imagem
do meu olhar.

VISÕES – 304

Olhos que correm
sem a pressa de fugir
porque sabe não poder
se esconder
do brilho do meu olhar
A minha visão flutua
no centro de sua íris
transformando infinito
o mar etéreo de luz
Que brilham no seu olhar .

VISÕES – 305

Olhar modifica
pela fé a realidade
quanto mais olha
mais irreal aparece.
Como uma visão distorcida
de múltiplos espelhos
que refletem a distorcem
realidade e fantasia
Pelo estrabismo daltônico .
sua realidade não é minha
sua luz não me encandeia
nas distorce a visão
o conjunto de paz.

VISÕES – 306

O calor congelante
de raio em faísca de sua visão
Assola o deserto do meu olhar
vazio, curto e solitário
Essa miopia alucinante
recosta nas colunas de sua íris
nimbustrata que se transforma
em capoeira.

VISÕES – 307

O olhar acompanha a fuligem
flutuando no ar em chamas
circulante de cor ocrisada
e vermelha tenso sobre o verdejante
campo em degradação
antiga mata e seculares troncos
e no circulo gotejante de crepitantes
vegetação ao vento
O riso delirante do pastos.

VISÕES – 308

Olhar juvenil
apagado no ar
envelhecido pelo sol
de inverno
Nas trepidas mutações
do tempo.

VISÕES – 309

Potencializei
a policromia do meu olhar
com lentes da sedução
buscando alcançar o inacessível
campo, que repousa sua visão.
Sinto o calor do seu sorriso
e o frescor do sonho que sonhei
sonhando o sonho seu.

VISÕES – 310

Cheiro, cor de perfume
Amarelado pelo tempo
sem ritmo, polifonia
dissonante.
Meus olhos, lacrimejantes
ardem ofuscados pela policromia
castrofôbica de sua visão arrogante.

VISÕES – 311

Não gosto de inveja
fujo das traições
A inveja é a mãe de todas
as ações criminosas
Os invejosos são capazes
de tudo, os traidores
matam tudo que ver, quer eu toca
O desejo da traição está nos
olhos a inveja é a visão aterradora da traição

VISÕES – 312

O riso dos seus olhos
Alegra meu coração
Ilumina meu sol
Irradiado pela visão
de Eclipse, da minha solidão
suspensa, pelo desejo retraído
de lhe ter.



VISÕES – 313

Dois poços infinitos
Sem ar, sem brilho
Abismo de mim
Ausente de qualquer expressão
Esse seu olhar, perdido
Poço vazio,escuridão
Labirinto frio que exala
vapores de festas em túmulos
de ecos sombrios.

VISÕES – 314

A Rosa resplandecia
no jarro, adornando o espaço
de uma sala ao lado.
Seu aroma inebriante,
que envolvia a alegria de todos
estranhamente mudou,
murchou a Rosa vermelha,
púrpura cor de sangue
coagulado, vitima de um olhar
devastador exalando energia
fria, sem luz, sem calor.

VISÕES – 315

De um golpe de vista
percebi toda inquietação
que envolve o seu delírio
sua visão crescente
de lua cheia
minguando a memória
emotiva de sua visão
derradeira.


VISÕES – 316

Na estrada, nevoa
No mar, a invisibilidade
Faróis, sinos, apitos e luzes
refletem a sinalização
Pedindo passagem, socorro
avisando os perigos da visão
embaçada, invisível, intermitente
ao porto seguro
sinalizando o movimento
de chegada.

VISÕES – 317

Seu olhar biônico
Invadindo meu interior
Devasta a tranqüilidade
do meu comodismo
Afugenta meus sonhos
Cristalizando a realidade
Nua, sem sombra
sem luz e,
sem privacidade

VISÕES – 318

Do alto onde se encontra
a realidade tem outra
perspectiva
O ângulo de visão
o ponto de vista
atravessam a solidão
transformando em fantasia
meu delírio ótico




VISÕES – 319

Magia da solidão em tempo
em tempo frio de pensar
congela o pensamento
de emoções renascidas
do útero vazio
fragilizado em corpos mumificado
cristalizado pela sombra
do sonhar.

VISÕES – 320

Expressão fria de um cálido olhar
alimentar conceitos e valores
do egoísmo: Nesta parada
eu sou o sol nesta montanha
fria.
Cheia de demônios sacralizados
cristalizados pela fé premonitória.
na masmorra de orações
testemunha muda de alucinações
fantasias do meu passado e delírios
Se pudesse provar o que acredito
não seria, crença. Não teria fé.

VISÕES –321

Meu pai, tanta luz
e nunca mim ofuscou
sempre referenda o amor que somos
nesta estrela que reluz
o reflexo do Sol – Constelação
Na casa das águas e dos ventos
me indica a presença e seu olhar
estrela das primeiras horas
na constelação do seu olhar.
pai , sem saudades, presente de mim
Ah!meu pai, farol de minha
enseada, meu banco de areia, ilha
Oceania, praia de sol
guia minha barca animada de saudades,
cintilações espumantes
no oceano da vida, que atravesso
sem sonhar, na minha revisitação
Ah! Meu pai, minha Mãe
.

VISÕES – 322

Em seu olhar
o espelho da ambição
enche de ódio o despertar
incendiando de luxuria e cobiça
tudo que vê em derredor.
A medusa tem prazer, nos contorcer
de suas vitimas inanimadas
Você, inveja do que viceja
se alimenta com a desgraça, fracasso
de quem, constrói
olhar perdido da desesperança
Olhar de maus olhos, olhos maus
virótico, quebrantado, repugnante
amaldiçoado, olho cumprido
há de ser punido, olho por olho
dente por dente e serás fechado
para não deitar poeira, nos
outros, olho, olho de boi.
com três te botaram , com
quatro eu te tiro.
Berú ló.

VISÕES – 323

Ícone imagético
sólida, da lembrança
sombra, de futuro escamoteado
pela luzerna enfraquecida
no tombadilho da ilusão.
Na minha inteligência natural
do canto codificado, artificializei
o ritmo do meu processador fragilizado
por sentimentos constantes
de alegria divinizadas, num transe
consciente.

VISÕES – 324

Minha generosidade é o sentido
deste amor desinteressado
sem ambição, cristalizado
O verdadeiro sentido da vida
é meu amor que se entrelaça
na cântico de amor você
E buscando levo crença
trazendo esperança de rever
Singrando os sertões mares
remotos nas asas de imaginação
ligado nos continentes
neste inverno na brisa de verão.
Minha generosidade é o sentido
deste amor cristalizado.

VISÕES – 325

Relação incestuosa da justiça
com falta de autoridade
do juiz manipulado por sombras
que lhes arrogam o poder
No oráculo, Exu sentencia
pelos Cauris, Oiyaku, confirmando
em Alafiá a morte da horda.
Há uma guerra de inteligência
aqui dentro, destruída pela
idiotas lá fora.



VISÕES – 326

Olho do furacão em turbulência
de calmaria plena
no turbilhão de mar encapelado
com vento de proa.
Luzeiro vermelho, sinos intermitentes
sinais de atenção.
Tromba d’água no sertão
areia do deserto, invade o mar
e o vento ronda a nascente do rio

VISÕES – 327

O tempo parou
multidão adormecidas
corpo rijo de angustia
pensamento congelado
na noite ultima
da consciência coletiva
emparedada.
A contemporaneidade
do século vinte e hum
nos remete ao dezoito
transcendendo meu furor
reanimado que rejeita
a servidão.
O tempo não para
Parou na indecisão
do labirinto d tempo
chamas envoltas em temporal
o tempo – não para.
Zara tempo!

VISÕES – 328

Cotidiano vazio
Suporte de trajetórias
exauridas, pela frieza
do realismo perverso
da idade de ouro da primavera
medieval destes tempos
hodiernos de minha
contemporaneidade confusa
e invalida

VISÕES – 329

Prelúdio de uma manhã serena
uma onda gigantesca
que emerge do fundo
de minha dor
imunda a imensidão
do litoral em busca
do sonho desfeito
na solidão ansiada
Estou triste, sem caminhos!
Só se fica triste
quando não existe, atalhos



VISÕES – 330

O espasmo do meu sonambulismo
marca o lirismo do ardor
das ações do meu duplo
nascido de mim
E hoje, hipnotizado
pelo medo. corro de mim
noite adentro, levitando
em transe ascendente
como uma sombra bruxuleante.

VISÕES – 331

Signos, ritos de contradição
conjuntura de espaços
na expressão de minha melodia
musica fugaz, sincopada de astros
espelhos dourados, marcados
de Deuses – Heróis heréticos
na constelação dos meus guias
expressão dos Arcanos oraculares
na purificação do ritu.

VISÕES – 332

Buscando o amor de Afrodite
mitiguei o oitavo trabalho
a Hércules, na liberação de Perceu
do Olimpo ao Ará pelo Sinai
na sombra do Arco – Íris
o fogo sagrado de Zeus, no Aguerê de Iansã
em luta com Xangô, na busca do segredo
contido no Fogo da sagração
Raios, Trovões rasgão o ar
na luta de Oiyá, os ventos levantam
as ondas do Niger
Eparrei.


VISÕES – 333

Gente de alma enrugada
e olhar de peixe morto
Ícone de lutas traicioneiras
luz bruxuliante de farol quebrado
no pontal dos olhos mortos
em noite de lua minguante.
Gente de alma enrugada e
corpo cheio de lama
identidade perdida
fogo faceou delirante
de sombras fracionadas
lorogum de arerê.

VISÕES – 334

O medo me surpreendeu
na alegria de viver
sobre os aplausos de ternura
numa noite clara de emoções
Na foz do rio, me perdi
no banco de areia coberto
pelo seu lençol em todo leito
da bacia, num estuário prateado
de luzes refletidas nervosamente
no Espelho D’água do Sol Nascente


VISÕES – 335

Neste amargo dissabor alucinado
de sol frio e vento quente
Somos forçamos a tomar caminhos
que não escolhemos e não nos leva
a lugar algum.
O que fazemos não define o que somos
o que nos define é como levantamos
depois de uma queda.
Meus olhos foram interceptados
pela luz de um olhar fosso
quedaram na sombra.
Espectro de minha visão transfigurada
do mistério que sonda meu caminho
resistente do sol, numa metástase
transcultural que não define
minha identidade.
Inquisição renascentista em Opus Dei
revelou o segredo das águas suspensa
nos olhos de Oxum Opará
Iya mió. Olori Iya Mi Ajé



VISÕES – 336

O remédio que lhe curou
matou o fogo da paixão
cruzei os oitos mares
com as Rosas dos ventos
potencializada rumo
as galácticas do cruzador
nas rotas das estrelas
E rota no fim do itinerário
atraquei na rotunda tosca
do quarteirão rubento
sem rumorejar o poder
maior que a autoridade


VISÕES – 337

No retrato da minha memória violada
vejo imagens que nunca esqueci
uma ação subversiva dos meus olhos ausentes
olhares imaginários na madrugada quente
de luz intensa.
Ainda terei uma atoraquecia
para ausentar as preocupações delirantes
esquecer, como esquecem com facilidades
de que somos, de onde vimos,
para onde vamos, porque somos
vítimas de nós mesmo.

VISÕES – 338

Tirei a Cruz de Ferro e troquei
pela de Couro
para acreditar na emancipação
abjurando a abolição e alforria
Lutei como se luta em consciência
para buscar a liberdade de direitos
adquiridos por conquistas dos Ancestrais
Luto na Resistência para manter espaços
e provocar rupturas das regulações
etnocêntricas que prejudicam
a visão da consciência adormecida
engessada pela opressão dos
donatários que preservam a
nossa escravidão.
Troquei a Cruz de ferro
pela de Couro para emancipar
e abjurar a abolição

VISÕES- 339

Cuias de cabaças flutuam
com velas acesas – iluminando
a escuridão na noite tempestuosa
reveladora de ritus ocultos
em busca das almas e águas represadas
no entorno do rio que se revolta
diluído pelo mar.
Este mar bravio, sentinela do seu furor
nos embates constantes, ao encontro
das águas torrenciais alargando a foz.
Hoje invade seu leito, sem a resistência
da batalha, sem o ritus da conquista
numa dor sufocada, e silenciosa
na sombra da luz que se apaga
flutuando no seu leito.
Preces de dor sangrada
Expressa as imagens do passado
na saída de quem chega
em busca dos que passaram e permanecem
presente na sombra das luzes
que flutuam constantemente
sinalizando a sagração
do rio profanado.



VISÕES – 340

Fogo, devastação no leito
do grande rio assoreado
Ontem, bravo, forte,transformador
Agora, metarfoseado, transfigurado
metalizado num metamorfismo inquietante
que amplia a metástase desenfreada
que coroe seu corpo metaforseado.
Rio cibernético de águas rasas e gelatinosa
contra a evaporação de morte anunciada.
Povoa antivírus coagulantes
que garante a flutuação do grande olhar
de visão metafísica, navegando
o rio mar, da solidão

VISÕES – 341

Eternizei a noite de lua cheia
na materialização do sonho fantasia
e esqueci o amanhã.
Acordo engessado.
meu corpo enrijecido, busca no relaxar
o sentido ritmado do sonho fantasiado
e gotas de lágrimas no olhar depressivo
Meu sentido, tem conecções políticas
sem o patrocínio partidário.

VISÕES – 342

Tridimencionalizei minha arte
e a visão caustrofobica do olhar
hipnótico da lua minguante,
na trajetória de Júpiter deletado
pelo manifesto de seu equivoco
Olhar evasivo revela minha intenção
na iconografia descorada do meu presente
e descubro agora , o passado no
enfrentamento diário da celebração
do acasalamento e fertilização da vida ,
em seus elemento terra, fogo , água e ar
na quadratura do circulo mutante.

VISÃO – 343

O Rio sobe a cachoeira
derramando lágrimas de dor
o baixo, sobe e para sem forças
para continuar e morre no entorno
sem forças para chegar a foz.
Um ancião, banhado de lama
sob o sol escaldante e aridez da terra
o mar invade o rio, para o equilíbrio
da natureza a terra e leva o rio a nascente
na hibridez de seu leito analógico
Meu corpo é o Oráculo da Casa das Águas
Arco Íris dos cinco oceanos

VISÕES – 344

O Rio geme. Não é o barco que afunda
nem a aparição da Cobra D’água
O Negro D’água mudou pras cachoeiras
as carrancas perderam os brilhos e encantamentos
não protegem mais as embarcações
as gaiolas emudeceram e as canoas
se arrastam nas várzeas.
O rio gemeu três vezes
três vezes o galo cantou
ele geme e morre pouco a pouco
se arrastando para o mar
Seca o leito do Velho Chico
retornando ao refugio subterrâneo
onde os barcos não navegam
mas a Cobra e o Negro D”Água
estão lá com Leviatã, povoando
a solidão.

VISÕES – 345

Olho no horizonte de minha
trajetória coletiva e não vejo
o Ícone da Tradição, não reconheço
o Griott, que não pensa a nossa maneira
fala a fala do de fora, hoje no comando
do de dentro e eu não entendo mas engulo
e anorexia é a solução de continuidade
histórica da tradição oral.
Vou aproveitar este vazio
e ver a possibilidade de ser feliz
quebrar escadas e derrubar pontes
e buscar novos caminhos
novas formas de viver

VISÕES - 346

Congelei sua pergunta
e estabilizei no ar.
Ali parada, desviei seu pensamento
e viajei em busca de respostas
da pergunta que fazia e debrucei na fantasia
de minha banal filosofia,
repensando o verbo da construção
e voltei materializando no gestual
a resposta da pergunta que mim fez.
tirei do transe hipnótico e verbalizei
o gestual no beijo da celebração

VISÕES – 347

Do lado que estou
não vejo o nascer do sol
da minha janela.
Construíram uma casa na ponte
e ofusca minha visão.


VISÕES – 348

O poeta conta a história
antes que aconteça
é o profeta dos atos,
sentinela dos tempos
Premonições em versos reveladores
semânticas canções de amor
na linguagem da gesta
numa epopéia surda
emudecida pela fantasia romântica
em festa de Vestais oraculares
predizendo através de sacrifícios.
Nostalgia, fúrias, revelações memoriais
uma viagem telúrica á realidade flutuante
a liberdade é uma droga que aguça
os sentidos e fortalece a consciência
basta uma dose para estimular a gula
e uma overdose, estreita os caminhos
levando a solidão, conflito e utopia
abraçando a liberdade como
um viajante chegando em casa.
Não é resposta, só torna a pergunta
Mais difícil – a realidade é triste

VISÕES – 349

A violação do preto
está na cultura da mentalidade escrava
na ideologia recalcada do negro esbranquiçado
O preto é a violência do negro
na viagem de revisitação dos Ancestrais
em luta contra a opressão
muitos lutaram contra a escravidão
muitos lutaram contra nós
em beneficio do senhor feudal colonialista
contra os pretos revoltados
contra a resistência negra
contra a liberdade.

VISÕES – 350

Três luas novas, sem ver a lua cheia
meus dias são noites mal dormidas
no transe espacial do céu diurno
Três luas adormecido no eclipse
da lua crescente vivendo a mingua
sonambulando na escuridão
Encantamento de perdição no transe
soturno da lua cheia desenhando o céu
nas cincos luas de cristais navegando
na poeira do vazio

VISÕES – 351

Opará, Rio mítico de minha trajetória
relembradas em busca de imagens
das suas margens, lençóis atropelados
águas suspensas em cachoeiras
represas, a natureza da piracema
morte na foz, soçobrada em bancos de areias
já não suspira o Panteão da gloria no
Panteão Cosmológico da cosmovisão terrena
Oh! Deuses dos Oráculos, profanados
predizei farturas a desolação e morte
do rio da sagração ancestral.

VISÕES- 352

Ego partido, comiseração
auto-estima em frangalhos
ando despido na noite
como símbolo de proteção
Imunidade a morte súbita
um espectro humano
numa refração do ego ferido.
Antes de Cristo, já existia amor
entre os inimigos e o apelo do perdão

VISÕES – 353

Despertar no Ganges
o muda de minha emoção em Shiva
terra da oração aos deuses
nunca dantes esquecidos
ponte de inspiração dos Profetas
e adoradores.
Meus orixá ressurge a cada oferenda
e rituais de cremações nas margens
do sagrado rio, aos cânticos e Orós
uma ebulição de sagrados e sacralizados
na profanação do Ganges, purificado
pelo Sol, vento,chuva no despertar
do meu corpo adormecido
na Foz do Opará canonizado
ao som de mantras solfejados
a polinização do rio.

VISÕES – 354

Estrela da saudade na Roda da Fortuna
supertição de Eremita que vaga e pensa
marcando nas estradas a sua fantasmagórica
presença de luz e o pensamento do dia.
A roda gira, sem começo ou fim
trazendo tristezas, ora alegrias
A Estrela, marca o reflexo das andanças
com disposição de ir em frente
na prudência, com paciência e sabedoria
Com seu bastão, a revelação do mistério
em mim.

VISÕES- 355

Perdi minha humanidade
Fabricando sonhos para os outros
Oráculo aberto, a previsões antecipadas
pela premonição de ritos e ungüentos
aspergidos no altar
Perdi minha humanidade
em busca de respostas
para as perguntas que não formulei
sonambulismo de transe passageira
buscando nas imagens a tradução
do meu sonho flutuante
povoados por fantasmas
que se diluem ao meu olhar
materializando emoções
Tacsidamizei a minha memória
e amputei recordações da empalação

VISÕES – 356

As lagrimas do sol,
visão de pedra no deserto
É o sertão tórrido, catingueiro
É cascalhos e crostas adormecidos
lágrimas tórridas trazidas pelo vento
que muda de direção a cada ciclo dos sol
da manhã sem nuvens
e noites frias como a geleiras

VISÕES – 357

Preto é um cidadão de alto risco
mesmo que ele esteja bem trajado
é visto com desconfiança pelos negros
de Sergipe, que não gosta de pretos
e o discrimina o criminalizado social
É ladrão, o malfeitor,, viciado, assassino
mal intencionado mesmo que nada faça
o crime lhe é imputado, punido por atos
não cometidos, sentenciado por veredictos
estereotipados manipulados por negros
embranquecidos.
É macaco, tribufu, tizil, maconheiro,
fedorento Urubu,diabo, carvão,pretume,
tição de baraúna.
Para o qual não há Lei, Direito
ou Justiça a seu favor, só contra.
É o bode a expiar os crime e
roubos dos outros o alvo ambulante
para deleite dos atiradores,policiais,
delegados, todos negros, todos racistas,
todos brancos no espaço de poder
onde os pretos não tem vez, nem com pretos
Aqui é o paraíso dos pardos e mulatos
e o inferno dos pretos, uma sociedade
maniqueísta reduto de negros
de mentalidade escrava cultores da Casa Grande

VISÕES – 358

Vou pedir a Nossa Senhora
para desatar os nós que me prendem
e sufoca, anular os olhares,, quebrantos.
Vou pedir ao meu Orixá, através de Exu
para anular os fluídos negativos que povoam
meu espaço, quebrar as demandas,
os feitiços os olhados, as invejas,
fechar meu corpo abrir meus caminhos
fortalecer minhas defesas meu axé,
para que meus inimigos tendo olhos
não mim vejam, tendo boca,
não falem comigo tendo pernas,
não mim alcance, tendo mãos ,
não mim toque.
O olhado, nasce da inveja e nem Cristo
foi poupado Arruda com alho.
Sarro de cachimbo pra seu talho
Com três te botaram, com quatro eu te tiro
Em nome de Deus e da Virgem Maria
Olhado no meu viver, meu trabalho
a minha disposição, meus projetos
minha inteligência, beleza, alegria
meu sucesso, saúde, vitalidade, bens.
Afaste-se de mim e volte
para quem mandaram.
Vá para o fundo do Mar Sagrado
O olhado, é o maior feitiço sobre a terra
é fruto da ambição, da traição, usura,
covardia inveja e sobretudo
incompetência dos miseráveis que
crescem os olhos nas coisas dos outros
Foi assim que Cristo foi traído
Olho Grosso..
Beruló.

VISÕES – 359

Minha voz, expressa o que falo
Mas não o que digo.
O silêncio se faz na multidão
E na dor quer dilacera e sufoca o gemido
Que agoniza na expressão do meu riso
Mas minha estrada é muito longa
vou devagar que o tempo é infinito
a montanha se moveu e a paz
voltou ao meu coração


VISÕES – 360

Suíte do amor desaforado
danço em Igexá circulando em torno do cantor
frente a orquestra afinada e ampla
Minha lucidez flui no momento
em staccato rodopiante como o vento rasteiro
num parafuso que salta, alternando o andamento
Passos transculturados, pensamento em Ioruba
que desce em Zâmbia, Omorixa rebatizado
Lorogum em bantu, pisada de Inkisse.
Meu pensar negro africanizado
Na diáspora do mundo eurocentrista
sem identidade tribal, racial ,étnica
na tradição culturalista transplantada
neste lento passo, ao cântico do shirê
Meu ritual no compasso de entrada ecoou
Pausa, o silêncio do meu canto
Vejo em transe , David em transe dançando
num ritual hierático aos olhos da multidão
na sagração da Caaba.

VISÕES- 361

Eu caçador do mar
Pescador das matas
Viajante dos ventos
Passageiro da estrela guia
Ai de mim temporal
Caçador de estrelas cadentes
De mim que mergulho no tempo
Buscando o tempo que o tempo faz
Zará Tempo, Catendê –Ossain
Kosi Obá Kosí ewe
Okê Ajuberô
Camakam de Oro Looriki

VISÕES – 362

Memorizei a Teoria do Caos
para perceber que o vôo da borboleta
causa um tufão no outro lado do mundo
enquanto busco a minha mente
como refúgio e me exílio em seus recônditos
e esses lapsos de memória mim levam
a exaustão pela hipnose refratária
na percepção da esquizofrenia racial
nesta separação da emoção e do pensamento
levando ao suicídio cultural
de minha gente que se perdeu
no canto da sereia.

VISÕES – 363

Brutalizei o meu passado
e fiquei feliz na solidão.
Minha sombra congelou na luz
Petrificando a lágrima que guardei no coração.
A visão adormecida acelera a respiração
sufocada de pesadelos – lembranças
acordadas de imagens cotidianas
intermitentes ferindo minha retina cerebral
mim deixando em choque catatônico.
E eu só, neste passado, presente
descompensado em mim

VISÕES – 364

Quero inspiração para contar e cantar
a minha dor e fantasias
Quero solfejar os versos que
imprimirei no seu coração e matar
a razão sufocada pelas emoções
Quero sim, dos meus cantar a paz
iluminando a imaginação do meu povo
no manifesto da consciência de si
Quero autonomia para gritar
sem a represália dos analfabetos políticos
e intelectuais de alugueis que se encontram
no poder, numa apologia a vaidade arrogante
Quero a abolição do pensamento litúrgico
para emancipar a filosofia do oprimido
e a liberação do meu canto , na perspectiva
dos libertários e visão do ancestrais.
Na expressão tribal do universo.

VISÕES – 365

A emoção que sinto
foi maior que a coragem de finalizar
minha história, na trajetória desta passagem
cheia de metamorfose e ambivalência.
Não sucumbi ao linchamento físico, moral
e psicológico da campanha desqualificada
e meus olhos vagam a esmo, ando sem rumo
num desencanto , na rota de colisão
para fugir do fogo que se cruza
em torno de mim, para bater de frente
no enfrentamento diário, anulando
a traição dos anônimos anunciados
que se dizem, amigos e sei que
os loucos fazem os sã, agirem loucamente
e busco o som, que é o eco da minha verdade
onde as mãos do destino, aplaudirão
numa reversão do agravo e violação sofrido
por sonhar liberdade nas ações dos meus dias.

VISÕES – 366

A patologia da visão, muda na gênesis
do fogo factuo
Seus olhos prescutou meu corpo
scaneando minhas emoções
invadindo mina áurea, privacidade perene
Busquei barreiras para me proteger
Rastreando suas intenções e deletando
Seus impulsos delirantes.

VISÕES – 367
Olho as estrelas
para matar a saudade de você
e na constelação, busco sua posição
na áurea mais nova
e na movimentação constante
a sua presença materializada
em círculos de poeira argêntea
e choro num sorriso aberto
peito arfando neste encontro
revisitado.

VISÕES- 368

Nós os negros, construímos
nossa própria fobia e mecanismo
de ocultamento do racismo
principalmente se estivermos
nos espaços dos poderes e ou
acompanhados por brancos
a quem defendemos contra nós mesmo
na medida em que nos agredimos
e nos repelimos numa auto-rejeição racial
em defesa do branco e cristalizar
os estereótipos no negro.
O racismo é banalizado pela mídia
através do nosso silêncio, ocultamento
e negação.

VISÕES – 369

Oratório, Cantochão
É meu Angorossi, na louuvação
ao Orixás, Inkissis e Voduns
È o Oro de iniciação, onde vamos saravá
Cânticos de louvor, numa oração votiva
aos Ancestes da família, num recitativo de fé
elevada aos quatros cantos num
encanto de agô vibração misteriosa
na eloqüência vitoriosa do
transe coletivo dos omorixás.
Akum bérê .Kê nã
Azuelou

VISÕES – 370

Sufoquei meu desejo
na fuga do sentimento com medo
da transgressão Quizila, tabu violado
na ação do pecado, proibida na expiação
punição profanada.
Olodumaré daí-me uma estrela
em ascensão ebó de luzes e sonhos
silenciosos no jogo de Iyfá
Orunkó do Oriki revelado

VISÕES – 371

Fiz um ensaio religioso
na Gruta do Milagreiro
com o rosto clareado
pelo reflexo do esplendor
Não irradiei minha luz
para incomodar o recinto
com o disparo dos refletores
A minha áurea, ante o espelho
Irradiado de sois, ofuscada
Pela imagem de mulher
vestida de lama no imaculado
recinto e a luz não refletiu sobre
o corpo na viagem
sobre a proteção de Olodumaré


VISÕES – 372

Nasci negro, me tornaram branco
na metamorfose social
cultura e tradições do meu saber
colonizado em todos os níveis
de minha educação
geradora de minha formação
Branco por não ser preto
e ter a pele aclarada
cabelos enrolados, clareado
com oxigenação.
Fui para escola, ser doutor
e nunca parar na periferia
Meu pai é preto, minha mãe loura
diz sempre minha avó
que não nasceu para ser avó de negro
e que já basta a maldita abolição
onde seus negros, pagaram a dívida
de sua origens e se assombra de pretos
nascer em sua família, estabelecida
com nome construído e heranças
esquecidas.
Família de desembargador
Nasci negro, de pai preto,
Mãe loura, avô racista.
Sou afro descendente
Meu pai é negro
Minha mãe branca.
Sou a nova geração.
Afroeurodescendente.

VISÕES- 373

Afro descendência é mais uma mascara
do negro mutante, genérico que busca
na fuga, um espaço de destaque para
esconder a sua rejeição racial.
È uma expressão do recalque para excluir
os estereótipos de inferioridade
marca profundamente a ideologia
do branqueamento numa anorexia cromática
É o negro de alma branca que se travesti
de branco para ocupar espaços
tem preconceitos de ter preconceitos e foge.
Afrodescendencia é a negação do espelho
na escada do poder equivocado de negros
da Casa Grande em ruína que vivem
a memória colonial dos herdeiros dos
estupros senhoriais, nas senzalas violadas
nas pernadas consentidas em violência do cio
da do pai desconhecido de ações incestuosas
Eis o afrodescendente, que nega a mãe
pela brancura do pai.
Afros descendentes, são os filhos da tara
do predador dominante.
Eco do branqueamento da elite de mutantes
produto da anicefalia cultural reforçada
de imagens cintilantes da burguesia
eugênica que se reproduz e delira
no insulto a inteligência e memória coletiva..

VISÕES- 374

Sou africano do Brasil
Sergipe meu natural,
não sou do Zaire, Congo
nem de Kampala, não sou de Gana
ou Ruanda, Eritréia,Nigéria
Sou de Sergipe, afro sergipano
nascido, longe do continente
longe dos ancestrais,perto do litoral
banido das tradições tribais, memórias
atrofiadas, sem rumo e sem norte
Como meus ancestrais seqüestrados,
explorado, manietado, tipificado
e dividido para a diáspora espacial.
Sou africano do Brasil, não da Costa
do Marfim do Senegal, Angola, Egito,
Etiópia, Namíbia das savanas, desertos,
montanhas, matas e rios, das águas do Nilo,
CongoNiger ou Zambeze,
minha visão do velho Chico
Sergipe, Cotinguiba assoreados
Não busco a fluidez das montanhas
Quilimanjaro, Quênia ou Ruvenzori
Ah! Minha África transcultural
de ancestralidades divinizadas
que reforça meu natural e transporta
meus sonhos pelo Atlântico
na revisitação as raízes do Baobá.
Eu sou afro brasileiro, dos cinco continentes,
sergipano, da diáspora e trago a
África em mim.

VISÕES - 375

Dancei ao som de Carmem de Bizet
rodopiando com sofreguidão
a coreografia do vento.
Efufu ,um Aguerê devasso que sacralizou
a batida profana do bailado na fúria
do rit mo quente e levitando
busquei na taça de fel divinizada na luta
do amor desesperado, o néctar do prazer
sentido neste eco de miragens
Dancei a dança dos deuses
inspirado no som alucinante
deste bailado sincopado do corpo
ardente de luxúria e agonia
que trepida a razão de ser
pelo emoção do prazer
de sentir meu Orixá
seduzido pelo encontro
neste passo.
Dancei ao som de Carmem
para Iansã, um aguerê sincopado
e fui buscar o alujá, incorporado
no transe do olhar ardente.
Kaô – Kabiesilê
Eparrei beloyia

VISÕES – 366

Numa odisséia do herói imolado
pela fúria, calúnia e difamações
que lhe desqualifica e destrói
Falo de línguas ejaculadas
na sombra fragmentada
em partículas distorcidas
pelo reflexo da areia
adormecida ao relento
Água poluída viceja
some no ar , diluída com sangue
e suol da multidão cambaleante
no deserto litorâneo
e das regiões ribeirinhas
Áurea seca de olhar iluminado
O campo aprofunda o meu olhar
Segui um objetivo
Obedecer a razão
Conter a emoção
Sua visão entra em combustão espontânea

VISÕES – 367

O por do sol
levou minha solidão.
Pensamentos felizes invadiram
meu silencio, povoando de sentimentos
multiplicadores de visões nascentes
Sombras da chuva
reflete o arco no céu
como barco que margeia o rio
cheio de estrelas em direção
do portal incandescente.
O farol da liberdade
sinaliza a baia indicando
o canal para passagem e atracação
Sinos repicam e holofotes varrem
a noite anunciando a cerração.
Perigo a vista.
Homem ao mar.

VISÕES-378

A presença dominante do Arco do caçador
símbolo mítico de Oxosse o deus da caça
no Aramefá do iylê aiyê
eu lembro o vento alertando a caça
e a presença do caçador negro
na floresta encantada.
reduto de exilados
quilombo natural dos Inkisses
terra dos Orixás divinizados
pelas folhas de Ossasin
no ritu de sagração de cura

VISÕES- 379

As questões de ser negro
Só o preto sabe
Só o preto sente.
Nos postos médicos
Nas delegacias, tribunais
os olhares acusadores, frios,
de desprezos, pouco caso, inquisidores,
discriminadores que lhe são dirigidos
pelos próprios negros, pretos, pardos
e mulatos(no espaço de poder, todos são brancos)
Ser negro é sentir-se negro, viver negro
É preciso que se encontre em atitudes
a consciência de ser negro, para romper
o silencio e transpor barreiras erguidas
pela nossa animação subserviente
pela nossa mentalidade reticente
pelo nosso medo de se insurgir
pelo medo de ser feliz, vivemos
pela mordaça
É preciso que esta sombra materializada
rompa a simbiose desta relação
incestuosa de dominação.

VISÕES- 380

Contenha meu grito
reprima meu amor,sonhos e fantasia
meu grito silencioso e lágrimas contidas
não detem meus soluços.
Ah! Lembranças que angustia
e aumenta minha ausência
estou flutuando no futuro presente de você
A força dos meus sonhos é muito forte
deixa ressaca utopia visionária
e caçador do horizonte
esperança mítica do herói materializado
no Anjo Negro, aculturado,
renascido tantas vezes
visto por mim na multidão.

VISÕES – 381

Olho os olhares que descortinam
as imagens em movimento e vejo
olhares frios , furiosos, que flecham,
incendeiam, curiosos, trocistas, mortos
Sinto esfaqueados e violados
por estes olhares intimidatórios
que dizem o passa na alma dos
seus portadores.
O olhar da traição, mutilado
olhares assassinos, lassos, devassos,
carentes, invejosos e cruéis.
Olhares que prescutam e marcam
para roubar, olhos solitários
que testemunham o tormento
do mundo impregnado de terror
e maldade.

VISÕES – 382

Afro descendência
Escudo modista acadêmicistas
para o negro se esconder, fugir
negar vê si mesmo , escamotear sua raça
suas origens, marcas e maquiar sua vergonha
de ser.
Negro, africano, mulato, preto, pardo,crioulo
e tantas outras tipificações, para agravar ou atenuar
o homem negro que tem vergonha de assumir
Negro é aquele que se aceita , identifica
e é aceito e identificado por todos
vai alem da cor da pele, é atitude, não ter medo
enfrentar os estereotipos e ir em frente.
Afro descendência é uma mascara onde se refugia

VISÕES- 383

Oh ! Mãe. Há quanto tempo.
Tenho saudades e tristeza
Não sei nem como começar
mas aqui está tudo diferente, desde o dia
da noite fatal que nos deixou, abandonada
num leito frio do hospital
Quem viu a sua partida.
Quem fechou os seus olhos e velou sua passagem,
para os nossos Ancestrais?
A noticia foi traumática, enlouqueci e
rastejei como alucinado. Minha amiga, meu
xodó minha força e luz.
Sua partida ainda não havia cicatrizado
a ausência de Pai, foi muito difícil, lembro
ainda sua imagem segurando Iyazinha, sua neta, sua
disposição e entusiasmo nas danças
dos Orixás aparamentada de branco
Ah! Lembro tudo principalmente as nossas
alegrias e piegas.
Depois Mãe, foi Edmê que nos deixou, logo
Após, sua mulher e como não sei dizer,
Betinha se foi, numa corrente de ar que nos
deixou sem fala, aí mim lembro da tragédia
que vitimou seu neto Toinho e quase leva
sua filha a mãe dele, foi trágico, o primeiro
e espero, o último a ser morto na família.
Passamos dias terríveis e como todo mundo
as dificuldades vão aos poucos sendo
superadas mas deixa uma marca, mais
visível que a marca de marcar bois.
Minha depressão é constante com a perda de
Bibi. Minha companheira, crítica, meu porto
de chegada A única que me gritava quando
eu tinha que calar. Com a sua falta, me
apeguei muito mais a ela Reproduzindo seus
valores e ampliando a sua ação em torno da
minha arte, já conhecida pela senhora, mas
sobretudo era o meu equilíbrio e referência.
Quem mim ensinou, inspirou e colocou para
estudar e lutar na resistência negra.
Foi e eu não cheguei em tempo,
para responder a sua saudação.
Chamou meu nome e se despediu de todos,
dizendo o nome de cada um.
Oh. Mãe, eu estou só. Sinto falta dos gritos,
da sensação de desconforto nas suas críticas
e descomposturas.
Vivo em transe e sem vontades.
Estou a deriva e, talvez não encontre
motivações.
Lourdinha, minha companheira de luta
a que mais mim animava e cuidava de mim
se foi, durante o sono numa noite de novembro
e eu fiquei sem ela. Só saudades.
Mas, tudo , depende de nós, para parar
ou desviar ou mesmo seguir em frente.
Meu abraço.
Tome conta dos seus filhos que aí estão, já
são dezoito, e nós quatro ficamos aqui
sob as benção da Senhora e de Pai,
sobre a proteção dos nossos Ancestrais,
na paz e na luz que emanam de vocês.
Estou sempre, evocando seus nome e de pai.
Cuidem de nós. Filhos, netos, bisnetos,
tataranetos. Somos uma tribo,
herdeiros da luta e da esperança.
Que os deuses lhes cubram de luz.
Minha mãe.

VISÕES- 384

Meus sentimentos estão sedados
e entraram em coma induzido
para não perder a sensibilidade
e a capacidade de pensar
A visão ampliada de minha razão
sufocada de impedimentos morais,
atropelam as interpretações
da realidade que vivo,
sem direitos de sentir
que olho, sem direito de vê
que falo, sem direito de dizer,
afirmar denunciar.
Estou engessado
minhas ações, evasivas,
escondem intenções de forte
turbulências.
Respondo e não digo
e a pergunta mais importante
não fiz.
A resistência negra séria
deixa de ser bonita
quando vista de perto.

VISÕES – 385

Choro lágrimas cristalizadas
sorrindo da minha história
lavando a alma dolorida
com rajadas tempestuosas
de sangue, deste parto sem dor
E vejo massa de ar em tempestades
vulcânica, com lavras densas
vindo em minha direção
com imagens fantasmagóricas
petrificando meu corpo
com este olhar de Medusa
refletindo enfileirados
imagem refletida
no encontro dos raios
estátuas amontoadas nas encostas
de minha visão iconoclasta
Meu divino está profanado.
minha inocência violada
com o poder da fé
e choro rios de lavras
transformadas em areias
que cantam.

VISÕES – 386

Raios de fogo profanos
interrompeu o grito
do silencio violado
espelhado em meus olhos
perplexo e irado.
A visão da democracia
cujo ideário é a manutenção
da casa grande viola minha esperança
de liberdades, o engessamento
em pleno século de luz
viver a escuridão, fere minha íris de morte
na hipocrisia dos arautos.

VISÕES – 387
Afro descendencia,
é coisa de nego de alma branca
que chama Portugal, meu avozinho
e esquece do seu tronco africano
É negro agregado, adotivo
que envergam o DNA da Casa Grande
e tem vergonha de ser negro
para não lembrar a Senzala
e sua relação incestuosa
São os descendentes dos capatazes
dos estupros capangueiros. capitães do mato
os famosos preadores de negros.
Símbolos dos negros no espaço de poder
vigiar, desqualificar, destruir
Afro descendência, predadores
de África Iya N’la.

VISÕES – 388

Afro descendências
escudo modista acadêmicistas
para o negro se esconder, fugir
negar vê si mesmo , escamotear sua raça
suas origens, marcas e maquiar sua vergonha
de ser
Negro, africano, mulato, preto, pardo,crioulo
e tantas outras tipificações, para agravar ou
atenuar o homem negro que tem vergonha
de assumir
Negro é aquele que se aceita , identifica
e é aceito e identificado por todos
vai alem da cor da pele, é atitude,
não ter medo enfrentar os esteriotipos
e ir em frente.
Afro descendência é uma mascara
onde o NEGO se refugia

VISÕES – 389

Declarei moratória numa
numa manhã chuvosa
como uma tradição a mim mesmo
enfim de omitir a sua responsabilidade
pelo crime cometido.
Sou réu confesso
de confessáveis memórias
herói anônimo de testemunhas
silenciosas.
Por salvar um grupo, multidão
pseudo íntimo de minha razão
refém da emoção fragilizada
e vulnerável sou transformado
em bode da expiação
numa customização Aqüífera
e busco no Yom Kippur bloquear
as experiências transformáticas
do Jihad em Ramadam
e na emoções a contra gotas
conspiraram minha solidão coletiva
no esquecimento da razão.
“ Quem come da minha carne
e bebe do meu sangue
permanece em mim”
No Olubajé revelo a expressão
da quizila rompida e solto o grito sufocado
Eu não sou Cordeiro!
Fui transformado em Bode
para carregar as culpas dos outros.
Sou um Mané Gostoso...Saco de pancadas!
E como Eremita,vagueio pelo deserto
da diáspora.

VISÕES – 390

No ar, limalhas de ferro em suspensão
girando em torno do meu corpo
sem anunciar sua presença
que eu sinto e percebo seus
movimentos mim tirando do eixo
e rumo no abalo do norte
de minha bússola alterada
contraditória da Rosa das Ventos
que mim expõem na do
Destino na Roda afortunada
equilibrando em si, as forças
opostas, alternando minhas
tristezas e alegrias, sem
começo e sem fim.
na troca inusitada
a Mandala Azuelô

VISÕES – 391

A depravação do anjo transfigurado
ofuscou a minha visão periférica
pela confusa aureola camaleônica
fotocromatizada.
A tristeza anímica do seu sorriso
exibe o tom coral do som marinho
de águas turvas, espumantes
Seu encantamento é perene
como o nascer do sol
sobre o leito do Rio Ganges
sua imagem transfigurada
cristaliza a visão múltipla
do ser despudorado aos olhos seus.
È o grito silencioso do olhar agnóstico
antes a visão do outro no espelho
concavado.

VISÕES – 392

Revistei meu amor por você
minha motivação requisitada
fortalecida de fluxos potenciadas
Essa paixão renascida
no toque de amor adulto que se ama
O rio transbordou
com a nevasca do sertão , no fluxo e
refluxo das promessas dos ribeirinhos
encantamento de cânticos de luzes
em oração.

VISÕES – 393

O perdão é maior que a vingança
O bloco de Cumulu nimbus dissipou
e encheu o céu de dourado refletindo
em meus olhos a luz cristalina do portal
Na revitalização do meu passado
Manasse e Efrain, filhos de José
José de Jacob, José do Egito
Babalawo Oluwo, ancestral
Oxumaré, decifrador do oráculo
sonhos de sonhos no ritu de Olodumare
chuva que regra a terra seca cedente
de água. Arôbo bo.

VISÕES – 394

A ira das águas
represadas no leito
sufocando a natureza
que transborda nas margens a sua
dor.
Rio São Francisco
ampliando o seu sol
no leito de tristezas que se
estreita em busca do mar
num male de lagrimas já não habitou

VISÕES – 395

Oráculo do sol
no rio franciscano
Olho das águas
montanhosas.
Morte da nascente
em erosão.
leito desviado das águas
represadas.

VISÕES - 396

Insatisfação dos atos
de minha humanidade
meu fazer refeito
minha utopia.sonho ditoso
da inconsciência
coletiva no resgate
da minha cidadania.
Sem a máscara de ferro
com o Orixá da Resistência
Patakouri Ogum, luto contra
o genocídio social e truculência
etno racial de minha gente.
Minha insatisfação
não satisfaz o presente
do meu passado.

VISÕES – 397

Equivocado iludido e torturado
pela falta de solidariedade,
dos meus iguais em diferentes
situações e interesses
Abracei a luta e lutei
vencendo barreiras, abrindo
caminhos e planei estradas.
Busquei ajudas, respeito, coerência
fui ultrapassado, negado, excluído
e vilipendiado por todos
ávidos de saber e poder
manipularam os feitos e fiquei
se referencia na luta que travei
por espaços negados
na luta que lutei, por direitos
conquistados e, negado, excluídos
sou um anônimo evitado.

VISÕES – 398

Agucei meu sentimento
minha percepção,
e não acreditei
naquilo que estava
vendo.
A duvida me levou
a expressão da verdade
mostrando do meu ponto de vista
a que olho cada vez mais
distanciado, navegando por imagens
de minha alucinada perspectiva
e vejo o que sugere
a imaginação do autor
reinterpretando leituras.

VISÕES – 399

Vejo na chuva
Pingos de sois estrelados
imagens, sombras duvidosas
de orvalhos em tempestades
Olho a chuva
Canções de despedidas
Sonhos do passado
Saudades de você
Seus olhos, pensam
que me conhece
Mas não sabe a extensão
do meu sofrimento.
.

VISÕES – 400

Nebulosidade variável
Na cerração do olhar jurisdicional
A musa guerreira, guardiã
dos sonhos meus, olha mais não vê.
O choro da multidão injustiçada
Visão patológica de miragem
empaquetada no incesto da lei
que brilha no pote dourado
do arco-íris de cristal.

VISÕES – 401

O ritual do seu olhar
Não vê a realidade
que se mostra sem as cores
da fantasia
O olhar vingado na segue
e cada passo forçando
a lembrança de minha consciência
culpada.

VISÕES – 402

Visão nebulosa
de olhar mórbido e triste
Sem a luz da reflexão e claridade visível.
Uma ventania vasta, ergueu barreira
igual as muralhas de Jericó
Uma China, Berlim, Israel.
Ótica distorcida, espelho de Babel.

VISÕES – 403

Visão anarquista
de trombose hepática
e ventre ferido
coração angustiado
Pelo olhar albino e môco
Clareou, escureceu
O vento parou de circular
Ar sufocante queima meu coração
Nesta visão epistemológica
de realidade empírica.

VISÕES – 404

Olhar de Mandrágora
Só via a perfeita ebulição
da fantasia .
Sua estrela nasceu
na morte anunciada do amor
magia da antropomorfia de suas raízes
irradiando no Portal, Transposição
do Rio em torno da Lua que desce
transbordando Mares e Rios
abrindo fendas em Cachoeiras
alagando o deserto sem Chuvas
e com gente que chora de alegria
e de tristeza num vai e vem
deste circulo que vicia e cristaliza o inconsciente
A Magia da Esperança de chegar
sem ter partido, buscando o Mundo
na sala de espera, do filho que foi
Mandrágora, folha e raiz do meu
sonho atrofiado.
.

VISÕES – 405

Olhos que correm
sem a pressa de fugir
porque sabe não poder
se esconder
do brilho do meu olhar
A minha visão flutua
no centro de sua íris
transformando infinito
o mar etéreo de luz
Que brilham no seu olhar .

VISÕES – 406

Olhar modifica
Pela fé a realidade
quanto mais olha
mais irreal aparece.
Como uma visão distorcida
de múltiplos espelhos
que refletem a distorcem
realidade e fantasia
Pelo estrabismo daltônico .
sua realidade não é minha
sua luz não me encandeia
nas distorce a visão
o conjunto de paz.

VISÕES –407

Seu olhos
São minhas únicas verdades
Estou no campo de sua visão
Como um elo que se cristaliza
na corrente
Aríete em rota de colisão
você e meu potencial
seus olhos meu farol
iluminando a rota
na revisitação.


VISÕES – 408

Dancei em torno do nada
no ritu dos seus votos de traição
corrida e enriquecimento antes
o espelho que traduz
e reflete sua alma, revelando
os segredos escondidos nos mais
recônditos de sua corrompida
Essa visão herética, define minha
leitura estética de sua ansiedade
profana de auto flagelação
Dancei como dançou David e vi
no olhar anorexo do pensamento
cristã sobre a sexualidade do pastor
do pastos atrofiado pela Lei Canônica
lacaniana dos cânones em ruptura
bíblica das traições tribais
e progéticas da genealogia do poder.
Seus votos instiga e a antiga
várzea do rio sinuoso, estreitado
e assoreado de paixões nervosas
por barreiras e desvios
Votos de castidade no ritu
da traição do Mar Morto
infestado de bancos d’areia, impedindo
a navegação de frutos da sagração,
traição de ritus. Piracema
na liturgia da castração
equivocada e infiel.

VISÕES –409

Crede porque viste
a solidão de Thomé
em busca da visão angustiada
duvidou para acreditar
transformando a esperança
maior que o medo
no enfrentamento da traição
dos clérigos intelectualizados

VISÕES – 410

Negro, sou
não nego meu natural
Negro de marca, que marca
a raça como mãe e não madrasta
Afro descendente para negro
se esconde e, fugir, negar a si mesmo
escamotear sua raça, marca
negar suas origens, maquiar sua
vergonha de ser: Negro, Preto
africano. Afro descendência
refugo de pardos, mulatos e imbecis
europeizados, esbranquiçados
que não se assumem, tem vergonha
de ser reconhecido e se reconhecer negro.
Sou afro sergipano, irmão de afro americano,
angolanos, nigeriano, senegalez, jamaicano
cubano, haitiano, guianense,afros diásporisados.
Sou afro brasileiro, sergipano
irmão de afro americano de Missuri
Afro nigeriano de Lagos, meus
mano dos afros angolanos de Luanda
e tantos diasporizados. Afros germânicos
Afros franceses, afros marroquinos
Afros eritreios, euroafricanos.
Afro descendência é uma mascara
que escondem os que tem vergonha de ser
Uma máscara para esconder
a mancha negra da família.
São praticados pelos pardos, mulatos
que se escondem na cor, para fugir
das discriminações e preconceitos
e imputam ao preto a pecha de negro.
afro descendência, invenção de negros
idiotizados, elitisados.

VISÕES –411

No rio do amanhecer
uma menina travessa
alegre de olhar soturno
negava na margem
em direção ao mar
vendo as estrelas pelo espelho d’água
olhando a voz em busca do nada.

VISÕES – 412

Chuva prateada
no reino de Oxalá
m olhou a terra povoada
de risos infantis, correndo
a colher Os peixes, que do ar
caiam no chão, fertilizado
por Oxum.Onirê
gritei saudação ao deus da terra
e contemplei o Baobá ao longe,
resistente e frondoso
com proteção das águas,
dos ventos que vem do mar,
das montanhas ,para rever os rios
onde plantei o meu axé.
As águas de Oxalá, que correm
do Rio de Oxum para saldar Iyemanjá
Odô Iya Ogunté _ Rainha da águas
que vem da casa de Olokum.

VISÕES –413

Meu pai é eterno
minha esperança transformadora
sem ausência de ternura
colo seguro, ombro amigo
berço dos meus soluços socorro
de minha perdição
Meu pai é a sombra
do meu descanso
alivio de minhas dores
Meu pai
Rosa dos ventos
afortunados.

VISÕES –414

No retrato da minha memória violada
vejo imagens que nunca esqueci
vejo violações alucinadas de inocentes
figuras do meu inconsciente coletivo
da orla povoada de mestre e senhores
ambientais.
Na foto de minha imaginação
refeita com retoques digitais, ampliou
as possibilidades e mudou as cores
que policromou a paisagem descolorindo
o fogaréu que se alastrava e era a prova
do crime ambiental


VISÕES – 415

Testamento dos primeiros
desejos dos prisioneiros
da visão esquecida
sortilégio de amor
na magia pessoal do seu olhar
Canta o conto de amor
em canções plangentes, uma saudação
a Alá visão desértica da Mesquita
em Meca do Profeta da submissão.
Memorial de luta na conquista
da visão compacta do Mestre
na ação do amanhecer,prostração
sacralizada a peregrinarão
ao Corão, visão de Maomé
revelado.

VISÕES -416

A mutilação de minha identidade
é fruto de ação cristalizada da Igreja
e do Estado, irmãos Siameses genocidas.
Um Estado que se diz ” laico” como a
justiça que se declara “cega”todas as vezes
invade e nega nossos direitos, coletivos
naturais, e constitucionais.
Legais e Legítimos, conforme o Fórum
e grupos de interesses e ideológicos
na proteção de predadores encastelados
nos espaços de poder, legais, tradicionais
e herdados.
Usurpadores da nossa liberdade sitiada
pela proteção da Igreja apoteótica,
que nos amordaça, mutila,
num engessamento silencioso,
fruto de conspirações do medo,
enraizada na teologia ortodoxa,
pseudo libertadora profanizada
por alianças racistas, mantenedoras
da Pedagogia da Corrupção Teocrática,
de um Estado degenerado,
apêndice do Santo Oficio,
na Cruzada etnocida,.
manoteista de ação maniqueísta.
Victrix causa diis placult,sed victa Catoni.
Os Deuses foram pelo vencedor,
mas Catão pelo vencido

VISÕES – 417

O espasmo do meu sonambulismo
marca o lirismo do ardor
das ações do meu duplo
nascido de mim.
E hoje, hipnotizado pelo medo,
corro de mim noite adentro,
levitando em transe ascendente
como uma sombra bruxuleante

VISÕES - 418

Prisioneiro de uma ideologia recalcada
minha liberdade, condicionada
não permite o uso de minha identidade
sitiada, sufocada pelos Curadores
Ensaio revoluções e pratico a guerrilha
no aporte das reações idealizadas
na minha resistência etnocida
Penso ancestral quando falo e escrevo
no cotidiano da aculturação paternalista
do domínio devassado.
A minha filosofia é construída
do pensamento libertário na mordaça
do meu passado coletivo
no âmago do opressor colonizado


VISÕES – 419

Um Desembargador Preto
será a redenção do governo sergipano
que na Província, proibiu pretos, africano
e leprosos, o ingresso nas escolas pública
Hoje busca inclusão, com pré-vestibular Cotas,
sem incluir conteúdos da nossa história cultura,
nas grades de nossa educação.
tirou o mérito do ingresso, da formação
para quantificar, desqualificando o ato.
Cotas para negros, só favorecem os brancos
e exclui os pretos, não promove mudanças
de atitudes ou de comportamento,
o negro continua sendo o alvo do preconceito,
o preto discriminado, criminalizado
na sociedade cromática, com escolas sem
educação qualificada, com professores,
sem educadores com títulos, sem conhecimento
sem espaços sem representação
O preto inexistem nos espaços de poder
que mantem a política do clareamento
como indicador de expressão, para o mando
preto não pode comandar, não fica bem
os mais claros receber ordens de pretos.
Um ato histórico de desagravo
Desembargador, indicação do mandatário
sem pré requisitos, a cota do preto,
do governador mesmo que,
depois de empossado despreze
os pretos como todos os negros ,
pretos, pardos ou mulatos
no espaço de poder.
Clareou, virou branco
Virou autoridade, é branco.
Mas, mesmo assim, haveremos de ter,
um Preto Desembargador


VISÕES – 420

Preto neurotomizado
pelas respostas históricas das
tradições coloniais, continua apanhando
e sufocando seu grito, chora sem sentir dor ,
grito silenciado pela repressão a cada esquina,
manifesto ação, a cada espaço.
Tido e havido como subordinado, não pode
se insubordinar na hierarquia cromática
é o último a ser servido e o primeiro a servir
brancos, pardos, mulatos.
O preto é tratado como subalterno, tem que
falar baixo e olhar para o chão, sem encarar
seu opressor.
Essa agressão é um insulto a inteligência
do preto que está sempre diante de um
tribunal de exceção a lhe negar direitos.
Vive oprimido e pensa liberdade.
suas possibilidades soçobraram sobre
a ilusão de uma farta imaginação
e mantem aceso corações e mentes
panfletário na sua neurotomização

VISÕES- 421

Carranca do olhar adormecido
pela sombra do Sol nos dias festivos
do Rio Opará em longas eras
devassando águas límpidas na Proa
dos barcos assinalando proteção
singrando caudalosos Rio por sobre
o leito em busca do mar.
A viração terral estancou o Rio
no paralelo do poder corrompido
assoreando pelas margem, o leito



VISÕES-422

Crise de vergonha e de identidade
do negro que se nega e afirma
suas raízes indígenas:
Sou Xocó, Tupi, Kiriri, Kaimbé
tem preconceito de ter preconceito
E se auto reconhecer reconhecer
inventa tal afro descendência
E esconde o natural
Se é da Eritréia,Pérsia , Brasil,
Zâmbia e Senegal
É descendente e desconhece
seus ancestrais africanos ,busca os
europeus numa certeza de sua sabedoria,
explicitada na árvore
genealógica, o famoso Pedigree.
Negro nega preto se mulatêia é de Pardo
simula cores e branqueia geneticamente
empenhados, pelos olhos e ouvidos das luzes
do Genoma., onde só existe uma Raça,
a Humana, mas nós somos Negros
se na prática, limalha do Universo, na Teoria
o Berço da Humanidade.
Torna-se branco ou Afrodescendente
nunca Negro, jamais Preto.
Negro acomodou ,hoje é Branco
clareou, seu inimigo é o preto
vitima dos estereótipos, mas não se levanta.
tem vergonha de ser negro
porque simplesmente,, não é Preto.
Quanto mais perto se chega de Cezar
maior é o medo

VISÕES –423

Guardo ainda a tristeza em meu coração
cauterizado na travessia do Rio, no Barco
encalhado no Banco-Corôa construída
pelos depósitos sedimentados lançados
das margens.
Meu Barco encalhado no meio do Lençol
cristalino, cintilante, calmo, espelhado
a luz do Sol.
Paisagem bela, desta natureza que morre
que agoniza, no exato local, passagem
outrora de navios de grandes calados.
Hoje sua profundidade de Chalanas e
Caiques, encalha os apaixonados que se
encanta com a visão do olhar em transe
das imagens memoriais.
Eu regalado da Paisagem espelhada e que
se anima no Leito deste Rio Bravio que
agoniza sufocado pelo assoreamento,
sangra meu coração cauterizado e eu querendo ir,
com vontade de ficar.
Não sei se nado ou vou a pés
não sou Moisés, mas o Rio me parece
Vermelho e estancado pelo uivo e gemidos
no ar pela passagem no Tabanga ...
Transposição.
“O Cão nasceu na Tabanga
Criou-se na Sambambira
Morou na Ponte Morfina
Veio morrer nas Traíras.”
Neste ritual metafísico do meu Coração
quanto mais perto se chega de Cezar
maior é o medo.
E meus olhos singram de saudades
vendo os Caetés e os Quilombolas
saudando o Rio.
Aroboboi Oxumarê. Mussura

VISÕES – 424

São Francisco e as Taparicas, Chatas
e Barcaças com seus Toldos e Carrancas
singrando o leito agitado, lutando contra
os perigos deslizando suave e
apreensivamente nas águas traiçoeiras
do Tabanga.
As Barcaças do São Francisco,
vão para o Mar em festa e ritus na Foz,
numa sagração ao Mar de Iyemanjá
num Tributo a Oxum do Opará.
De suas margens , centenas de velas
cobrem seu leito, enfunadas pelos ventos, na ida
e no regresso dos Barqueiros, aos Portos
e Ilhas, voando como Borboletas.

VISÕES – 425

Rio dos Currais; Opará; Integração
São Francisco Agô Velho Chico
ribeirinhos ao lado de suas margens
com lições vividas, choram no recordo
das tradições e agonia de agora.
E vem os Índios, Portugueses; Negros
Holandeses e as águas passaram
por seu leito, barrentas, sangrentas
por labor e resistências, em busca
do Mar que hoje lhe invade.
A Magia de suas Carrancas aumenta
o eco dos gemidos e gritos, o Carreiro
ficou sepulto nas profundezas do seu leito
com o Murundu e as Carrancas Protetoras
na busca do Negro e Cobra D’Agua que
pereceram e não se falam mais.
O gemido continua no ar, avisando
a sua destruição anunciada
em seu leito cresce os bancos, suas
margens se estreitam e crescem
o assoreamento ao aterramento
para plantio de canavial e passagem
de gados da agroindústria do governo
que exclui seu impacto ambiental
das histórias e estórias de nossa gente.


VISÕES - 426

A Tempestade de Areia
migrou do Deserto para o Rio
O Saara emudeceu coberto de Granizos
inundando em toda sua extensão
coberta de Mar, numa revisitação do seu
passado, sem Dunas, Oásis, Tempestades.
No Rio cresce as Dunas,devastando as Matas
e Centros Urbanos no entorno.
Fogo, devastação e um Oceano revolto
povoado de Tufões, trazidos pelos Vento Oeste.
As Areias cobriram o leito do Rio
assoreando as áreas desertizadas e transformaram
Matas em Oásis, numa saudação ao homem
citadino.

VISÕES – 427

Há certos olhares que nunca devemos dar
e certas intenções, que não devemos ter.
Nos envolvem transmitindo mensagens,
desejos que não queremos cumprir,
induzindo a falsas interpretações
causando constrangimentos de uma
verdade que temos medo de assumir.
Meu corpo está machucado
de felicidades e frustrações.
No meu olhar o Sortilégio
de desejos interrompidos.


VISÕES - 428

Caetaniei Gilberto Gil
na luz de Clara em Manhã de Carnaval
ouvindo Ellis no Canto de Ossain
canto a Iemanjá na claridade de Jobim
saudando os Orixás, na bênçãos
a Mestre Didi, Alapini.
Alapalá do Alapinin, Aganju de Oiyó
Caetaniei Gil na trilha de Chico a Morte
e Vida Severina do Cabral Melo Neto
de omorixá.
Caetaniei Gil, Senhor dos cantos e canções
do povo, do nosso inconsciente coletivo
Caetaniei Gil e transculturei emoções
Meu povo nações, vozes, vozes, voz
Abenção Antonio brasileiro Carlos Jobim
benção Caetano, arauto dos ritus de iniciações
guerreiro entrincheirado de energia e inspiração
na provocação de ações e quebra dos silêncios
cristalizado do medo de insurgir
Abença quem é de abença, abença minha benção.
Caetaniei Gil, para passar na Banda que não ficou
E cantar a natureza na magia do refrão.
saudar o povo negro, omorixá da Bahia
terra de encantamento transbordado
África transmutada de movimentos amplos
mar aberto no abraço longo, temporal de energias
no compasso do riso feliz.
Imagem de Gusmão.

VISÕES – 429

Rios de lamentações
corpo dolorido e alma em suspensão
vestes litúrgicas, sacerdotais
visões entrecortadas de dor e tristezas
com pena do corpo cuja energia se esvai
Choros e velas povoam o espaço
sacralizado pelo rito de dor e desespero.
Uma lágrima cristalina, penetrante e
fria dilacera aminha visão de fim do
mundo em viagem austral e
desperto para a vida renovado
pela lágrima da Fênix, que meus
olhos viram e foram tocados


VISÕES - 430

O remédio que lhe curou
matou o fogo da paixão
cruzei os oitos mares
com as Rosas dos ventos
potencializada rumo
as galácticas do cruzador
nas rotas das estrelas
E rota no fim do itinerário
atraquei na rotunda tosca
do quarteirão rubento
sem rumogear o poder
maior que a autoridade

VISÕES - 431

Meus impulsos
abrem uma clareira de sombra
e luzes
que emudecem o soluço
silenciando meus grito
já há muito silenciado.
e vejo aquilo que jamais
deveria ter visto:
a minha liberdade.

VISÕES –432

Insatisfação
dos nos atos
minha humanidade
meu faze,r feitos,
minha utopia.
sonho ditoso
da inconsciência
coletiva no resgate
da minha cidadania
sem a mascara de ferro
com o orixá da resistência
genocídio social e truculência
etno radical
Minha insatisfação
não satisfaz o presente
do meu passado.

VISÕES – 433

Declarei moratória numa
numa manhã chuvosa
como uma tradição a mim mesmo
enfim de omitir a sua responsabilidade
pelo crime cometido.
Sou réu confesso
de confessáveis memórias
herói anônimo de testemunhas
silenciosas.
Por salvar um grupo, multidão
pseudo íntimo de minha razão
refém da emoção fragilizada
e vulnerável sou transformado
em bode da expiação
numa customização Aqüífera
e busco no Yom Kippur bloquear
as experiências transformáticas
do Jihad em Ramadam
e na emoções a contra gotas
conspiraram minha solidão coletiva
no esquecimento da razão.
“ Quem come da minha carne
e bebe do meu sangue
permanece em mim”
No Olubajé revelo a expressão
da quizila rompida e solto o grito sufocado
Eu não sou cordeiro!
Fui transformado em bode
para carregar as culpas dos outros.
Sou um mane gostoso...Saco de pancadas!
E como Eremita,vagueio pelo deserto
da diáspora.

VISÕES – 434

Sua visão ampliou
o clarão dos meus olhos
e vaticinou a expressão
do desejo esquecido
na suspensão do medo
de querer ser feliz
sem lhe perder.
E esta visão cheia de luzes
iluminou o sonho da noite
solidão em festa de alegria.

VISÕES - 435

O sol é para todos
mas não voltou naquele dia
sussurros e agonias
em restos transfigurados
pela visão de tempestade
no infinito azul
o sol é para todos
mas não voltou naquele dia.

VISÕES – 436

Nos meus sonhos
vejo um Oásis de miséria no
deserto de fartura numa ilha subterrânea
A visão estreita do meu olhar
reanima a miragem do temor terrorista
na visão ambígua do Egito e José
com suas vacas gordas em pastos áridos
constelação ofuscada pela explosão
de uma estrela.

VISÕES - 437
Visões de coisa qualquer
no grito da noite
solidão dos meus pesadelos
povoados de pontos fantasmagóricos
no peso da noite inacabada
quedas em suspensões
vôos aterradores
explosões.

VISÕES - 438

Voam as borboletas
saudando as flores silvestres
sobre o sol da manha, relva orvalhada
na ponte do silencio não há solidão
tudo é paz, harmonia com o esplendor
das luzes refletidas no ar arco irisado
Manhã de paz
na plácida imagem flutuante
do meu coração visionário.

VISÕES - 439
Afro descendência é confissão de culpa
do preconceito racial
da vergonha de ser negro se assumir
e ser reconhecido.
É desculpa de negro que embranqueceu
ou quer embranquecer
Numa síndrome do Michael Jackson
a Besta revelada.
o Mulato, Pardo cheio de culpas.
Afro descendência, vergonha de ser negro.
Eu preto, negro de marca e origem.
trago no corpo as imagens dos meus
numa marca gravada
na Alma o destino
no Coração a paixão
nos Pés o ritmo das caminhadas
nos Olhos a visão e o sonho
dos meus avos, gravado com fogo na íris
e com sangue o sinal das lutas
expressa no meu rosto roto.
Afro descendência impede e incomoda
o despertar da consciência psicológica
política e cultural agregada de valores
da filosofia ancestral, Pais dos meus Avos
que herdaram do Clã de nossa vasta
e profunda raízes o direito de Sermos Negros,
Nasceram escravos, mas só pensavam
em Liberdade, não poderiam ser escravos
e pensarem em escravidão.
Nasci Negro, falo brasileiro e penso africano
pensar África, falando Brasil,
sem negar seu natural.
Como meus avos, não tenho mentalidade escrava.

VISÕES – 440

A Educação é que nos vai tirar da Senzala
uma educação democrática, sem vícios
ou contaminação e independente de partidos
com uma política voltada para a inclusão,
participativa, que valorize o individuo
muito mais além da fachada, incluindo
e respeitando seus valores individuais
e tradicionais, utilizando como instrumentos
de sua formação intelectual.
Uma Educação que nos distancie da colônia
e desconstrua mitos, quebrando preconceitos
e privilégios, onde o mérito seja
o passaporte das oportunidades.
Uma Educação que nos eleve e identifique
proporcionando igualdades de oportunidade
numa união na diversidade.
Educação com educadores,
os que tem o magistério como realização
multiplicadora e não como meio
de vida ou falta de opção
Educação com Educadores que inclua
e não com professores que nos excluiram.

VISÕES – 441

Olhei para o Espelho e vi os desejos
mais profundos de minhas fantasias
confundi a verdade com a realidade
numa visão equivocada onde o fogo
da vaidade provou o encantamento
As minhas escolhas revelam o que sou
mutação da máscara flutuante animada
de cintilações confusas povoando meu
espaço cada vez mais reduzidos a reflexões.
Parei no meio da Ponte para saudar o Vento
e prantear a minha dor,
uma memória rompida]da minha história recente,
momentos de angústias gerando sentimentos
cortantes, frios, desesperadores de visão
aterradora que bom seria esquecê-la
para aquecer minha ignorância dos fatos
Olhei para o espelho e joguei por cima
da Ponte e guardei o meu silencio
para outra jornada.

VISÕES - 442

Cotas para Negros e introdução
da Cultura Negra nas Grades
do Ensino Público.
Uma visão alucinada da Retratação
tida como politica reparadora
a que mata o doente, para se livrar da doença.
Vivemos o século XVII em plena era
da clonagem de células do escarro.
Os filhos de barões e senhores de engenhos
estudavam na europa, voltavam doutores
para ocupar os espaços de poder político
e judiciário ,na falta de títulos
nobiliárquicos, buscavam as academias,
burlando os cursos preparatórios
e admitindos nas faculdades pela força dos status
numa fraude acadêmica do patronato político
e econômico dos seus pais e padrinhos’
que se utilizavam da educação
como investimento político mantendo
o curso primário como pífio e o normal
para apologia da Grécia, Roma, Alemanha,Rússia
num currículo aberto do faz de conta
onde o grego, latim, italiano, alemão, russo, francês,inglês e esperanto, figuravam no faz de conta
para apologia da Europa e desprezo do Brasil e África,onde o Tupi-Guarani, Gê. e centenas de línguas,se falava nos mais recônditos do seu território
O Swarili, ioruba, Congolês, Bantus alem de centenasde línguas amordaçadas pelo poder colonialprivou os negros e índios de serem, numa ação diretado etnocídio senhorial, pais dacorrupção e dos mais hediondos crimes.
Estas línguas jamais se fizeram presente
na grade curricular da educação dos brasileiro
negros e índios que sem escolas e sem direito
a freqüenta-la por Decreto, eram forçados a se
tornarem civilizados para os Senhores e autoridades a sua cultura, chamada de bárbara, baixa e inferior foi excluída dos instrumentos de suas próprias educações,e, só muito depois os índios, preados e segregados pela Igreja, foram portadores dos seus valores aculturados
como forma de aprendizagem ao mundo dos dominadores.
Nós os negros, sem Escola, sem língua e sem religião sobrevivemos na clandestinidade da Resistência Cultural, reprimida pela policia,, braço de defesa dos Senhores.
Somos, uma multidão de analfabetos e desmemoriados sem direito a Voz e Voto, por falta de Cidadania dada na Lei e Revogada na prática, somos bois de Piranha
nas Cotas de uma educação desqualificada, racista que o s Senhores querem se redimir, mantendo a ideologia do Recalque , negando a inclusão, nos empurra sem uma educação inclusiva básica, para os Campos
das Universidades, servir de isca para ao engodo
dos projetos de “igualdade racial”, repetindo a Abolição que lutamos, em busca de Emancipação que fomos excluídos.
Universidade para Negros é uma apologia ao descaso ao apartheid social e político em pratica, uma Universidade em crise de identidade e de baixa qualificação onde os negros serão apontados como responsáveis pelo ensino de baixa qualidades que se oferece
assinalando que os Cotistas não tinham preparos
para o mérito da Universidade e que esta teve
que descer pára se igualar aos negros, egressos de
uma formação pífia. E os filhos dos Senhores
vão estudar na Europa e América do Norte
para continuar mantendo o poder e as rédias curtas.e a educação, desqualificada, eurocentrista
sem África e sem Índios.
Abenção Abdias , abenção Darci Ribeiro
Abenção Florestan Fernandes
A luta é por dignidade
A Resistência Negra não é Utopia.
O Negro merece Respeito, seja Preto,
Pardo ou Mulato.Fizemos por merecer.

VISÕES – 443

Nós os Negros, criminalizados
e estereotipados neste sociedade excludente
sentimos na pele a violência cotidiana
e os Pretos, a marca do ferro em brasa
a arder a cada passos que damos, somos
discriminados e violentados pela policia
que nos julgam, sentenciam e penalizam,
sem nos dar o beneficio da dúvidas
ou permitir o contraditório.
Somos o que eles querem que sejamos
dizemos o que eles afirmam e nos faz assinar
declarações documentais, urdidas pelas
mentalidades criminosas dos covardes
que só existem enquanto policiais
O Preto quando é preso
Vira saco de pancadas
O bode expiatório da Justiça Criminal
que é a mais Racista, onde o Preto acusado,
é sempre sentenciado, inocência é coisa de branco.
Na falta de culpados, pegue um Preto,
ele pode ser inocente mas sabe que é culpado,
mesmo que esteja no Ventre da Mãe.
Na delegacia a ele é imputado
todos os crimes ,sem direito de defesa
e cada vez que é alegada sua inocência
mais se estreita a espera suas possibilidades
e se afunda na movediça areia urdida pela
policia que aplica a punição, com violência
sistemática e faz dele o inimigo público,
reafirmando sua mentalidade assassina
e a defensoria não faz nada, porque
acompanha a promotoria que se alia aos
delegados e delegada que induzem a
todos da periculosidade do Preto e
o Juiz autoriza a todas ações da
delegada em beneficio da Justiça.
Se foge um preso
O preto é o culpado e violentado e punido
Se alguém da delegacia se sente constrangido
o preto é castigado a socos e ponta pés
sua situação agravada, não pode denunciar
os maus tratos, porque cai na porrada e
é desacreditado, mesmo com marcas,
os policiais e delegada dizem
que foi briga entre presos.
Fica sem visitas e outras ações básicas
Antes do Juiz o preto é julgado,
condenado e oprimido pela delegada
e policiais,, que vilipendia sua família,
num linchamento, moral e psicológico,
com sistemático terror. Quem eram
essas pessoas, antes de serem policiais,
antes de terem o poder, para se sentir
acima da Lei, influindo até nas ações
de Advogados, Defensores,Promotores
e Juizes.
Será que esse pessoal são reféns
dos delegados e policiais.
A delegada não acredita na inocência
e que culpar o Preto mas ele for
inocente do crime que lhe imputa,
será culpado por outros e
para isso ficará preso até que o processo
seja recheado e as alegações sejam diversas
com a participação de vitimas
dos diversos crimes ocorridos na área .
Dificulta as ações dos advogados
e instiga seus pessoal para cair
em cima do Preto provocando diversas
ações para provar a sua culpa e periculosidade,
induzem o preso a fugir,
para persegui e matar e reafirma.
Se denunciar, racismo ,preconceitos, maus tratos.
será castigado.
se arranjar advogado ou apelar para
Associações de Direitos Humanos
nunca mais ficará em paz
principalmente se tiver família
respeitável e se for réu primário.
A estratégia é humilhar
desqualificar e constranger a família
ou amigos dificultar as ações dos defensores
amigos e Advogados
e grupos de Direitos Humanos
Não há Corregedoria, Defensoria ou
Promotoria, para defender o Preto,
vítima do assédio, sexual, racista,
psicológico de Delegados e delegada
arrogantes, masoquistas que para provar
suas sanidades autoritárias, fazem de tudo
para colocar o Preto na Penitenciária,
conforme assegura aos amigos e equipe”
Vou botar este Macaco na Penitenciaria
Não há Justiça para o Negro, e sim
contra ele, a Criminal é a mais Racista.
Principalmente numa terra em que Defensor
defende interesses de empresários contra
Preto e o Racismo não é tipificado nos
processos movidos por negros. Racismo
aqui tem o nome de Injúria.
Dura Lex Sed Lex
no cabelo, só Grumete.

VISÕES- 444

Me chamam de Negro
mas não sou negro não.
Negro tem a pele preta,
a minha, é preta não.
Minha Mãe, não discrimina
meu Pai é dominante,
minha Avó, não gosta de Pretos
meu Avô, é Rei do Cacumbí.
Meus Irmãos são doutores
altos, mais claros que eu,
Sou o mais escuro da família.
Me chamam de Negro
Mas eu, sou Negro não.

VISÕES 445

Muitos negros que não são pretos
e assumem a negritude
por conveniência em determinado
tempo e lugar, no espaço territorial
onde o negro é dominante e o termo
está na moda.
“Sou Negro, trago nas veias o sangue
forte dos nossos avos em luta contra
a opressão na Resistência infinda
Sou negro que se reconhece
sem nunca ser reconhecido
não busco DNA para vislumbrar
minhas brancas raízes”
meus avos são pretos, minha mãe clara
mais é negra.
Ela sempre mostra os retratos de minha avó
não sou Preto, mas sou Negro
por conveniência e consciência
Nós os Negros queremos sair
do grupo marginal e participar do
exercício da cidadania, com igualdades
de oportunidades, sem discriminações
estigmas ou preconceitos.
Queremos respeito a nossa Diversidade
Como símbolo natural do nosso patrimônio
Negros com consciência branca, em busca
da construção da Consciência Negra reprimida.
Afirmação de Identidade.

VISÕES 446

Negros com DNA da Casa Grande
estão diuturnamente de atalaia
para impedir o avanço dos negros
da Senzala, os Quilombolas, negros
da Resistência, insurretos da liberdade.
Tem cargo no Poder, representação
simbólica de democracia racial
e assumem a branquitude
nas opiniões e atitudes numa realidade
ofuscante da coloração epdérmica,
esquizofrenia de erudição maniqueísta
do ser sem ter.
São os agregados do Poder dominante
Colonial, Patriarcal, Escravista, onde os
únicos escravos são eles Capitães do Mato,
Capatazes ,Feitores, Manés Gostosos da Burguesia
enganosa, cultuam a consciência branca
Para massacrar os negros, na certeza de
combater o mal, só que no Poder
não se olham no espelho.
São os bonecos da Eugenia, cobaias
do Poder, posando de autoridades,
sem ter , mas que exercem o
autoritarismo compensatório
das pequenas autoridades, deslumbradas
pelo Poder e branqueamento.
“Para que ninguém seja discriminado
e tenha seus Direitos Violados
É necessário que o Poder
detenha o próprio Poder”

VISÕES 447

Olhando pela fresta do meu futuro
vi o passado que não vivi,
não marquei na lembrança,
e quedei no silencio,
pensamento infeliz da neurose
caustrofóbica de minha aminésia
percebida sanidade.
Revisitei a Casa de Mãe, na carona
de minha infância uterina
e sentir frio e calmaria
e vivi com meus avos, a juventude
do ancião.
Mas o passado que não vivi
é uma incógnita...
Desvios e caminhos a ser percorrido
na lembrança de minha estrada,
retorno de emoções, na varredura
do Olhar da Águia Visitante

VISÕES - 448

Branço de Marca e Origem
sou Negro, de Consciência e Cultura,
nasci branco e vivo negro
por adoção e opção.
Não nego minha origem
mas busco a minha ancestralidade
negra, nos tambores que rufam
anunciando as Divindades
nos ritus de sagração a que me dou
com espontânea expressão
cuidando do meu Orixá
Lendo o passado do meu povo negro
e relendo as histórias da Resistência
a que atuo, como seguidores que antes
atuaram, ao lado dos meus irmãos negros,
revejo a luta e reafirmo a minha identidade
remanescente dos quilombos de outrora.
E eu branco, no banco tamboretado,
gingando, falando e pensando negro
nas cores vivas da natureza de Iyemanjá
e colorido de Oxumaré.
Branco sem ancestral Negro anunciado
Branco de ancestralidade negra, divinizado
em filhos dos filhos meus, numa energia
encapsulada que enche de brilho
meu coração africanizado.
Patakori Ogum. Onilê do Omorixá.
Branco de negra raízes.

VISÕES – 449

Agentes dos Poderes, diante de pretos
são todos autoritários, arrogante, juizes,
superiores, sábios, inteligentes,
senhores da razão, a quem o preto
deve obediência cega, e responder
sim, sim senhor –senhora
mesmo que tenham tido vidas em comum
de parcerias, e freqüentado as mesmas
manifestações, comido nos mesmos pratos
O importante é que agora um é autoridade
e isso faz a diferença e ergue barreiras
um é superior e o outro não teve as mesmas
oportunidades, amizades ou apadrinhamento
O espaço de poder é o divisor, onde se conhece
as pessoas, os amigos, os inimigos estão
acastelados no poder, mesmo que seja efêmero
é aí onde se vislumbra a verdade, Senhora da Razão
Os agentes do poder, a quem o preto
deve obediência cega e responder
olhando para os pés, se olhar nos olhos é insulto e o preto penalizado, pelo atrevimento se dirigir a autoridade como Doutor,
Doutora, ( E como tem “doutores” em Sergipe)
O preto deve, ser subserviente e submisso.
diante de uma autoridade do Poder
deve conhecer o seu lugar e agradecer
ao seus algozes.
Quando os pretos se destacam, são chamados
de metidos, e toda forma de desqualificações
são projetadas a eles maiores que as dificuldades
de relações. É o alvo revelado aos francos
atiradores. Racistas de Plantões.
Os Negros e os pretos em particular
não teem direito a educação
são treinados como servos do sistema
e não educados para a cidadania
Abolição não é Emancipação
Antes a autoridade, reconhecer sempre
que está errado, mesmo calado, é ofensivo
sua presença, grosseira, e suas ações suspeitas
Pretos no Poder são Brancos.
Autoridades não tem cor,, tem poder
Ideologia que se reproduz no âmbito
das Relações Interpessoais , Grupais
e Comunais.
Manda quem tem mais poder, seja ele qual for é a Lei do mais forte, mesmo que não
tenha Conhecimentos ou Resistências.

VISÕES - 450

Amanheceu chovendo em meu coração
meus olhos lacrimejaram
na lembrança de uma saudade recente
sentimento recente
na visão desta imagem animada
de minha Irmãe
Partiu sem minha presença
foi levada sem sua permissão
foi , lutando para ficar
muita coisa por fazer,
muito que cuidar.
Eu choro de tristeza e frustrações
eu choro de remorso a ausência
de sua presença, presente e constante
Ouço sua voz vibrante
Inteligente e com decisão
foi sem querer ir, foi derrotada
pela falta de presença, apoio
na luta que travou, numa derradeira
contenda. Inerte revisitou sua estrada
seu povo, casa, amigos e irmãos
José, onde está você, nominou todos
ausente de si, presentes na lembrança
que ia se esvaindo, cadê José.
Meu irmão, me acuda!!! Cadê você
e eu lá não estava, só depois de sua passagem
cheguei, certo de conversar alongadamente
e não percebi seu corpo inerte
sem vida, mas com mensagem no olhar,
fito, sereno fixado em mim
e chorei, como se chora para se perder
sentindo a dor e o horror de Moisés
diante do corpo de sua Irmã amada.
Ainda hoje velo seu corpo e sinto
a presença do olhar.
Minha filha, Irmãe querida
Você é uma Estrela fulgurante
na Constelação dos Ancestrais,
nós nunca morremos, viramos Estrelas.
Você nos deixou tristes silenciosos
aos prantos, inconformados e culpados
e eu responsabilizado pelo desenlace
na cama fria de um hospital hostil.
Quando forcei a sua ida, e você calada
se despediu, sabendo que não ia voltar.
Nossos corações apertados, teimava por
desmentir a sensação de terror da qual
é difícil esquecer e eu não quero esquecer
Chamou meu nome antes de partir
e minha chegada foi a sua partida
no desencontro cruel que feriu meu coração
cicatrizado e seu Olhar parado, expressa
na perspectiva de minha Visão, a resposta
da pergunta que não foi feita.
Ou simplesmente, a pergunta que não
quer calar.Deus lhe abençoes por tudo
Que viveu. Sua Jornada não terminou aqui
a Morte é um caminho que todos temos
que passar, para seguir o estágio superior.
Todos os ritus para você. Do Te Deo
Sara; Axéxê e Sirrum, em cântico Gregoriano
na Teoria dos Anjos e nossos Ancestrais
o Guarup dos nossos Ancestrais Indígenas
Graças a Você - Deo gractias
Ê fufu dagã

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SEVERO D’ACELINO. Sergipano de Aracaju, (47) filho de Acelino Severo dos Santos e Odilia Eliza da Conceição – Fundador do Movimento Negro em Sergipe; Bahia e Alagoas – Ativista dos Direitos Humanos – Poeta , Dramaturgo , Diretor Teatral , Coreográfo , Pesquisador das culturas Afro indigena de Sergipe , Ator . Em 68 fundou o Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves em 73 os Cactueiro Cênico Grupo e Teatro GRFACACA, introduzindo o Teatro Armorial e o Teatro de Rua em Sergipe. Dirigiu diversas peças e espetáculos de dança, entre eles: Maria Virgo Mater Dei, O Mistério da Rosa Amarela, A Última Lingada, De Como Revisar Um Marido Oscar, Terra Poeira in Cantus, Navio Negreiro,Água de Oxalá, A Dança dos Inkices D’Angola, Iybo Iná Iye, João Bebe Água. No Cinema interpreta Chico Rey , Espelho D’Agua e na Televisão: Thereza Baptista Cansada de Guerra. Autor de diversas peças textos e coreografias destacando a Suíte Nagô. Casado, Militar Reformado da Marinha de Guerra do Brasil. Coordenador Geral da Casa de Cultura Afro Sergipana.